domingo, 30 de outubro de 2011

Para não esquecer

Ontem li uma entrevista que o Sr. Edmundo Pedro deu ao Sapo, e que vou aqui reproduzir, para os mais antigos não esquecerem, e os mais novos tomarem conhecimento desta página negra dos quarenta e oito anos de regime Salazarista, continuado por Marcelo, que não teve arte e engenho para mudar o que de pior tinha o regime, apesar de algumas boas intenções mas que não passaram disso mesmo.
Mostro aqui uma foto da chegada dos restos mortais de 32 Ex-Prisioneiros do Tarrafal, no ano de 1978, ( tal como nas guerras de África onde quem lá morria, lá ficava, aqui também o mesmo acontecia, só se lamenta, que tal como aqui, os nossos Militares que ainda por lá estão enterrados, as nossas autoridades do pós 25 de Abril ainda não tenham executado a tarefa de os trazer de volta ás suas Famílias, só em Angola ficaram 1448 Militares ) como se pode ver está em primeiro plano o Ex-Presidente da Câmara de Lisboa Cruz Abecassis, entre outros Políticos, que receberam os restos mortais dos ex-Prisioneiros que morreram no Tarrafal.


Aos 92 anos, Edmundo Pedro, um dos dois “tarrafalistas” vivos que “estrearam” o campo de concentração aberto por Salazar, recebeu o SAPO em sua casa, em Lisboa, e recordou com pormenor o tempo em que esteve preso em Cabo Verde. A chegada à ilha de Santiago ocorreu há 75 anos, a 29 de Outubro de 1936.
Viviam-se os primeiros anos do Estado Novo, regime ditatorial chefiado por António de Oliveira Salazar, em Portugal. Corria a década de 1930 e Edmundo Pedro entrava para a Juventude Comunista com 13 anos. “Não admira nada que aos 15 estivesse preso”, ironiza. A primeira vez que teve problemas com o Regime foi por estar envolvido numa “missão relacionada com a tentativa de uma greve geral”. Estava a “distribuir panfletos do partido”. Teve preso 17 dias. Depois, e ainda em consequência desta “missão”, foi preso novamente. Foi condenado a 1 um ano de prisão.
Os ideais comunistas não esmoreceram com o tempo de cárcere, talvez tenham até ficado fortalecidos e logo que saiu em liberdade Edmundo voltou às lides políticas. “Assim que saí reingressei na Juventude Comunista (JC). Fui eleito com Álvaro Cunhal (dirigente histórico do Partido Comunista Português) para a direção da JC”, explica com orgulho.

A liberdade perdida aos 17 anos
O jovem Edmundo tinha 17 anos e uma vontade enorme de resistir ao Governo que vigorava. As suas pretensões e as dos que, como ele, se opunham ao Regime tinham de ser combatidas. “Tinha havido a Guerra Civil de Espanha. E eles (o Governo português) queriam aterrorizar a oposição em Portugal”. É assim que Edmundo Pedro explica as razões que levaram Salazar a decretar a construção do Campo do Tarrafal, também conhecido como Colónia Penal do Tarrafal.
Os tempos eram difíceis para quem não concordava com as políticas da altura e Edmundo foi preso novamente em Janeiro de 1936. A deportação para Cabo Verde ocorreu em Outubro do mesmo ano. Edmundo Pedro foi um dos 152 homens que foram no primeiro navio para a Colónia Penal. Esteve lá nove anos. Não houve julgamento. A Polícia, conta o ex-prisioneiro com um sorriso na cara, deve ter concluído: “Bom, este gajo teve preso um ano, foi condenado, saiu e voltou a entrar para a JC, portanto não tem emenda – Tarrafal com ele.”

