quinta-feira, 29 de agosto de 2013

PORQUE ARDE PORTUGAL?

É certo que não sei dar resposta ao titulo com que encimei esta mensagem, mas tenho as minhas ideias, que não quero guardar só para mim, assim, regresso ao inicio dos anos 60 do século passado, e recordo que nesse tempo já havia fogos, Florestais, em Cearas, ou Habitações, sempre ouve fogos, e não é possível evitar todos, mas isto que tem acontecido no nosso Pais parece-me ser demais, haverá interesses, fala-se em madeireiros, pastores, caçadores, lojas de venda de materiais contra incêndios, alugueres de meios aéreos etc. mas de concreto e pelas noticias que nos vão chegando sobre os indivíduos que vão sendo apanhados, a grande maioria, é o álcool  o culpado, ora antigamente dizia-se; "se queres conhecer um amigo, embebeda-o" se o ditado está correto, quer dizer que os gajos que incendeiam o País, já são pirómanos encartados, só lhe falta a coragem que o álcool lhes oferece, assim sendo, o melhor é as nossas Policias começarem a distribuir pinga selectivamente, hoje aqui, amanhã ali, e depois ficar com olho nos copofones, vai ser uma limpeza.

Mas voltando ao tempo da outra senhora, comparando o incomparável, diria, que os terrenos eram na sua grande maioria cultivados, e em consequência limpos, havia a obrigatoriedade de limpar cursos de águas, que atravessassem as propriedades, hoje o mato ocupa grande parte daquilo que conheço, e que é a minha região, e aquela onde habito, devido á falta de limpeza o que acontece é que o incêndio se espalha com mais facilidade visto não ter barreiras a impedi-lo, mas não será essa a razão dos fogos, estes acontecem por maldade, ignorância ou descuido, e depois encontra o terreno propicio à sua propagação, é certo que os meios de combate de hoje nada têm a ver com os de antigamente, na minha Terra quando havia fogo vinha um autotanque dos Bombeiros de Alenquer, distante cerca de vinte quilómetros, com curvas e mais curvas, que nunca mais acabavam.

E era sobre o combate ás chamas que gostava de deixar dalgumas palavras, é certo que no meu tempo não havia televisões para andarem  a mostrar as desgraças alheias, aquilo até parecem abutres, cheira-lhes a sangue e aí estão eles, mas tem as suas vantagens, esta sofreguidão de noticiar desgraças, vemos nas imagens que nos são mostradas, «montanhas» de gente a observar os incêndios, e os Bombeiros no seu combate, ora antigamente quando os «Soldados da Paz» chegavam, muitas vezes já o Povo tinha debelado o fogo, ou na pior das hipóteses tinha-o circunscrito, evitando males piores, recordo que no fogo do Moinho do Albino cheguei a casa com as costas todas furadas dos pingos de alcatrão que me caiam em cima, pois a cobertura (Capelo) do Moinho estava em chamas, mas salvei bastante trigo e farinha, e não fui só eu, velhos e novos toda a gente fazia alguma coisa, agora são simples expectadores, e só os vejo actuar se for a sua própria casa, quando esta está em perigo, devido muitas vezes há falta de limpeza pois têm mato até á porta.
Algo tem de mudar rapidamente, se ainda queremos continuar a respirar com alguma qualidade.

domingo, 25 de agosto de 2013

TIRAR A CARTA É FÁCIL?

Na mensagem que aqui publiquei antes de ontem, referi-me á minha estadia na Torre do Tombo, que terminou abruptamente quando o Director me questionou sobre a hora do fecho da porta de acesso ao Arquivo, escrevi também sobre a ideia que este teve de eu tirar a carta de condução para com ela ganhar uns extras que nunca se concretizaram, mas não contei, porque a escrita já ia longa, as peripécias que enfrentei para obter a licença para conduzir, isto é sina minha! Em tudo o que faço, há pano para mangas, e esta não podia escapar á tradição.

Contratei com uma Escola de Condução sediada na Av. Alvares Cabral junto ao Largo do Rato, para tirar a almejada Carta, nesse tempo não havia obrigatoriedade de ter lições de código ou condução, assim julgando-me preparado, pela minha prática de condução tirada nas oficinas auto e estações de serviço onde tinha trabalhado anteriormente, e lendo um pouco do código da estrada e sinais respectivos, recebendo duas aulas de condução para adaptação ao VW Carocha, pelas quais paguei duzentos escudos, e outro tanto para a papelada, eis-me no Largo do Campo Pequeno para me sujeitar ao respectivo exame, na companhia do instrutor e do respectivo Carocha, irmão gêmeo do que mostro aqui pertença do A.C.P.

