terça-feira, 28 de agosto de 2012

É A CRISE

A Crise instalou-se parece que definitivamente por aqui, as ideias foi um ar que lhes deu, a vontade de escrever idem, hoje mesmo fui até Lisboa tentar dialogar com a troika para ver se tinham algum remédio para a coisa, mas não me deixaram aproximar dos «salvadores da Pátria» pelo que só me resta agradecer aos que me acompanharam, nestas lides: obrigado pela paciência que têm tido.
Se entretanto vier a vencer a «crise» aqui voltarei, se a "porta estiver ainda aberta".

 

sábado, 25 de agosto de 2012

O ADEUS AO VALDEMAR

A vida tem destas coisas, o Valdemar Marinheiro, que tantas vezes aqui comentou, desapareceu da nossa companhia, a noticia recebia agora mesmo no blog do meu Amigo Tintinaine, segundo este terá sido no convívio de antigos Marinheiros realizado o ano passado que o Valdemar terá sentido alguma dificuldade em engolir, daí para cá foi o costume nestas doenças, quimioterapia e radio-terapia na tentativa de debelar ou atrasar a doença visto não poder ser operado, ontem a doença venceu, e é uma grande maldade, o Valdemar era daqueles que mereciam estar por cá por muito tempo, tinha um trabalho a todos os títulos meritório a desenvolver no combate ao alcoolismo, em cujas Associações se empenhou, era uma voz sempre presente na denuncia de injustiças, enfim  um ,orgulho para a sua Família, e um exemplo para nós todos.
Os meus sentimentos á Família
Descansa em Paz Valdemar

A minha singela homenagem ao Valdemar, mostro aqui uma das últimas Mensagens que ele publicou no seu blog

Sem fé nem esperança


Já estamos no ano 2012, o balanço do de 2011 é bastante negativo, o que agora acabamos de entrar será muito, muito complicado em todos os campos.
Os tempos no nosso país, são de pobreza extrema, as pessoas de boa -vontade não tem como ajudar e o mais grave é que, até a esperança está em crise e o povo está desmotivado, sem vontade própria e sem sonhos, nem objectivos...
O novo ano, ainda à pouco começou e os aumentos esses já se fazem sentir.
Os alertas são tantos que a vontade seria passar uma esponja e apagar as novas medidas de austeridade que só complicam a vida dos portugueses, tornando-os tristes e depressivos, sem fé nem esperança.

 

 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

FÉRIAS DE VERÃO

Aproveitando um momento em que o computador se dignou fazer uma pausa nas férias, e para descansar os meus Amigos e Seguidores do blog, direi que ainda ando por aqui, mas muito atarefado, de facto após os meus constantes lamentos de não suportar festas e outros decibéis elevados, tenho sido constantemente assediado para comparecer nesta e naquela festa, que aquilo é bonito, come-se bem e bebe-se melhor, e que ao fim de meia dúzia de bejecas um gajo já nem um trovão houve, e coisa e tal, e tantas vezes vai o cântaro á fonte que um dia lá fica a asa.

E ficou mesmo, não resisti a tanto convite e provei, gostei, e agora cá ando de festa em festa de tal maneira que deito-me ao nascer do Sol, levanto-me para almoço lá pelas duas da tarde, mais uma soneca até ás sete, come-se uma bucha que a janta vai ser na festa seguinte, e assim tenho passado os dias e noites nestes últimos tempos, como vai haver festas até para lá das vindimas, (aliás a seguir a estas ainda temos as Adiafas que não são de desperdiçar), mas dizia até final das vindimas vou andando por aqui de festa em festa até fartar, foram muitos anos de abstinência e agora estou a recuperar o tempo perdido.
Estou de tal maneira curtindo as farras, que já nem "Observo" coisa nenhuma.