“Nós fomos em classe de boi”

A viagem foi feita num “ambiente sufocante”, porque muita gente, explica minuciosamente Edmundo, “enjoava, vomitava e nunca se pôde lavar aquilo”. “Fomos em classe de boi”, afirma Edmundo Pedro. E não se pense que é uma força de expressão: “Naquele porão onde se transportavam os bois fizeram uma série de beliches de madeira, uns por cima dos outros e deitaram creolina para desinfectar. Mas o cheiro a azedo superava o odor do desinfectante.” Foram onze longos dias a bordo do navio “Luanda”, até chegarem a “um rectângulo cercado por arame farpado”.
Passaram 75 anos, mas Edmundo detalha tudo como se tivesse vivido a chegada ao Campo há meia dúzia de semanas. “Era uma instalação muito rudimentar. Tínhamos direito a dois ou três púcaros de água por dia”, recorda. No princípio as instalações dos prisioneiros eram umas “barracas de lona”, mas ao fim de um ano e meio apodreceram, devido ao tempo e à chuva. “Na fase final das barracas dormíamos ao relento, chovia lá dentro”, lembra. Depois construíram “barracões de pedra e cimento”, que perduram até hoje.

A primeira fuga

Não há prisão que não tenha histórias de fugas (Ver vídeo “A fuga que acabou na ‘Frigideira’”), ou pelo menos de tentativas. O Campo do Tarrafal não é diferente e ao longo dos anos foram várias as vezes que os prisioneiros tentaram evadir-se. “Ao fim de um ano tentámos uma fuga colectiva. Havia 40 homens que iam assaltar a casa da guarda e o quartel”, recorda. O pai de Edmundo, que também estava detido no Tarrafal e que também foi um dos primeiros 152 prisioneiros a chegarem ao “Campo da morte lenta", era um deles. Edmundo ficou com a tarefa de vigiar a entrada da Colónia.
A noite já levava algumas horas e a evasão estava quase a dar-se quando Edmundo viu um guarda aproximar-se da entrada do Campo, acompanhado por um cabo-verdiano que carregava uma saca às costas. Edmundo deveria ter avisado os homens que se preparavam para fugir que algo de anormal se passava, mas não o conseguiu fazer a tempo. Quando o guarda chegou à cozinha, para colocar o grão que estava dentro do saco de molho, deparou-se com 40 homens que não podiam estar ali.
O alerta foi dado. As metralhadoras começaram a disparar para todos os lados. Houve um prisioneiro que, por instinto, colocou um prato na cabeça e outro junto ao coração. No meio da aflição todos os meios parecem válidos para tentar não morrer. Edmundo também escapou. “É engraçado como me lembro tão bem do que fiz. Deitei-me na cama e deixei-me estar. Foi a maneira que arranjei para oferecer o menor alvo possível às balas”, explica.

Se pudessem imaginar o que os esperava depois da fuga falhada, talvez não tivessem tentado fugir. O director do Campo mandou construir uma vala profunda em redor do local. A ideia era complicar a vida aos aventureiros que tentassem sair dali a qualquer custo. Foram momentos difíceis os que se seguiram. “Não sei se podem imaginar o que é estar no fundo de uma vala de quatro metros, onde o Sol se concentra… O que é que aconteceu?”, questiona retoricamente Edmundo. “É fácil. Começámos a cair todos para o lado, doentes. Eu fui dos últimos a resistir, mas também caí. De 170 (o número de prisioneiros que já estavam no Campo nessa altura), só ficaram seis ou sete em pé. De resto foi tudo parar à cama, com paludismo", conclui Edmundo.

A vida a que se habituaram

Numa semana de trabalhos para construir o fosso morreram seis pessoas. “É o chamado ‘Período Agudo’”, explica Edmundo. Os trabalhos, os do fosso e outros a que os prisioneiros eram obrigados, eram duros, mas Edmundo conta que se foram habituando: “Depois fomo-nos adaptando àquela vida. De vez em quando morria um…” Durante os nove anos em que Edmundo permaneceu no Campo do Tarrafal morreram 32 pessoas. “E houve muitos que morreram pouco depois de chegar a Portugal”, lamenta.
A vida dentro da Colónia não era fácil. Mas também não se pode dizer que os prisioneiros não tivessem nada para fazer. “Nos primeiros tempos fiz de tudo. Parti pedra na pedreira, carreguei pedra. Trabalhei nas estradas à volta do Campo”, recorda. E ainda havia uma série de actividades a que os detidos se podiam dedicar: os trabalhos relacionados com a electricidade, a oficina de mecânica e a oficina de serralharia, onde Edmundo Pedro passou bastante tempo, já que era “ajudante” do responsável. Nos últimos dois anos em que esteve detido, Edmundo deixou de trabalhar no Campo. A doença, tuberculose, não o permitia.
Edmundo Pedro foi apenas um entre as centenas de homens que foram deportados para Cabo Verde. Durante os nove anos em que lá esteve acumularam-se as histórias deste homem que, como os outros, fazem parte da História. Quando regressou a Portugal, Edmundo Pedro foi finalmente julgado. Depois de quase 10 anos preso, foi novamente condenado, a 22 meses de “prisão correccional”.