O Examinador entra no carro e senta-se ao meu lado, comigo ao volante da máquina, (no exame era retirado o segundo volante, e o instrutor no banco de trás), tira do bolso uns sinais, tipo baralho de cartas, ou melhor, aquelas amostras para escolher as tintas ou vernizes, e começa a perguntar-me os sinais me ia mostrando, depois passou ao código, saca dum bloco tipo caderno em ponto pequeno, e desenha ali mesmo algumas linhas imitando estradas e carros, e ia-me perguntando quem tinha prioridade nesta e naquela situação, eu lá ia respondendo sem muita certeza é certo, se estava a responder bem ou mal, de repente o homem abre a porta e sai sem  um ai, ou um ui, viro-me para o instrutor e pergunto-lhe onde é que o homem ia, a resposta foi: foi embora, está chumbado, então mas isto é assim? nem sei onde falhei, se é que falhei, o gajo pode, pura e simplesmente não ter gostado da minha cara, não há remédio, tem que repetir, vamos fazer nova marcação, pois é, lá vai barão, com a fartura de dinheiro que há por aqui são mais á volta de trezentos paus, para papéis e aluguer do carro para o exame!

O que não tem remédio remediado está, e lá fui a minha vida,  fiquei á espera de nova convocação para repetir o exame.
O dia chegou, e lá vou eu novamente ao castigo, melhor preparado de código e sinais, porque na condução não me atrapalhava, o mesmo filme que tinha acontecido da outra vez, com um personagem diferente, este examinador tinha ar Estrangeirado, e vinha acompanhado, soube depois, dum personagem que era seu colega de oficio, mas Francês, fez-me algumas perguntas idênticas ás que já tinha respondido da outra vez, e manda-me arrancar com o carro, bem pelo menos já sei que não chumbei no código, lá me ia dizendo para virar para aqui ou acolá, ao mesmo tempo ia falando em Francês com o outro examinador que ia no banco de trás ao lado do instrutor, e regressámos ao local de partida com uma despedida simpática, mas sem dizer se tinha passado ou chumbado, e, nem eu, nem o instrutor fizemos a pergunta por considerar-mos desnecessária, tão bem tinha corrido o exame.
Regressámos á Escola, eu e o instrutor, ele diz-me para no dia seguinte telefonar só para confirmar se estava tudo bem.

Assim fiz, e para surpresa, (se é que ainda alguma coisa me surpreendia), diz-me a Menina da Escola de Condução, que tinha chumbado, fiquei a deitar fumo pelas orelhas, pedi para falar com o instrutor, e este também não estava a compreender a razão do chumbo, bem pedi ao Director da Torre do Tombo para me dispensar que tinha de ir resolver o assunto do chumbo, fui direito á Direção Geral de Viação, e pedi para falar com o Eng. Bento, o tal com ar Estrangeirado, não estava de momento mas esperei até ele chegar, disse-lhe ao que ia, saber porque tinha chumbado, o Homem foi buscar o processo, e diz-me: olhe na Av. João XXI, mandei-o virar á esquerda e o Sr. seguiu em frente, respondi-lhe que recordava perfeitamente de ele ir falar nesse local, mas em Francês, e eu não sei falar essa língua, o Homem assumiu o erro, pediu desculpa e até se prontificou a ajudar a pagar as custas do novo exame, mas o problema mantinha-se, e se eu, por alguma fatalidade me corresse mal o próximo exame? Não tenha problemas, no dia que for fazer o exame,  dirija-se mim para eu saber que está lá, o resto é comigo e assim aconteceu, não foi ele a fazer o exame, o examinador que me calhou na rifa, (com certeza instruído pelo outro) mandou-me seguir logo com o carro, e o percurso foi do Campo Pequeno aos Anjos onde se situava a D.G.V., e assim terminou esta odisseia, ás três, foi de facto de vez!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

