sábado, 30 de junho de 2012

Decadência, Ou Futuro Brilhante?

Estamos lixados, já todos o percebemos, embora alguns digam que
não, que agora é que está no ponto, e que tinha de ser assim pois o Imigrante Sócrates deixou isto de rastos etc etc. e tal! Já vimos para onde caminhamos, economicamente estamos conversados, socialmente aproxima-mo-nos a passos largos do abismo, e é sobre isso que aqui queria deixar algumas palavras de leigo na matéria, mas ainda assim com opinião.
Ouvimos desde há muito (pela boca dos políticos) que Portugal é dos Países mais seguros da Europa, somos um Povo pacifico bons Chefes de Família, de brandos costumes, tudo bons rapazes, blá blá blá, palavras leva-as o vento.
Antes de ontem dia 28 de Junho do Ano da (des) graça de 2012, lá fui fazer mais uns quilómetros pela Capital, é dia de semana, sem pontes, feriados ou outro qualquer evento que me diga que não é um dia normal de trabalho, mas!

Mas isso é o que eu penso, logo que o comboio que me transporta se aproxima da Estação de Santos, verifico o frenesim de Rapazes e Raparigas na Av, 24 de Julho junto a um estabelecimento daqueles abertos até muito para lá do Sol nascer, no Jardim em frente á Estação da C.P. no inicio da Av. D. Carlos, enfim um movimento que francamente não esperava.
Saio nesta Estação e sigo com destino ao Miradouro de Santa Catarina, com intenção de tirar umas fotos, engano meu, juntos a dezenas de garrafas de cerveja e outras bebidas mais espirituosas, Rapazes e Raparigas em estado já muito avançado de pileca, brincam uns com os outros, alguns caminhando aos esses, sinal evidente de já não conseguirem  fazer um quatro.

São  Jovens dos  dois sexos, logo que me vêm dirigem-se-me a pedir tabaco, ou dinheiro, enfim tudo o que viesse á rede era peixe, meti a viola no saco e desapareci dali rapidamente, a uns metros de distância observo um carro da P.S.P. parado com dois Cívicos a dormitarem dentro dele, descansando muito provavelmente do trabalho que estes e outros Jovens lhe terão dado durante a noite,  subi rumo ao Bairro Alto onde «Observo» as ruas apinhadas de garrafas e copos vazios, com alguns copos pousados em carros ou caixas de electricidade a mostrar que os seus donos estavam tão cheios que já não lhes conseguiram ver o fundo, e deixando as sobras para algum menos abonado de carteira, que por ali andasse.

Atravesso o Príncipe Real, desço junto ao Jardim Botânico, com as palmeiras de grande porte a pedirem poda, e a fachada a solicitar reparação urgente, Praça da Alegria uma tristeza, apinhada de sem- abrigos, percorro a Baixa, com os bancos da  Av. Da Liberdade a servirem de dormitório a alguns que terão perdido o «comboio», ou quem sabe para que direcção fica a sua habitação, junto ao Teatro D. Maria II, nas sacadas das lojas no parque que já foi ajardinado junto ao Arsenal da Marinha, mais Gente a dormir por aí, e a conclusão é que a coisa está mesmo preta, uns por falta de trabalho, outros por falta de vontade para o mesmo, haverá de tudo um pouco como na Farmácia.

E o que fazem as Autoridades Nacionais e Autárquicas? assobiam para o lado, será que alguém de bom senso pode ficar indiferente a esta chaga Social? pensarão os políticos que os sem abrigo não tem necessidades fisiológicas? não cagam e não mijam? onde? a resposta é simples; nos locais onde pernoitam como é lógico, uma vergonha que está a crescer dia após dia, como qualquer Pessoa que por aqui anda pode constatar, é certo que nem todos andam ás horas que eu por aqui ando, e não observam o que aqui escrevo, por norma ás oito da matina lá andam centenas de Funcionários da Autarquia de vassoura na mão,  carros munidos de vassouras e mangueiras para tirar o cheiro ao mijum da noite para Turista não ver nem cheirar, mas quem por aqui mora ou trabalha leva com este perfume diariamente.