Assim não me tem sobrado tempo para a Internet, o que lamento, mas a vida nem sempre corre como planeamos, e isto não estava mesmo nos meus planos, mas agora não posso deixar os amigos da pandega pendurados, pois já lhes prometi que ia até ao fim, estou um bocado preocupado com o colesterol pois nem tempo me tem sobrado para as minhas caminhadas, é certo que tenho investido mais em grelhados, mas o reco é muito gostoso mas danado para o colesterol, vamos ver quando terminar esta tarefa como vou ficar, mais cinco quilos a mais já cá cantam se a balança que tenho ali na casa de banho não me está a enganar, o resto logo se verá.

E agora tenho de me despachar, como se pode comprovar pelas fotos, tenho muito por onde escolher e a hora de partida aproxima-se, o computador já está a ficar impaciente de estar á tanto tempo ligado e grita que ainda está de férias.
Assim, e parafraseando o saudoso Engenheiro Sousa Veloso no seu TV Rural: "Despeço-me com amizade, e até ao próximo programa se Deus quiser".


sábado, 11 de agosto de 2012

FÉRIAS DO COMPUTADOR

Ao contrário do que o governo me fez, caçou-me o subsidio, e prepara-se para me limpar o que aí vem no próximo  Natal, para eu não me aventurar no peru, nas rabanadas, nas filhoses ou no bacalhau, ao contrario dizia, vou dar férias ao meu computador, e com subsidio, portanto se não me virem por aqui nos próximos dias é porque o meu companheiro computador partiu de vacances, no seu regresso vos contarei como gastou o meu dinheirinho, espero que não se meta em aventuras parvas porque depois acaba-se-lhe a nota e ainda vou ter de pagar as favas, acredito que não se meta com manias de rico, e vá para algum resort de luxo, tipo Dias Loureiro em Cabo Verde.
Se aparecer alguma coisa importante que mereça ser publicada, o gajo interrompe as férias e vem até aqui dar-me uma mão.

Antes de ele partir quero falar-vos mais uma vez de Vila Verde, sei que estão fartos de ler sobre uma Terra que a maioria não conhece, mas em falta de novidades nada melhor que falar daquilo que gostamos, e no meu caso gosto da minha Terra muito embora os piores tempos da minha existência tenham sido cá passados, mas sem culpa desta, está portanto absolvida.

Ontem lá voltei para mais uma rega, e uma caminhada, enquanto houver amoras o Vicente está nas sete quintas, ontem não escapou, mais uma quantidade industrial que enfiou pela goela abaixo, não sei como aquele estômago tem capacidade para tanta amora.
Fomos até ao moinho do Casaca, é o único que ainda mexe por aqui, esteve parado uns tempos porque o Ilídio foi até ao Estrangeiro ganhar umas massas que a  coisa por aqui está preta, mas logo que chegou, colocou o Moinho a andar que foi para isso que foi feito. 

Mas a noticia mais importante é relacionada com a Agricultura, parte importante da subsistência das Gentes da Terra. É que vai haver pouca uva, de facto andámos a ver algumas vinhas, e no geral a produção é muito baixa, a falta de chuva faz-se sentir aqui, tivemos aliás em conversa com o meu Padrinho na adega dele, e como produtor/vendedor de vinhos confirmou isso mesmo, também a Pera Rocha, que é das culturas mais fortes daqui da região se ficará pelos 50%  em relação ao ano passado, portanto os apreciadores de vinho e desta fruta vão ter de puxar os cordões á bolsa para adquirir as mesmas quantidades dos anos anteriores, a não ser que os Produtores se disponham a perder dinheiro, o que era a machadada final, pois sou conhecedor que a as colheitas do ano passado em muitos casos ainda não foram pagas a estes, uma lástima., como é que querem que se produza se depois levam mais de uma ano pagar aos produtores?



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PORTO SALVO INDEPENDENTE. JÁ!