sábado, 29 de outubro de 2011

SRª TROIKA, VENHA TERMINAR O SERVIÇO

Hoje mostro aqui um texto que o Amigo Reigosa me enviou por E-mail, e que quero com-partilhar com os Leitores/As do blog, por se tratar de algo que está na ordem do dia, e pela sua qualidade. Se fosse aplicada esta receita, estaríamos a salvo, não o sendo, vamos cantando e rindo até ao desastre final.


O que a Troika queria Aprovar e Não conseguiu!!!!!!

Este e-mail vai circular hoje e será lido por centenas de milhares de pessoas.

Nenhum governante fala em:

1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três ex-Presidentes da República.

2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode.

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e se não são verificados como podem ser auditados?

6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.

7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas Juntas de Freguesia.

8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades.

9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;.

10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...

11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.

12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.

13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.

14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA.

15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de
PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder.

16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.


17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e> entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.

18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.

19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.

20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.

21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.

22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD).

23. Assim e desta forma, Sr. Ministro das Finanças, recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros o Estado.

24. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem".

25. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;

26. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise".

27. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.

28. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.


29. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.

30. Pôr os Bancos a pagar impostos.



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Subindo a Serra, Junto ao Lixo

Mais uma caminhada com o meu Amigo Vicente, e desta vez o percurso foi: saída do Café do nosso Amigo Victor, e daí encaminha-mo-nos para a Serra de Montejunto por um caminho de acesso ás propriedades agrícolas, que vai junto ao Casal Prior, assim chamado por haver no local propriedades da Igreja, e aqui junto fizemos uma breve pausa para tirar umas fotos ao lixo que pessoas menos ligadas a estas coisa de higiene ali foram despejar, é uma tristeza continuar-mos a conspurcar um bem que é de todos mas que nem todos respeitam, até um penico lá estava, este bem de primeira necessidade que nunca se deveria separar do seu dono, ali estava abandonado e sem serventia.

Seguimos depois até á estrada florestal que liga  á Serra, aqui recordámos o acidente que aconteceu quando da construção desta estrada, em que o Maquinista que abria o caminho com uma grande máquina de rastos trabalhava á noite para no dia seguinte poder estar com a Mulher e o Filho ou Filha que o vinham visitar, terá caído da Escavadora e esta passado por cima dele, quando a Mulher chegou a Vila Verde encontrou o Marido morto, e eu passei nessa madrugada com a minha Mãe junto á máquina que estava parada, para ir apanhar feijão, que como saberão deve ser apanhado antes do calor se fazer sentir, e quando íamos de regresso lá pelas 11 da manhã é que soubemos do acontecido.

Seguimos então até junto da antiga  casa dos Guardas Florestais e aí seguimos pelo caminho pedestre até determinado local onde a força se começou a tornar fraqueza, nesta altura já tínhamos percorrido sete mil passos, como o regresso era pelo mesmo caminho totalizámos 14.000 passos, cerca de onze quilómetros nada mau, entretanto ainda deu para ver que o lixo também veio para ficar junto á antiga casa dos Guardas, Portugal é assim mesmo, óptimos a fazer obra, mas depois de esta feita, manutenção foi chão que deu uvas.

Foram colocadas umas mesas e respectivos bancos neste local, colocados caixotes para o lixo, tudo muito bem até aqui, (aliás já lá fiz piqueniques com os meus Netos, porque é um local aprazível, menos agora que tem um cheiro pestilento apesar da chuva que caiu), o problema é depois não haver quem vá tirar esse lixo, que fica espalhado pelo chão, é certo que quem faz o lixo e vendo que o caixote não leva mais o podia, e devia levar e deixá lo noutro local onde existisse caixote para o efeito, mas isso era pedir muito a um Povo pouco habituado a estas modernices de deitar o lixo no lixo, quantas vezes se vêm sacos com lixo junto ás nossas estradas que os nossos automobilistas deitam janela fora dos seus popós, ou despejando entulhos até com matérias perigosas por tudo quanto é recanto mais ou menos isolado, somos assim não há remédio.