TORRE DO TOMBO

Há dias, uma Amiga recordou (num comentário a uma mensagem que escrevi), a minha passagem pela Torre do Tombo, assim hoje vou escrever umas letras sobre esta Instituição riquíssima de documentação sobre o nosso passado.
O Arquivo original estava sediado no Castelo de São Jorge á data do grande Terramoto/ Maremoto que praticamente destruiu Lisboa no ano de 1755, era então o seu guarda-mor, Manuel da Maia, engenheiro-arquiteto de profissão, a ele se deve o projeto do Aqueduto das Águas Livres, Estátua de D. José no Terreiro do Paço entre outras obras importantes, este Homem que ao tempo tinha a bonita idade de 75 anos, abandonou a sua casa em chamas nesse dia do terramoto e foi salvar a documentação á sua guarda no Castelo, a Torre onde estavam os documentos ruiu, pelo que a seu pedido foi construída no Castelo uma casa de madeira para guardar os milhares de documentos já existentes na época, de seguida e após várias cartas enviadas ao Primeiro Ministro de então, o Marquês de Pombal, este deu ordens para o acervo ser instalado no Palácio de São Bento, local onde prestei serviço no inicio dos anos 70 do século passado.
 
Feita uma resenha do Arquivo que entretanto se mudou no inicio dos anos 90 para um Edifício construído de raiz para esse fim, situado na Cidade Universitária ao Campo Grande, com as condições que S. Bento não tinha para preservar toda a documentação em bom estado, pois ali muitos livros e documentos estavam em caves, que apesar dos equipamentos de desumificação, e a constante desinfestação para afastar-matar a bicharada comedora de papel, era impossível manter em bom estado de leitura-conservação todos os milhares de livros documentos e gravuras.
 
Agora a minha estadia por lá, que tinha que ter também alguma história, ou não andasse esta a perseguir-me desde sempre: A minha entrada foi muito complicada, apesar da cunha do meu Amigo Dr. Gusmão, que era inspector no Ministério da Educação, ao qual o Arquivo estava subordinado na altura, a informação que todos os candidatos a Funcionários Públicos tinham de ter da P.I.D.E. não era favorável, eles lá tinham as suas razões, assim lá tive de meter outra cunha desta vez ao meu Amigo Fernando Monteiro de Paço de Arcos, o Pai era inspector dessa Policia Politica, e foi após esta diligência que finalmente pude tomar posse como funcionário da Torre do Tombo, estávamos então a 23-4-1971.
Ao tempo a grande maioria de Funcionários eram Mulheres, havia três licenciados Bibliotecários Arquivistas, o Director, José Pereira da Costa, Dr. Alcino Silva, e Dr. Jorge Hugo Pires de Lima, estes dois últimos Homens com H grande, havia também (se a memória não me falha umas duas ou três Mulheres Arquivistas) isto no «pessoal superior» já no chamado «pessoal menor» várias Mulheres, e três Homens, eu o Guedelha para facultar a documentação para a sala de leitura, e um porteiro.


O Director não gostava do Guedelha, (fez-lhe a vida negra até este pedir transferência para a Assembleia Nacional) e talvez por esse facto dava-me serviços de mais responsabilidade, apesar do pouco tempo de serviço que eu tinha, ao contrário do meu colega, e um dia chama-me ao gabinete e diz-me, parque não tira a carta de condução? Nesses tempos era um luxo a que nem todos podiam chegar) respondi-lhe que não tinha carro nem dinheiro para o comprar e portanto estava fora de questão enquanto não ganhasse mais umas coroas! Diz-me então que se eu tirasse a carta, depois podia fazer-lhe uns serviços extras  especialmente quando era convidado com a Mulher para diversos eventos (a Mulher também era directora duma Biblioteca Publica mas não recordo de qual) concordei e fui tirar a carta, mas entretanto o homem mudou de carro, e comprou um de três portas, o que me deixou de pé atrás, de facto não estava a ver eu a conduzir um carro em que ele a mulher ou os dois tivessem de levantar o banco da frente para se sentarem no de trás, mas ver para crer é o melhor remédio.