Com certeza que ficam admirados com o titulo da mensagem, mas ela corresponde ao pensamento dos Portosalvenses e ao meu também, vamos a factos que de conversa fiada estamos todos cansados.
As razões desta medida extrema, são simples, os milhões que as empresas aqui sediadas pagaram e pagam, vão todos direitinhos a Oeiras e arredores, são passeios marítimos, marinas, parque dos poetas, etc. etc. e nós que levamos com a poluição atmosférica causada pelos popós de quem vem para aqui bulir, mais a poluição  deixada nos cafés e outros estabelecimentos, sim que ao fim dumas horas sentados numa secretária, quando fazem intervalo quem leva com os gases acumulados durante várias horas somos nós que aqui habitamos, e que temos nós usufruído de todos estes incómodos? Nada! nem caminhos temos para andar a pé, assim só nos resta esta alternativa extrema, que vamos pôr em prática, antes que estas centenas de empresas dêem o fora daqui, e depois ficamos a ver navios, como até aqui.

Porto Salvo Freguesia (desde 1993) pertence ao  Concelho de Oeiras, tem uma área de sete quilómetros e mais uns metros quadrados, cerca de quinze mil e mais uns tantos Habitantes, tem tudo o que precisam para se tornarem Independentes, senão vejamos: as grandes empresas estão aqui sediadas, tanto na Quinta da Fonte como no Lagoas Parque ou ainda no Tagus Parque, portanto dinheiro não vai faltar. Para os muitos pecadores que ainda há por aqui, e na tentativa da sua salvação temos Igrejas em: Vila Fria, Laje e a Matriz de Nossa Senhora de Porto Salvo, se as almas a salvar não couberem nestas há ainda uma quarta que estava ao abandono (como uma vez mostrei), mas agora recuperada, pode receber mais uns tantos pecadores a caminho do Céu, ou do Inferno conforme o seu comportamento aqui no novo País.

Temos Universidades, para instruir esta Gente que tem andado afastada das letras, muito por culpa da abastança que se tem vivido nos últimos anos, agora que a fome já se faz sentir, temos que tratar de arranjar diplomas a toda esta Gente se quer mesmo singrar na vida, veja-se o exemplo do Relvas, sem o canudo nunca teria chegado onde chegou, mas não ficamos pelo conhecimento, também temos farmácias onde comprar comprimidos ou supositórios, conforme os gostos de cada um, dois Clubes desportivos, com um campo de jogos do mais moderno (embora com as obras paradas há muito) um Centro de Congressos (também com as obras paradas sabe-se lá até quando) mas Roma e Pavía não se fizeram num dia, e temos fé que estas obras um dia (sabe-se lá qual) se farão para acolher todos os desportistas e congressistas de todo o Mundo, como vai ser apanágio deste novo País, receber muitos e bons, aliás estamos desde já a proceder a uma limpeza nalguns bairros da periferia, onde a rapaziada anda a mijar fora do penico, queremos o País com Gente do 1º Mundo, e não como aquele Portugal da borga que tenho mostrado nas minhas caminhadas por Lisboa, esse antro de perdição, que é a nossa vergonha.

Há Hotéis de luxo, um deles é onde a Selecção de Futebol de Portugal costuma estagiar, neste campo já estamos em conversações com o Ronaldo para quando formos independentes chefiar a nossa Selecção. que será a Selecção de Porto Salvo com não podia deixar de ser. Temos ainda uma Taberna das antigas que será o ex-libris da nova Nação, pois está aberta 366 dias por ano, muito embora os copos, chávenas e outras loiças só sejam lavados uma vez por ano, não há noticia de doenças provocadas pela falta de limpeza, cavalos, muitos cavalos que até têm direito a festa anual e tudo, um chafariz embora sem água, há! temos um canil, (que está a ficar barulhento diga-se, o isolamento acústico da nova sala ficou na gaveta e os moradores já preparam um levantamento de rancho) um canil é coisa importante num País, já sabem quando quiserem abandonar o vosso cachorro, periquito, grilo ou tartaruga podem vir aqui pretendem-no á porta do canil que nós tratamos deles.

