Como já escrevi anteriormente, a minha estadia na Marinha foi uma desgraça, mas passados quase cinquenta anos recordo com saudade o tempo que lá passei, foi um tempo complicado, para mim e para os graduados que tiveram de me aturar, não lhes facilitei a vida e eles pagaram da mesma moeda, vivia então graves problemas na minha vida pessoal pelo que receber ordens dadas a maior parte das vezes com arrogância, deixava-me á beira dum ataque de nervos, mas hoje com a calma que os anos sempre nos dão, não tenho duvidas em afirmar que as coisas não correram bem por minha culpa, os Graduados cumpriam a sua obrigação ao não deixarem a Rapaziada mijar fora do penico, se assim não fosse era o caos, o que numa Instituição Militar não se podia admitir, muito menos em tempo de guerra.
Também estive no Exército, pouco tempo mas estive, em Leiria e Coimbra, pelo de Tropa levei a minha conta, embora não tenha ido bater com os costados nas guerras que se verificavam em África, a que a grande maioria dos Homens do meu tempo não escaparam, muitos por lá ficaram outros regressaram em muito mau estado, pagando eles e os seus Familiares ainda hoje a factura da inconsciência do regime finado no 25 de Abril, mas de qualquer modo fiquei a saber com quantos paus se faz uma canoa, quero dizer como são ou eram as regras Militares, onde nem todos se conseguiam adaptar, como aconteceu comigo.
Mas estou a divagar, ou melhor a encher chouriços como se diz na gíria quando se deita conversa fora, e isto para que a mensagem vá mais composta, pois aquilo que me apraz dizer dava direito a meia dúzia de palavras, e gosto da coisa com mais conversa (da treta dirão).
Então é assim, repito que apesar do falhanço como Marinheiro gosto muito de tudo o que se relaciona com a nossa Armada, e da última vez que fui a Lisboa, e já no meu regresso ao Cais do Sodré, ao passar junto ao antigo Arsenal da Marinha na Av. Ribeira das Naus, vi junto ao Mastro da Bandeira dois Marinheiros que pela hora percebi que iriam içar a Bandeira Nacional, esperei uns minutos e de facto foi isso que se seguiu, fotografei o acto, e no fim deu para ver que os dois Marinheiros afinal eram Marinheiras, pensei então para os meus botões: se no meu tempo também tivéssemos Marinheiras, talvez eu com os seus «conselhos» me tivesse saído melhor, quem sabe.
3 comentários:
Ainda não percebi se as Marinheiras dormem na mesma caserna dos Marinheiros e vão tomar duche em conjunto, ou se a Marinha teve que duplicar as suas instalações para ultrapassar esta pequena dificuldade.
Se calhar é tudo à moderna, toalha ao ombro e lá vão eles esfregar as costas uns aos outros.
Com a mentalidade de então, seria un granel do caneco... A população da EF iria aumentar e nem haveria tarimbas para tanta malta... Por isso mesmo "as marinheiras" só surgiram agora... Mas mesmo assim tem aparecido escândalos que procuram ser abafados para não dar estriho.
Valdemar Alves
Estão abertas as inscrições para a escola naval, vou-me inscrever como voluntário, agora é tudo mais fácil, quando estivermos sem jeito para agarrar no remo, elas ajudam e o zebro endireita a proa!
O meu abraço para vós e para as filhas da escola, um beijão do Páscoa
Enviar um comentário