Entretanto o Director vai de férias e simultaneamente também vai o porteiro, e ao contrário do que era habitual determina que sou eu a ficar no lugar do porteiro na ausência deste, a minha tarefa era abrir e fechar as portas do Edifício e identificar os Leitores que se dirigiam á Sala de Leitura.
Quando regressa de férias chama-me ao gabinete e dispara, fui informado que o Sr. fechava a porta antes das 16 horas (esta era a hora do fecho e saída do Pessoal) o que tem a dizer? Apanhado de surpresa respondi, olhe se fechava antes das 16 horas é porque já não estava cá ninguém, nem funcionários muito menos Leitores, mas passada a surpresa e antes que ele digerisse a resposta, disse-lhe, o Sr. tem duas maneiras de saber se isso é verdade, ir ali á Casa da Guarda e saber se eu lá entregava a chave antes dessa hora, ou chamar aqui e agora, o Dr. Pires de Lima (tinha sido o substituto do director na sua ausência), ele diz-me que depois falava com ele, mas eu que nunca fui de meias tintas disse-lhe; eu não saio daqui do gabinete sem a presença dele, quero isto esclarecido, e já, ele viu que eu não estava propriamente a brincar e mandou chamar o seu substituto, e eu próprio iniciei a conversa.

Dr.. Pires de Lima, aqui o Sr. Director acusa-me de fechar a porta antes das 16 horas, o que tem a dizer? Este Homem, que eu já tinha por integro respondeu sem vacilar que nesse caso também era ele que estava em questão e queria esclarecer o assunto ali mesmo, mas o outro já tinha ido longe de mais e deu o assunto por encerrado, que tinha sido um mal entendido, blá, blá, blá, mas para mim não havia volta  a dar, a partir do momento em que tinha colocado a minha honorabilidade em questão não trabalharia nem mais um dia ali, ainda na presença do Dr. Pires de Lima pedi a demissão, o homem ainda pôs os pés pelas mãos desculpando-se, e que não era caso para demissão, mas não voltei com a palavra atrás, e foi assim  minha entrada, muito complicada, e a saída sem complicação nenhuma.

Aqui ficam alguns documentos e gravuras que se encontram á guarda da Torre do Tombo, como o documento da morte da Beata Jacinta emitido pelo Hospital de S. José, gravuras do Livro das Aves, dos mais importantes do Arquivo, e fechado a sete chaves na casa forte, imagem do S, António de Lisboa, gravura do maremoto de 1755, assinaturas de: Manuel da Maia e do meu conterrâneo Damião de Góis, Documento de abolição da escravidão, e por último um documento da P.I.D.E. a impedir a saída do País da Esposa do Miguel Torga.


 
 
 
 
 

domingo, 18 de agosto de 2013

RECORDAÇÕES ( 2ª PARTE)

HISTÓRIA ANTIGA, COM FOTOS DE ALENQUER, DE HOJE
 
Quem me conhece, ou me tem acompanhado aqui nos blogs há mais tempo, sabe que sou um bocadinho exagerado nas minhas apreciações, digamos mesmo um "exagerado para burro", como diriam os nossos Amigos Brasileiros, não é defeito, é mesmo feitio, talvez para abanar mais um pouco as consciências um pouco adormecidas pela crise e não só, por alguma razão se diz que somos um Povo de brandos costumes, e como de brando não tenho nada, lá vai disto que amanhã não há! Vem este introito a propósito da última mensagem que aqui publiquei e que se refere a um  momento da minha vida, ao lerem o que lá escrevi poderão pensar que mais uma vez eu estaria a esticar-me um bocado, mas desta vez tudo o que ali escrevi não aumentei um milímetro àquilo que se passou.

E para terminar a anterior mensagem, acrescentarei mais umas palavras aquela aventura Familiar, pois foi a Família completa que sofreu na pele as diatribes mão só da Americana doida, mas também dos donos da casa que por ganância deixaram uma desconhecida destruir uma parte do seu património.
Então foi assim; andava eu trabalhando aqui e ali, nada de seguro para o futuro, a minha Maria idem, quando ao ler o jornal vi um anúncio que pedia Homem com carta de condução para trabalhos diversos, e a Mulher para cozinheira e outros serviços domésticos, acertámos ir lá fazer uma visita para ver se nos interessava e também aos anunciantes, lá chegados rapidamente chegámos a um entendimento, quatro contos Mês para o Casal, comida e casa, e carro para a saída semanal que era ao Domingo, o facto de já haver uma Criança não foi impeditivo para os Suecos, morávamos então em Paço de Arcos, e continuámos com a casa lá, onde íamos semanalmente na nossa folga.