E os Jovens que me referi de inicio, e que se dedicam ao consumo de álcool noite após noite? o que está a ser feito para impedir que estes venham a ser os futuros sem abrigo? nada é claro, esta Gente que está ou tem estado na politica Nacional ou  Autárquica apenas e só se tem preocupado nos tachos para eles e seus amigos, não há tempo para estas miudezas, que importa que o Pais esteja á beira do abismo se eles estão  de carteira recheada? quem vier atrás que feche a porta, talvez nem todos sejam assim mas pelo que conheço não ando muito longe da verdade.
Longe de mim pensar sequer na proibição pura e simples das Pessoas saírem á noite e se divertirem, mas isto que "Observo" já não é divertimento, por uma razão ou outra isto é de «caixão á cova» é beber até cair, os Hospitais recebem centenas de Jovens em estado pré-comatoso devido ao consumo exagerado de álcool, tem que ser feito algo para evitar a destruição completa duma parte da nossa Juventude.





 As fotos que mostro nesta mensagem foram todas tiradas na Quinta-Feira de manhã, e a pergunta que faço é: de que vivem estes Jovens, que rendimentos têm que lhes permite provavelmente noite após noite andar por aqui até manhã, será que estão todos de férias ou serão aposentados, ou ainda viverão do rendimento garantido como hoje se pode ler num jornal diário com grandes «bombas» estacionadas á porta e recebem o rendimento mínimo? e como é que se permite que estes estabelecimentos estejam abertos até de manhã num dia de trabalho? eu que não sou viajado não faço a mais pequena ideia como será nos outros Países, mas tenho dúvidas que tirando os fins de semana estes estejam com horários (ou sem eles) destes, mas enfim isto serve apenas como desabafo dum pessimista, talvez até seja melhor assim Jovens «anestesiados» são mais facilmente arregimentados pelos «donos do poder».

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Peidos e Peidorreiros

De todos os sons que conheço o que mais gosto de ouvir é o de um «bom peido» não daqueles que só nos apercebemos pelo seu odor, o chamado peido de salão, mas daqueles que até fazem tremer as pedras da calçada, quando são nossos então um gajo até rejuvenesce! Andei á procura de algum blog que tratasse desta «arte» mas qual quê, parece assunto tabu, uma  coisa que todos fazem (penso eu) mas que ninguém fala, porque será? até parece que estamos a falar de algum crime, ou será mesmo crime? No Malawi é crime, mas é único Pais que eu saiba que criminaliza o flato com som, porque o silencioso é livre de sair quando lhe der nas ganas.
Pelo que julgo saber a nossa Lei não diz que peidar é crime, apenas e só é declarado desrespeitoso se for dado em Público, (com som), os mudos são há vontade do freguês! Os nossos «Amigos» Alemães até ficam aborrecidos se num qualquer banquete com convidados não se ouvir um rotundo peido, ou na falta deste um arroto, também conhecido como peido de elevador ficam até a pensar que não gostaram do repasto, ofendidos portanto.

Lembrei-me do peido quando fui fazer a  minha caminhada ao Passeio Marítimo, iniciei a  marcha em Paço de Arcos eram talvez 7h20, quando ia próximo da Praia de Santo Amaro cruzei-me com um Amigo "peidorreiro" que se admirou de eu ter começado agora a caminhada, diz-me ele: já venho de Carcavelos e como não se encontrava ainda ninguém quando comecei a marcha, tem sido uma maravilha, já dei uma camioneta de peidos desde que comecei a andar, agora já começamos a encontrar Gente e temos de meter travões a fundo, é verdade reconheço, mas tive um azar, o relógio que trago ao pulso cansou, e eu á espera das 7 horas para ir abastecer o carro, e só reparei que o gajo estava parado algum tempo depois.
Eu não queria dizer a razão de andar tão cedo nas caminhadas mas este Amigo descobriu-me a careca e agora já está, já todos sabem a razão, é para me poder peidar á vontade sem testemunhas, pois fiquei traumatizado quando fui castigado por dar um peidito na Tropa, e desde aí ando oprimido.