Já falei com o Presidente da Junta para ver se aderia ao referendo que vamos fazer, mas educadamente como é seu timbre disse que não, que o «pai adoptivo» não ia gostar, que foi ele que lhe deu a mão (e o pé) para chegar a este cargo tão importante na hierarquia da Vila, mas que ia votar favoravelmente (o voto é secreto e o Ti Isaltino não fica a saber da traição) a  criação do novo Pais. Colocou dúvidas quanto á viabilidade do projecto devido á pequena dimensão em área e População, falei-lhe no Estado do Vaticano e Principado do Mónaco, com 0,4 e 2 quilómetros quadrados respectivamente! com uma bomba destas deu-me toda a razão e força para ir em frente, o que vai acontecer logo que as diversas obras paradas na Freguesia sejam concluídas e os acessos para apeados sejam executados.
A Bem da Nação.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CRISE

Ora até que enfim encontrei resposta para o meu mal, de facto hoje li a noticia que a Organização Mundial de Saúde, vai colocar no «pacote de doenças mentais» as provocadas pela crise, agora sim levaram tempo mas chegaram ao sitio certo, eu já desconfiava que o meu desaparafusamento se devia a crise, pois vivi sempre nela., nasci e cresci em crise, fiz-me adulto na crise, fui Pai e Avô atafulhado de crise, como é que podia acertar o passo com tanta crise?  agradeço á O.M.S. terem-me tirado esta angustia que me acompanhava desde sempre, sou um  Homem novo, descobri a razão porque ando de passo trocado á tanto tempo.

Mas a vida continua, tão ou mais pessimista que antes, mas nada me prende ás quatro paredes da casa, agora com o Sol a nascer mais tarde já recomecei a vê-lo aparecer no horizonte o que é bonito de se ver, fui até á Capital, desci do trem em Santos, subi até ao Miradouro de Santa Catarina junto á Estátua do Gigante Adamastor, não sei porquê, mas engracei com o homem desde a primeira vez que o vi, é certo que as más companhias estão a dar cabo dele, mas enquanto ele se aguentar de pé, ei-de ir lá fazer-lhe uma visita de vez em quando.
Podem pensar que ando á procura das desgraças para aqui dar noticias delas, mas não, entorpeço nelas simplesmente e não me afasto, era o que faltava andar.me a desviar das porcarias e fazer de conta (como os políticos) que não vejo, não só vejo como mostro a quem quiser ver, como vai a crise por Lisboa.

Aqui no Miradouro falei com o Adamastor sobre a crise,  crise! mas qual crise? enfureceu-se ele, anda tudo maluco a falar nisso mas vejam com se emborca numa noite de Terça Feira, agora já não passam cartão a garrafas de três decilitros, agora são litrosas  minha Gente, aquilo até parece que estão a tocar trombone quando emborcam umas atrás das outras, reparem que até eu, Adamastor estou a ficar torto de tanto emborcar, comecei também a beber, era abstémio, comecei a ver como se bebia aqui á minha volta, e também quis experimentar, agora estou a ficar igual aos meus companheiros da noite, já não passo sem uns copos afinal  um homem não é de ferro, ás duas por três estou como eles que se arrastam por aqui noite após noite, uma desgraça, afinal de contas se um gajo não entra no ritmo deles até lhe vêm mijar em cima, como já faziam, pelo menos assim sou considerado um deles e já não me chateiam.

Saí daqui algo triste com o espectáculo observado, subi até ao Miradouro de São Pedro de Alcântara onde o espectáculo era igual, farto de ver porcaria segui pela rua da Escola Politécnica até ao Rato,e daqui foi um salto até á Av. da Liberdade, ( Liberdade que está a ser posta á prova também por causa da crise) e aqui fui fazer uma visita ao velho Marquês, contei-lhe o que tinha "Observado" ao longo desta caminhada, aqui ele desatou a vociferar, que não foi para isto que se esforçou tanto quando mandava no País, que esta Juventude está toda perdida., agora lembraram-se de fazer obras aqui e as Pessoas já não me podem vir visitar, que aqui deste lugar vejo bem toda a Baixa que eu com tanto esforço mandei reconstruir após o terramoto, e agora só vejo bêbados e sem abrigos por esta Avenida abaixo, etc. estava a ver que descia do pedestal de tão zangado estava, dei por fim a conversa, antes que esta azedasse mais e fui fazer o resto da caminhada.