O meu trabalho resumia-se a: tratar do Jardim, fazer a manutenção da piscina, levar os Meninos ao Colégio St. Julian's School em Carcavelos, alguma vezes ás compras ao Mercado de Cascais, ao Correio ao Estoril, ou transportar os Patrões ao Golfe pois toda a minha Gente era jogadora desse desporto de abonados (aliás a Filha é uma Jogadora de algum gabarito) tudo a correr bem até alugarem a casa àquela Madame, não a conheciam, foi tudo feito pela agência que anualmente tratava do aluguer naquele período em que iam para a Suécia.
Como escrevi anteriormente a nova inquilina da mansão vinha de malas aviadas, parecia que para toda a vida, não só o que trouxe, mas aquilo que comprou depois de instalada.

Contratou um Chofer uma Cozinheira, e uma Senhora para passar a ferro e costurar, os primeiros iam pelos próprios meios (transportes públicos) a costureira era eu que transportava para, e da Amoreira Estoril, mandou fazer fardamentos para os dois primeiros. Um dia ia a Cascais com ela! O Chofer ao meu lado, ela no bando de trás, quando cheguei ali próximo do Casino passei o volante ao Rapaz-Chofer, ela não disse ai nem ui, fomos e viemos, e quando chegámos a casa ela disse-me que não queria mais o Rapaz a conduzir, e assim gramei a pastilha até ao fim, e o Chofer por ali andou aos caídos aquele tempo todo, fardado a preceito que parecia um Marechal sem tropas.

Mandou colocar rede mosquiteira em todas as janelas e portas, arrancou das paredes tapeçarias antigas destruindo algumas, mandou forrar os sofás com tecido porque não gostava da cor destes, aquilo foi uma autentica revolução, mas o pior para mim foi quando ela viu a minha Menina, e gritou que não queria lá Crianças, aqui é que a porca torceu o rabo, a minha primeira reação foi ir embora dali, mas ouvi o conselho da Maria e telefonei para a Suécia, para dar conta do que se estava a passar, para surpresa minha a Patroa com quem falei, (ela falava melhor Português que ele) não se mostrou nada preocupada com a destruição que estava acontecer na sua casa, e sobre a maluca não querer lá a Menina, assumiu que se tinha esquecido de informar a arrendatária da existência dela, que só referiu o Menino, disse-lhe que ia embora hoje mesmo, mas ela pediu-me para não o fazer, e levasse a Menina á minha Mãe que ela pagava o que fosse, como se uma  Criança fosse um objeto qualquer.

Claro que a Menina não foi para a minha Mãe, andou aqueles Meses escondida, eu colocava o carro na garagem, ela baixava-se entre os bancos até sair o portão e vinha passear até ao Estoril ou Cascais com ela, só quase no fim é que foi descoberta, aventurou-se a ir para a piscina e foi apanhada com a boca na botija, mas nessa altura já eu não passava cartão aquilo que ela dizia, já tinha metido P.S.P. e P.I.D.E. e estas já me tinham informado que ela tinha arranjado sempre problemas por onde tinha passado, e para eu ficar descansado, só não podia abandonar a casa, pois a responsabilidade desta era minha, enfim, aguenta que é democrático.
 
 
Tínhamos lá um Homem que tratava da parte cultivada dos terrenos anexos, cortava lenha, semeava alguns produtos etc. um dia venho eu no caminho (semi-privado) que dá para a habitação e vejo o Homem sentado na berma, paro e pergunto-lhe o que está ali a fazer? Ele responde-me que lhe apareceu uma mulher nua a gritar com ele para se ir embora que não queria barulho ali, lá foi comigo e fez o que tinha a fazer.
Outra vez chego lá e há um borburinho junto da piscina, corro para lá e está o Estofador, a quem ela tinha mandado fazer alguns trabalhos a querer afogar a Mulher se ela não lhe pagasse o que devia, aquilo só visto, nunca tinha passado por cenas como as que ali vivi.
Como disse na outra mensagem, no próprio dia que os Suecos chegaram a Portugal, despedi-me, e fui pregar para outra freguesia, o Sr. Percival Calissendorf chorou ao despedir-se de nós, a Senhora faleceu em 1979, fui ao seu funeral no Cemitério Inglês ali junto ao Jardim da Estrela, entretanto venderam a mansão e foram viver para as "Casas da Gandarinha" em Cascais, ainda o visitei, já tinha uma idade bastante avançada, (nasceu em 1904) e queria que fossemos trabalhar para ele novamente, mas já era tarde.