NOTA: O Google alterou a maneira como se podem ver as fotos publicadas nos blogs, para conseguir ver a foto em tamanho normal, tem que se escolher esta, clicar sobre ela, e depois ir á esquerda do conjunto das fotos onde está escrito:_ SHOW ORIGINAL  clicar aqui uma ou duas vezes até a fotografia apresentar o seu tamanho normal.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Lisboa (Quase) á Noite

Apesar dos avisos que ontem íamos ter temporal, deitei-me na véspera a pensar em ir a Lisboa e fui mesmo, afinal quando por lá andei caíram uns pingos mas nada que se pareça com o que tem caiu durante todo o dia, cheguei lá noite escura, isto de suprimirem comboios tem um efeito lixado para mim, com receio das carruagens irem a abarrotar, saio antes das sete que como sabem é noite fechada, mas cabeça que não tem juízo, o corpo é que paga, e lá fui eu com a ideia de ver junto á praça do Comercio os Peões a boiar, quem sabe até a caminho do Tejo, mas como a chuva fez gazeta, lá vou ter de ir novamente para assistir ao espectáculo, de qualquer modo deixo aqui umas fotos que já dá para ver, como a coisa deve estar neste momento, após horas a cair chuva a potes.

Queria pedir aqui ao Sr. Costa, dignissimo Presidente da Câmara de Lisboa, que agora foi morar lá para os lados do Intendente, que desse um salto á Baixa, em dia de chuva, e desse um passeio (apeado) junto ao Rio, da Praça do Comércio até ao Cais do Sodré ou vice versa mas leve galochas, não se vá dar o caso de sujar os sapatos de verniz que usa nas cerimónias, o que é um prejuízo enorme, pois aquilo custa os olhos da cara,  depois dessa passeata, diga aqui ao Pessoal como foi, e já agora se pensa fazer algo para que os milhares de «Indígenas» que lá passam diariamente o possam fazer com um mínimo de segurança e higiene.

Mandou Vossa Excelência colocar alguns painéis na Ribeiro das Naus, dizendo que a frente ribeirinha é das Pessoas, quais Pessoas? á anos que não se vêm obras no local, e aquilo é uma verdadeira selva.
Realmente somos um Povo pacifico, como se explica que ninguém dos que por ali passa diariamente não se indigne? como é que os Partidos Políticos que se indignam por tudo e por nada e que estão na sua maioria representados nos órgãos da Autarquia também nada façam para por fim a esta vergonha?
Vão mas é dar banho ao cão, já não tenho pachorra para tanta mansidão., não fora os Militares e ainda hoje andávamos de boca calada, e com chicote nos costados.

Mas espere que agora veio-me uma ideia, provavelmente o Sr. não fez nada para facilitar a vida a quem a anda a pé por falta de carcanhois, é o que todos dizem, ora aqui vai uma sugestão, hoje mesmo vi com estes que a terra há-de comer, Três Navios de Cruzeiro! Três, deduzo que vêm carregados de Euros,  Dólares, ou outra qualquer moeda, ora como tenho Observado, V. Exa. tem Lisboa cravejada de arrumadores; e Romenos a pedir esmola junto das Igrejas, porque não aproveitar essa mão de obra, e colocá-la junto aos Paquetes e quando o Pessoal sair de lá  é só estender a mão? claro que trabalham á percentagem, não é tudo para eles, para que não seja enganado por essa rapaziada quase toda  licenciada em malandragem, coloque lá os fiscais da E.M.E.L. para os controlar, e vai ver que em pouco tempo tem pilim para mandar fazer, ou melhor repor o passeio que retiraram em toda a Av. Ribeira das Naus, fica a sugestão. A bem da Nação.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Regedores e G.N.R.