Aliás já que estou com a  mão na massa, informo a quem não sabe, que segundo os Médicos conhecedores do assunto, cada adulto produz diariamente cerca de um litro de peidos, divididos por 14 peidos ou bufas, sim porque isto de lhe dar voz não é para todos os cus, então os não peidorreiros onde é que metem aquela litrada de flatos diariamente?
Por causa dos flatos, (nome mais pomposo), foi o principio do fim da minha estadia na Marinha, ainda tinha poucos dias de permanência na nossa Armada, estava com os meus Camaradas acampado em tendas no Alfeite,  e estava convencido que não era crime dar som á coisa, quando já depois do toque de silêncio entra pela tenda adentro um graduado querendo saber donde tinha saído o dito., ninguém se acusou o que me encheu de orgulho daqueles Camaradas que não se «chibaram»,  entretanto o graduado  saiu, deixei passar um pouco de tempo e lá vai disto que amanhã não há, desta vez o sacana estava á escuta fora da tenda, entra acende a luz, e grita! ou dizem quem foi, ou vai tudo para a rua de castigo, o meu vizinho do lado apontou para mim, tudo estragado, rua com o cagão, só de cueca e camisola de manga curta em Março em plena parada e ali fiquei quase a desmaiar de frio, foi o primeiro de muitos castigos e por uma boa causa.

Hoje já não há Homens peidorreiros como antigamente, quando trabalhava no campo era um regalo, andávamos dez ou quinze Homens a cavar próximos uns dos outros, e aquilo era lindo ora peidava um ora peidava o outro, havia música de manhã á noite, hoje até para o peido de salão fazem cerimónia, mudam-se os tempos mudam-se as «vontades».
Mais tarde quando morava em Paço de Arcos formámos mesmo uma equipa, e que equipa, eram atiradores de primeira, faziamos a festa  e deitávamos os foguetes, e ainda apanhávamos as canas, ao fim do dia no largo do Cinema, aquilo era uma festa, um dos fogueteiros de maior valor era precisamente este que hoje encontrei no Passeio Marítimo, mas havia outros de grande valor, entretanto fomos nos afastando por razões quase todas elas iguais, mudanças de residências, alguns para bem longe, outros já se foram e já não peidam mais, e agora estou para aqui sozinho faço a festa só para mim, deito os foguetes mas já não apanho as canas, o que diga-se não é a mesma coisa que peidar em comunidade, o peido é para ser vivido em grupo, só assim é saboreado como merece.

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terça-feira, 26 de junho de 2012

Montejunto Hoje

Mais uma ida a Vila Verde, aproveitando o dia que não tenho cá os Netos,  hoje foram para os Avós Maternos, (ou melhor para a Avó pois o Avô está Hospitalizado mais uma vez, e as coisas não têm corrido nada bem) hoje ainda madruguei mais do que é habito, e ás cinco da madrugada já estava na cozinha a dar ao serrote, tratei do Sansão e eis-me na estrada a caminho, como a esta hora ainda há pouco trânsito fui mais uma vez pela A1 até ao Carregado, e logo uma coisa me chamou a atenção, á saída de Lisboa, junto ao Rio Trancão uma grande fumara-da pairava sobre a auto-estrada.

Estava a um incêndio activo e o ar irrespirável, ora este incêndio tinha começado ontem pelas 17h30, até esteve a A1 cortada nos dois sentidos, como no local não há Matas, apenas ervas, canas e outros arbustos de pequena dimensão, fiquei perplexo, se num incêndio destes já andavam a tentar apaga-lo há 13 horas, se fosse numa das poucas Matas que nos restam, como seria? o que se passa connosco? não temos segurança Publica já todos sabemos, também não temos Hospitais que nos socorram em condições, e agora verifico que na própria Capital do Pais com tantas Corporações com Voluntários e Profissionais será que não têm material? tenho ouvido queixas das Corporações sobre a falta de «carcanhóis» e já não são capazes de  fazer frente a um incêndiozito? estamos lixados, isto vai de mal a pior.