Desci então a Avenida, até ao Rossio daqui á Praça da Figueira onde coloquei combustível para o resto da viagem, desci até ao Terreiro do Paço, onde tive mais um bate boca com o «compadre» D, José I, que também ele estava numa de desabafar, eu bem tentei dizer-lhe que já tinha levado um sermão do seu primeiro Ministro, lá no alto da Av. da Liberdade, mas qual quê, o homem também estava pior que estragado, vejam bem, dizia ele, que estes gajos (referia-se ao presidente da Câmara de Lisboa) andam constantemente em obras aqui ao pé de mim, agora cortaram o trânsito e tudo para não virem aqui ver-me, isto tinha sido tudo arranjado á pouco mais de um ano e estes gajos parece que andam a nadar em dinheiro, andam a deitar tudo abaixo, para fazer de novo, e depois dizem que á crise, estes sacanas andam a gozar com o Povo, e dito isto começa a descer do cavalo, e aqui cavei, antes que o homem de cabeça perdida como estava me confundisse com algum politico.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ENTREVISTA / REPORTAGEM

Eu já tinha alertado que as coisas ainda iam acabar mal, e assim aconteceu, o Vicente ontem despencou mesmo por um silvado quando mais uma vez tentava apanhar amoras, mas vamos ao principio.
A semana passada andei acelerado, praticamente não parei, entre regas na Terra, caminhadas por aqui e ali, pinturas na casa, foi um ver se te avias., isto é o único remédio conhecido para não me deixar levar pelo pessimismo, quando paro, a coisa fica logo «preta», é mais ou menos como os pneus dos carros de corrida, quando arrefecem perdem aderência, e assim para não arrefecer iniciei esta semana também em marcha acelerada, ontem no fim do almoço, que com-partilhei com a Patroa,  Filhos, Nora e Netos, arranquei para a Terra para regar os tomates do Agostinho, que já tinha entretanto chegado de férias, mas veio lesionado das costeletas, pelo que não era aconselhável tirar água a balde do poço, assim reguei, e pelas sete da tarde chegou o meu Camarada de caminhadas Vicente que tinha chegado de Peniche onde foi passear com  a Esposa.

Como não podia deixar de acontecer, lá fomos fazer a nossa caminhada, não sem antes a Esposa o ter avisado para ter cuidado com a apanha das amoras, aviso esse extensivo cá ao Rapaz, para ter cuidado com ele, porque por amoras ele vai até ao fim do mundo se preciso for, partimos com destino á Várzea, mal sabia eu, que ele já tinha andado a sondar um local onde havia destes frutos silvestres de tamanho muito generoso, só não as tinha apanhado por manifesta falta de comprimento dos braços, mas desta vez veio prevenido com um gancho, um cordão, e uma cana que apanhou no local, munido desta espécie de cana de pesca, ei-lo todo satisfeito a caçar estes belos frutos, mas muito próximo da vala que estava dissimulada pelas silvas, ainda o avisei para não se chegar muito á frente, mas não foi suficiente o aviso, e lá vai o Vicente pelas silvas a caminho do fundo da vala.

Aquilo até arrepiava, com picos por todo o lado, como é que vou tirar o Gajo do buraco? disse-lhe para não se mexer, pois cada movimento é mais umas ferroadas no cabedal, e lembrei-me que tinha visto no quintal do Ti Manel da Teresa ali logo ao lado umas varas, que tinham servido em tempos para estendal da roupa, dei lá uma corrida e em três tempos lá estava eu de pau estendido buraco abaixo para socorrer o «pobre» do Vicente que parecia um Cristo, tantos eram os arranhões que nem tive coragem de o fotografar, disse-lhe que era melhor voltar-mos para casa, e desinfetar os arranhões, mas qual quê, vamos em frente que isto não é nada e ainda tenho que comer muita amora até ao fim do dia, assim se fez, fomos até á Quinta do Lança, subimos até aos Casais da Fonte Pipa, e daqui até Vila Verde foi um pulo, aqui chegá-dos já noite, fomos até minha casa onde lhe mostrei umas fotos do antigamente que tenho no computador, despedi-mo-nos até breve, e não faço ideia como foi a recepção da Luzia quando ele chegou a casa naquele estado, e ainda bem que a época das amoras está no fim.