Como se lembrarão os da minha geração e anteriores, no tempo da outra Srª, nas Aldeias a autoridade máxima eram os Regedores que tinham como ajudantes os Cabos de Ordens, e um Cabo Chefe estes escolhidos pelo Regedor e este pelo Presidente da Cãmara, (democráticamente como se compreende) faziam o trabalho que competia á G.N.R., que pela dificuldade de transportes  estavam praticamente só  nos seus Postos por norma nas Sedes de Conselhos, e se fosse necessário deter alguém eram os Cabos de Ordens que o faziam até á chegada dos Militares da G.N.R.
Hoje lembrei-me destas duas Autoridades, por ter recordado que também tive problemas com eles, ou melhor com ele, pois foi apenas com o Regedor.
Um dia andei aos ninhos de pardais nos Aciprestes do cemitério, como já tinha acontecido em anos anteriores sem problemas, só que desta vez o Regedor que também era o Sacristão, tinha umas contas a ajustar comigo, devido a umas quadras que eu tinha feito e que o atingiam, foi participar á G.N.R a Alenquer, de mim e por arrastamento o Amigo que comigo tinha andado aos ninhos.

Ora nesses tempos, as Policias eram para além de respeitadas, temidas, estou convencido que até a própria farda mesmo sem ninguém dentro dela metia medo, e ainda mais quando lá dentro havia um Guarda de alcunha «Chicharro» (contou-me á dias o Vicente que essa alcunha lhe colocaram por ter levado com um dito na tromba, tarefa essa que se incumbiu uma vendedora de peixe de Vila Franca de Xira), esse guarda era temido por todos, e quando no dia em que eu e o tal Amigo lá fomos chamados ao Posto, dissemos mal da nossa vida, tínhamos quase a certeza que nos iam encher de porrada, mas para espanto nosso, nada disso aconteceu, fomos recebidos pelo tal «Chicharro» que nos alertou para não voltarmos  a ir apanhar pardais para o cemitério, mas, e isso é que interessa para a história fiquei a saber que Guarda Republicana e Regedores não se davam lá muito bem, pelo menos foi isso que me livrou de apanhar uma tareia, pois quase que fui louvado por ter escrito os tais versos que tanta celeuma deu nesses tempos, e que foram a causa próxima da queixa do Regedor. 
Talvez que se voltassem os Regedores, ficasse mais barato ao Erário Publico, e se voltassem a executar algumas tarefas que os actuais representantes do Povo, não fazem e não querem saber.
Não vencendo ordenado, tinha direito aos emolumentos estabelecidos pela Lei e ficava isento do serviço de júri e de abolamentos em tempo de paz.

OS REGEDORES

Após a extinção deste cargo administrativo pela Constituição Portuguesa de 1976, a pouco e pouco a memória colectiva esbateu e foi-se perdendo a noção desta figura representativa do poder central, primeira-mente, e representativa do poder local a partir de 1936.
O regedor substituiu o antigo comissário de paróquia. Representava o poder central para o exercício de funções administrativas, zelando pelo cumprimento das leis e regulamentos a nível das freguesias. Dispunha igualmente de poder judicial e exercia funções de policiamento na sua área de jurisdição, para o que dispunha de cabos de ordens e cabos de polícia, igualmente nomeados pelo poder central até 1936. Depois desta data, o novo Código Administrativo colocou os regedores na dependência do presidente da Câmara Municipal que os nomeava.
Em resumo, os regedores garantiam a boa aplicação das leis e regulamentos administrativos. Exerciam também a autoridade policial no território da freguesia.
Segundo a lei, o regedor era reconhecido pelo seu uniforme. No tempo da Monarquia, usava casaca de cor azul, com um ramo de carvalho de ouro bordado em cada uma das golas, colete de casimira branca, calças azuis, botas e chapéu redondo. A casaca e o colete tinham botões com as Armas Reais. O chapéu apresentava o laço nacional e uma presilha preta, com o nome da freguesia de que era regedor.
Em geral, havia o regedor efectivo mas era nomeado também um regedor substituto, que estabelecia a continuidade no exercício das funções sempre que o primeiro estivesse impedido.
Uma das funções do regedor, sobretudo nos tempos da Grande Guerra, era o controlo da produção agrícola. Os proprietários deviam comunicar anualmente ao regedor da freguesia a quantidade das suas colheitas, principalmente cereais, vinho e azeite. Chamava-se o «Manifesto», sendo publicada para isso a data e com penalizações para quem o não fizesse.