Cheguei á Terra ás sete horas, e antes de entrar em casa fiquei logo pior que estragado, parecia uma «guarda de honra á minha porta» merda de cão dos dois lados, e um cheiro a mijo que até agoniava, isto de um gajo gostar de se dar bem com toda a gente tem este preço, o cão que lá vai cagar está identificado, os donos soltam-no e sabem que o gajo vai fazer o serviço á minha porta, ainda á duas semanas apanhei o gajo com a boca na botija, e a dona assistiu á minha indignação, pensei eu pobre inocente e parvo, que a partir dali as coisas mudavam! é o mudas, vou ter uma conversa com o dono do dito logo que o veja, isso é mais que certo, não me está na massa do sangue «comer e calar».
Isto do respeito pelo próximo foi chão que deu uvas, um dia ainda vou levar lá o meu Sansão e colocá-lo a cagar á porta deles para ver como reagem, é só para tirar umas duvidas.

Tratei de limpar a merda lavar e desinfectar o mijo, dar uma rega no que lá tenho para regar, enchi o depósito com água do poço para o Agostinho regar durante a semana, fui com o Vicente abastecer ao Cafézada do Victor e partimos até á Serra de Montejunto, (de carro até determinado local, pois ir e vir até ao cume eram 14 quilómetros e cá o Rapaz não está preparado para tal distância) a partir daí subimos até á Ermida de S. João e ás ruínas dos dois Conventos existentes no local, sempre são 666 metros de altitude e quando lá chegámos já os bofes ameaçavam sair pela boca, embora da parte do Vicente não se note cansaço, hoje por duas vezes que o «apanhei» a ameaçar que se sentava, uma das vezes ainda abancou mesmo, só que desta vez fui eu que não lhe dei descanso.

Descemos até ao Quartel Militar semi-abandonado, e ao Lago que os antigos afirmavam ser um «braço de Mar» apinhado de rãs e peixes, mais umas voltas na tentativa de encontrar-mos a velha caranguejola do Padre Bartolomeu de Gusmão, mais dois quilómetros a penantes e seguimos de carro até ao Vilar, passando pelo Avenal, fui saber se havia  novidades no Vilar onde tenho alguns Amigos e não tenho lá ido, um deles também não tem andado bem de saúde pelo quis saber como estava, tive noticia que embora tenha estado uma noite internado já estará quase fino, regressámos a Vila Verde fiz mais uns trabalhos «domésticos», apanhei e comi umas ameixas  e ao fim da manhã regressei a Porto Salvo.

Já depois de terminar esta mensagem, lembrei-me que ainda tinha algo a escrever, e não pode ficar para outra ocasião, fui informado que no Domingo passado as Gentes de Cabanas Torres, aqui vizinhas da Serra, fizeram a sua Festa aqui, ora hoje encontrei um relógio que entregarei a quem provar que lhe pertence, mas há uma condição, que o seu proprietário não tenha sido uns dos que andaram a deixar lixo por todo o lado, se assim for o relógio reverterá a favor do primeiro que eu encontrar na rua com o pulso esquerdo a «ver navios» quero dizer sem relógio.


domingo, 24 de junho de 2012

Carta Aberta a Cavaco Silva

Com a devida vénia ao Autor que se identifica no final do texto, não posso deixar de publicar aqui uma carta aberta ao Venerando Chefe do Estado, que Familiar meu me enviou, e que considero do melhor que li nos últimos tempos.
Força na caneta, ou no teclado, caro: António Maria dos Santos