Entretanto na caminhada, e a pedido de diversas Famílias, e do Tintinaine em particular que pretendiam saber mais sobre este personagem que desde o ano passado me faz companhia nas caminhadas, aqui vão algumas notas: Nasceu e foi criado na minha rua, brincámos, estudámos e crescemos juntos, trabalhou no campo até ao Serviço Militar, no cumprimento deste foi como a grande maioria dos Jovens desse tempo para a Guerra em África, concretamente Angola, onde tirou a carta de condução, chegado á vida civil ainda andou uns tempo na Terra, trabalhando no campo, conduzindo tractores e camionetas.

Casou, e emigrou para  os Estados Unidos para onde foi trabalhar numa fábrica de plásticos, mas por pouco tempo, após o fecho desta no período do Natal foi-lhe dito que já não havia trabalho, estava a começar mal a aventura, mas não desanimou, em conversa com o nosso conterrâneo Zé do Talho, também ele Emigrante nos States e dando-lhe conta do fim do trabalho, logo este lhe arranjou trabalho para a fábrica de papel onde trabalhava, viu esta crescer, dos trinta e poucos Trabalhadores que tinha quando entrou, para os 3.200 no seu apogeu, com filiais em diversos Países, chegou a responsável na sua área de trabalho, fez-se accionista, aposentou-se após mais de trinta anos na casa, com um Filho Homem nascido e criado nos Estados Unidos, com os Sogros cá, tem passado os últimos anos cá e lá, na tentativa (conseguida penso eu) de dar apoio aos dois lados.
Mas acredito que não era isto que o Tintinaine mais queria saber, acredito que estaria á espera de algumas "historias cabeludas" mas não há, o Vicente é um Rapaz muito bem comportado daqueles que não mijam fora do penico, mas ainda assim aqui vai uma história inocente onde ele deu uma mão, e eu provavelmente as duas.
Fazíamos grandes patuscadas na casa da «D. Piveta» nome que nós inventámos para a casa que era do Graciano hoje do nosso Amigo Eusébio, eram coelhos ou galinhas que roubávamos ás nossas Mães, eram caracóis que apanhávamos, enfim tudo servia para fazermos uma festa, um dia, o que é que se havia de lembrar o Vicente e companhia? É pá anda aqui um gato sem dono, que só faz estragos nas nossas capoeiras e coelheiras, se o matássemos e convidasse-mos aí o Pessoal mais velho para o comer dizendo que era coelho? dito e feito o problema era que, a cabeça que do gato é diferente da do coelho e eles desconfiam, não há problema disse o meu primo Zé Carlos, a minha Mãe matou hoje um coelho e lá em casa ninguém gosta da cabeça, assim foi buscar a cabeça do coelho a casa, num tacho coelho, noutro gato com cabeça de coelho, quando o acepipe ficou pronto convidaram-se três Amigos bastante mais velhos que nós para o repasto, destes apenas um está  vivo, não digo os nomes para não ferir susceptibilidades,  na mesa foi propositadamente colocado do lado dos convidados especiais o gato, no outro lado o coelho para os que sabiam da marosca, depois de comidos e bebidos, (que diga-se o gato foi mais elogiado que o coelho), há um dos que sabia da marosca e começou a miar, foi o fim da picada, aquilo só não acabou em pancadaria graças a um dos convidados mais ponderados que deitou água na fervura, pois um deles fervia em pouca água  fez um pé de vento que só visto, mas acabou tudo em paz, com vêm uma história inocente.