Fui ao ninho no acipreste
Subi e desci a todo o vapor
Cá em baixo tinha á espera
O meu Amigo Regedor

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Á Rasquinha

Estou á rasca, então não é que o nóvel primeiro ministro se lembrou que me estavam a pagar dois meses a mais? dizem os seus mais próximos que terá afirmado que nada explica que se paguem 14 meses a quem só trabalha 11, são portanto 3 meses a mais e não dois como ele vai cortar, esperem que para o ano vai o terceiro, isto para os que trabalham, (para os reformados como não trabalhamos mês algum, não vamos levar nada) e assim ficamos quites com os tais Países que ele deu como exemplo, não sei se nessas contas terá entrado a diferença de vencimentos que se praticam por essa Europa fora, mas estou em crer que terá feito todas as contas para tomar estas medidas, por mim que já estive á rasca a sério, penso que terei ainda treino para aguentar mais umas quantas caneladas destas, agora as novas gerações, não sei se terão estaleca para levar por muito tempo estes murros no estômago, na minha mocidade era assim:

Pertenço a uma geração que teve de se desenrascar.
A Santa da minha Mãe, pariu-me de cócoras. Quando se sentiu á rasca,
muniu-se da tesoura e do baraço e fez tudo sozinha. Chegou por casualidade
uma vizinha e ajudou aos últimos preparativos, talvez um caldo de galinha
velha, que era o prémio de qualquer parturiente.
Hoje, as que se rotulam de à
rasca  têm seis meses de licênça de parto. Essa vizinha, que durou cento e tal
anos, passou a vida a contar-me isto, vezes sem conta.
Aos miúdos, faziam uns calções com uma abertura na retaguarda, e,
quando estivessem á rasca, baixavam-se, o calção abria e fazia-se em escape
livre e, andava sempre arejado.

Aos dezasseis anos, ainda o comboio de mercadorias passava no Outeiro da Cabeça e tive
de fazer cargas e descargas dos vagões para a furgoneta do «Maneliques» e desta para as casas dos Agricultores. Os adubos vinham
em sacos de 100 kg, as pernas tremiam mas tinha que me desenrascar. Os
mais velhos sabem do que falo, o trabalho era duro as sopas fracas, e o conduto, quase sempre em «greve».
A mesma geração, fez as três frentes da guerra colonial, morreram nove
mil e quinze mil ficaram mutilados e a cair aos bocados, chamam-lhes Heróis,
mas dizem! desenrasquem-se!
O 25 de Abril foi feito por essa mesma geração, bons líderes, povo unido
e desenrascaram-se! muito bem.
E foi a debandada da emigração para toda a Europa, e não só, ( quase sempre a salto) atravessando
montes e vales íamos chegando a todo o lado. Vivíamos em contentores e
barracas, o tacho onde se lavavam as batatas era o mesmo para se lavar o
nariz, mas não nos desenrascámos nada mal.
Depois veio a geração rasca. Drogas, rendimentos mínimos e vergonha
de trabalhar.
Agora, dizem ser a geração à rasca, querem ser todos Doutores,
arrastam-se anos à volta dos cursos, os parques universitários estão cheios de
carros de luxo, ficam por casa dos Pais até aos trintas e “quem aos vinte não é,
aos trinta não tem, aos quarenta já não é ninguém”.
São uns enrascadinhos, não querem assumir a responsabilidade de
uma família, vagueiam de noite, dormem de manhã e a Mãe chama-os para
almoçar. O Pai vai recheando a conta, porque um Pai é um banco
proporcionado pela natureza.
Eu não quero medir tudo pela mesma bitola e acredito muito na
juventude, aconselho-os a que se caírem sete vezes se levantem oito, porque o
Governo está à rasca, a oposição está enrascada e a juventude não se
desenrasca.
Os que cantam, Homens da Luta, é uma luta sem comandantes e o povo
vencido jamais será unido.
Façam pela vida e não esperem que o Mar arda para comerem peixe grelhado.

domingo, 23 de outubro de 2011

Valdemar Ferreira - Marinheiro

Embora não nos conheçamos pessoalmente, o contacto que temos tido ao longo de muitos meses através dos nossos blogs  e nos dos Amigos que connosco vão «dialogando» deu para compreender que és um Homem com H grande, tens feito da ajuda aos teus Semelhantes um modo de vida o que só te enaltece, pois é modalidade em vias de extinção, mesmo depois da doênça que te apanhou na curva sem aviso, ainda arranjastes ânimo para fazeres um blog dedicado a essa maleita.