Senhor Presidente,

Há muito
, muito tempo, nos dias depois que Abril floriu e a Europa se abriu de par em par, foi V.Exa por mandato popular encarregue de nos fazer fruir dessa Europa do Mercado Comum, clube dos ricos a que iludidos aderimos, fiados no dinheiro fácil do FEDER, do FEOGA, das ajudas de coesão (FUNDO DE COESÃO) e demais liberalidades que, pouco acostumados, aceitámos de olhar reluzente, estranhando como fácil e rápido era passar de rincão estagnado e órfão do Império para a mesa dos poderosos que, qual varinha mágica, nos multiplicariam as estradas, aumentariam os direitos, facilitariam o crédito e conduziriam ao Olimpo até aí inatingível do mundo desenvolvido.
Havia pequenos senãos, arrancar vinhas, abater barcos, não empatar quem produzisse tomate em Itália ou conservas em Marrocos, coisa pouca e necessária por via da previdente PAC, mas, estando o cheque passado e com cobertura, de inauguração em inauguração, o país antes incrédulo, crescia, dava formação a jovens, animava a construção civil, os resorts de Punta Cana e os veículos topo de gama do momento.
Do alto do púlpito que fora do velho Botas, V.Exa passaria à História como o Modernizador, campeão do empreendedorismo, símbolo da devoção à causa pública, estóico servidor do povo a partir da marquise esconsa da casa da Rua do Possôlo. Era o aplicado aluno de Bruxelas, o exemplo a seguir no Mediterrâneo, o desbravador do progresso, com o mapa de estradas do ACP permanentemente desactualizado.
O tecido empresarial crescia, com pés de barro e frágeis sapatas, mas que interessava, havia pão e circo, CCB e Expo, pontes e viadutos, Fundo Social Europeu e tudo o que mais se quisesse imaginar, à sombra de bafejados oásis de leite e mel, Continentes e Amoreiras, e mais catedrais escancaradas com um simples cartão Visa.
Ao fim de dez anos, um pouco mais que o Criador ao fim de sete, vendo a Obra pronta, V.Exa descansou, e retirou-se. Tentou Belém, mas ingrato, o povo condenou-o a anos no deserto, enquanto aprendizes prosseguiam a sanha fontista e inebriante erguida atrás dos cantos de sereia, apelando ao esbanjamento e luxúria.
No início do novo século, preocupantes sinais do Purgatório indicaram fragilidades na Obra, mas jorrando fundos e verbas, coisa de temerários do Restelo se lhe chamou. À porta estava o novo bezerro de ouro, o euro, a moeda dos fortes, e fortes agora com ela seguiríamos, poderosos, iguais.
Do retiro tranquilo, à sombra da modesta reforma de servidor do Estado, livros e loas emulando as virtudes do novo filão foram por V.Exa endossados , qual pitonisa dos futuros que cantam, sob o euro sem nódoa, moeda de fortes e milagreiro caminho para o glorioso domínio da Europa.
Migalha a migalha, bitaite a bitaite, foi V.Exa pacientemente cozendo o seu novelo, até que, uma bela manhã de nevoeiro, do púlpito do CCB, filho da dilecta obra, anunciou aos atarantados povos estar de volta, pronto a servir.
Não que as gentes o merecessem, mas o país reclamava seriedade, contenção, morgados do Algarve em vez de ostras socialistas.
Seria o supremo trono agora, com os guisados da Maria e o apoio de esforçados amigos que, fruto de muito suor e trabalho, haviam vingado no exigente mundo dos negócios, em prol do progresso e do desenvolvimento do país.
Salivando o povo à passagem do Mestre, regressado dos mortos, sem escolhos o conduziram a Belém, onde petiscando umas pataniscas e bolo-rei sem fava, presidiria, qual reitor, às traquinices dos pupilos, por veladas e paternais palavras ameaçando reguadas ou castigos contra a parede.
E não contentes, o repetiram segunda vez, e V. Exa, com pungente sacrifício lá continuou aquilíneo cônsul da república, perorando homilias nos dias da pátria e avisando ameaçador contra os perigos e tormentas que os irrequietos alunos não logravam conter.
Que preciso era voltar à terra e ao arado, à faina e à vindima, vaticinou V.Exa, coveiro das hortas e traineiras; que chegava de obras faraónicas, alertou, qual faraó de Boliqueime e campeão do betão; que chegava de sacrifícios, estando uns ao leme, para logo aconselhar conformismo e paciência mal mudou o piloto.
Eremita das fragas, paroquial chefe de família, personagem de Camilo e Agustina, desprezando os políticos profissionais mas esquecendo que por junto é o profissional da política há mais anos no poder, preside hoje V.Exa ao país ingrato que, em vinte anos, qual bruxedo ou mau olhado, lhe destruiu a obra feita, como vil criatura que desperta do covil se virou contra o criador, hoje apenas pálida esfinge, arrastando-se entre a solidão de Belém e prosaicas cerimónias com bombeiros e ranchos.
Trinta anos, leva em cena a peça de V.Exa no palco da política, com grandes enchentes no início e grupos arregimentados e idosos na actualidade.
Mas, chegando ao fim o terceiro acto, longe da epopeia em que o Bem vence o Mal e todos ficam felizes para sempre, tema V.Exa pelo juízo da História, que, caridosa, talvez em duas linhas de rodapé recorde um fugaz Aníbal, amante de bolo-rei e desconhecedor dos Lusíadas, que durante uns anos pairou como Midas multiplicador e hoje mais não é que um aflito Hamlet nas muralhas de Elsinore, transformado que foi o ouro do bezerro em serradura e sobrevivendo pusilâmine como cinzento Chefe do estado a que isto chegou, não obstante a convicção, que acredito tenha, de ter feito o seu melhor.