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

RECORDAÇÕES


Corria o  ano de 1972, era eu um jovem de vinte e cinco anos, Pai de Família, trabalhava e habitava em Alcoitão próximo do Estoril, paredes meias com a Quinta do Patinho e Golfe do Estoril, eu pano para toda a obra, a minha Mulher a mesma coisa no que toca ao interior da mansão, propriedade dum casal de Suecos, ele uma Pessoa cinco estrelas, ela também, mas gostava tanto de dinheiro que nos Meses de Verão alugava a casa enquanto iam passar cerca de dois Meses á Suécia, nesse ano,  alugaram a uma Americana doida varrida, cheia de dinheiro mas danada para ferrar o cão sempre que tivesse essa oportunidade, mas hoje não é sobre as peripécias que aconteceram, (que aliás já contei por aí num dos meus blogs) hoje passei (pelo local do crime) ou melhor pela mansão arruinada, e recordei até onde pode chegar a mentira e o faz de conta, duma pessoa para se fazer superior a todas as outras.

A Madame era sozinha, mas isso não obstou a que trouxesse enxoval dentro dumas insignificantes 28 malas, é verdade foi preciso uma camioneta para trazer aquilo tudo, depois de se instalar deu logo para ver que não jogava com o jogo todo, mas isso era mais assunto para a minha Mulher que lidava com ela a toda a hora, comigo era só quando a tinha que transportar a algum lado, mas aquilo era conversa de surdos, ela não falava Português, eu de Inglês também não, pelo que qualquer coisa que fosse preciso era a minha Mulher a tradutora, porque ambas falavam Italiano, portanto um descanso para mim, nesse aspecto, o problema foi quando ela começou a ouvir tocar as sirenes dos Bombeiros, tanto do Estoril como de Alcabideche, a casa é num local isolado e de noite quando havia fogos (que eram constantes no perímetro da Serra de Sintra nesse Verão), lá vinha ela chamar-me para ir com ela ver o incêndio.

 
 A minha Patroa já não estava a gostar de tanto incêndio, embora a Madame tivesse já uma idade respeitável, (mas ainda rompia um par de meias solas), e a minha, ciumenta dava-me cabo da cabeça com a desculpa de ficar sozinha ali num local ermo com as nossas duas Crianças, mas trabalho é trabalho, e não podia recusar um pedido, que não uma ordem, que essas não recebia dela.
Aliás a Mulher tinha um fraquinho por um Médico conhecido de Cascais, e fazia-se convidada para ir á casa dele ali próximo da Malveira da Serra, várias vezes lá fiquei a assar á sua espera, tinha também outras manias mais sofisticadas, convidava várias Pessoas suas conhecidas ou amigas, pois ela vinha várias vezes a Portugal, e antes dos convidados chegarem combinava com a minha Mulher para quando tivessem a meio do repasto, a minha vir á mesa e dizer-lhe que tinha uma chamada telefónica.

Ela dizia que estava a almoçar ou jantar com os amigos e não podia atender, mas fazia a pergunta previamente combinada e que era de quem era o telefonema? E a minha Mulher lá dizia que era o Rei de Marrocos ou outra personalidade importante na época, então lá se desculpava com os convidados e fingia que ia atender o telefone, por aqui se pode ver o que passei com aquela ave rara, cheguei a ter a Policia lá em casa, eu já não aguentava tanta maluquice, e dizia que me ia embora, mas como eu no fim de contas era o responsável pela casa eles aconselharam-me a não abandonar o barco, outra vez foi, ou mandou alguém do seu conhecimento fazer queixa na P.I.D.E. em Cascais pela mesma razão de eu querer dar o fora dali, algumas coisas contadas hoje até têm graça, mas por exemplo ela não querer lá Crianças, só aceitava o Menino que tinha Meses, mas a Menina, a primeira vez que a viu começou a gritar que não queria lá crianças, e assim andou a Menina dois Meses escondida para a maluca não a ver. No regresso dos Suecos, e na partida da maluca, pedi a demissão e fomos pregar para outra freguesia. Pensando bem, a minha a vida não foi fácil, e agora que está na curva descendente ainda vêm estes sacanas dos políticos, que nos meteram no buraco, a querer enterrar um gajo ainda vivo, mas que merda de vida.