Os Médicos mandaram-te para casa com a recomendação de repouso absoluto, que creio estás a cumprir á risca, pois não escreves nos teus blogs desde o dia 10, quero mandar-te um abraço, na certeza que vais ultrapassar esta fase menos boa, pois tens trabalho a desenvolver nas tuas Associações, que não te vão dispensar dessa tarefa, assim como a presença diário no convívio com os Amigos, mesmo que á distância de um clique que também não estão dispostos a abdicar da tua companhia.
Recupera que estamos á tua espera.
Um abraço
Virgílio

sábado, 22 de outubro de 2011

Caminhada, e Castelo de Vila Verde

Hoje foi mais uma caminhada ao redor de Vila Verde, com o meu Companheiro dos últimos tempos, aproveitando os últimos cartuchos antes que ele regresse ás Terras do Tio Sam, pois sozinho não ando metade , e com conversa torna-se mais fácil a caminhada, ainda melhor quando o Companheiro tem boa memória, e bem recheada de anedotas,  hoje foram 10.000 passos, e quando lhe mostrei este resultado, disse-me que era pouco, se eu estivesse na Terra todos os dias, ou já tinha dado o badagaio, ou o colesterol já tinha ido pregar para outra freguesia.
A volta de hoje foi pelos Casais da Almónia, Portela, Ruínas do Castelo, e mais um pequeno circuito á volta da Terra.
Como estivemos no que resta do Castelo, ( onde recentemente ouve corte do mato que impedia chegar próximo das muralhas,  um aplauso para quem o fez, e também para quem o mandou fazer ) a seguir mostro o pouco que se sabe sobre a sua origem.


CASTELO DE VILA VERDE DOS FRANCOS

Como o nome da localidade indica, Vila Verde dos Francos tem origem no estabelecimento de uma comunidade estrangeira, concretamente de franceses que, após as conquistas de Lisboa, Sintra, Almada, Palmela e Alenquer, foram agraciados por D. Afonso Henriques com terras e benefícios. Ao que tudo indica, a carta de doação passada pelo nosso primeiro monarca data de 1160 e teve como interlocutor D. Alardo, um dos capitães francos que participou no assalto à futura capital do reino.

Infelizmente, pouco sabemos acerca do castelo então erguido, que deve ter sido um monumento de relativo impacto no panorama da arquitectura militar nacional. De acordo com uma interpretação tradicional, atribui-se o comando dos trabalhos de edificação da fortaleza ao próprio D. Alardo, informação que, a confirmar-se, abre um leque de perspectivas interpretativas que poderão vir a reforçar a importância deste local, assim exista um coerente plano arqueológico de investigação do castelo. O facto de o seu arquitecto poder ser estrangeiro, com as consequentes "novidades" planimétricas e volumétricas ditadas por um homem de distinta formação que os arquitectos portugueses da altura, é um dado acrescido que reforça a necessidade de um plano de investigação no local.

As escassas aproximações a este monumento deixam antever uma planta irregular, adaptada às condicionantes topográficas, embora esta análise careça de fundamento. O que resta da torre de menagem (de secção quadrangular) localiza-se num dos extremos da muralha, um indicador que aponta para uma cronologia mais avançada que a tradicionalmente apontada, já em pleno período gótico, uma vez que os castelos românicos optaram por situar a torre de menagem isolada no pátio central, sem contacto com as muralhas. A entrada situava-se lateralmente à torre, o que sugere igualmente uma cronologia gótica, desempenhando a torre as funções de defesa activa do acesso.

Sem obras aparentes no final da Idade Média e durante a época moderna, as informações que nos chegaram do século XVIII referem que o castelo já se encontrava bastante arruinado. No século XX, Vila Verde dos Francos escapou à vaga restauradora estado-novista, não integrando a lista de monumentos simbolicamente relevantes para a ideia de "portugalidade" veiculada por aquele regime. Os poucos trabalhos de restauro aqui desenvolvidos datam da década de 80 do século XX e limitaram-se à desobstrução de arbustos das muralhas e à consolidação elementar dos muros.