Respeitoso e Suburbano, devidamente autorizado pela Sacrossanta Troika,

António Maria dos Santos
Sobrevivente (ainda) do Cataclismo de 2011

sábado, 23 de junho de 2012

"Observando" Lisboa

É hábito fazer a minha caminhada "observação" pela Capital durante os dias de semana, desta vez não o fiz e fui hoje até lá, não no «dr. Cascais» como também é normal mas no «cavalo» que tenho aqui á porta, esta onda de greves da C.P. deixa-me a falar sozinho, e não quero ficar apeado a esta distância, e lá fui até próximo da Praça da Ribeira, de onde parti para "Observar" alguns Bairros e ver como estão os arranjos para as Festas dos Santos Populares, é certo que por aqui quem mais ordena é o Santo António, mas os seus outros dois «Companheiros» também merecem ser festejados, pelo que até ao fim do Mês temos festa rija em honra de S. António, S. João e S. Pedro.

Segui pela Rua do Arsenal, fiz uma paragem junto á Csa dos Bicos hoje Fundação Saramago, e sobre esta Casa devo dizer o seguinte, claro está, tentado puxar a brasa á minha sardinha, quero dizer á minha Terra: Esta Casa foi mandada construir no ano de 1523 por Brás de Albuquerque, filho de Afonso de Albuquerque 2º Governador da Índia, que por sua vez era filho de Gonçalo de Albuquerque Senhor de Vila Verde Dos Francos, como se pode ver há aqui raízes da minha Terra, a minha Irmã Isabel que lê tudo o que escreveu Saramago, provavelmente não sabia a História da Casa onde este tem a Fundação.
Embrenhei-me no Bairro de Alfama, onde percorri algumas Ruas e Vielas, subi ao Castelo, e daqui até á Mouraria foi um pulo.

A paragem habitual (ó sr. Passos Coelho não me prive deste pastelinho acompanhado dum cafezinho, que é o único vicio que me resta está bem? e é só uma vez por semana, eu não abuso, ou já me estou a alambazar? se achar que sim avise que eu paro.)
Segui depois pelo Rossio, subi a rua do Carmo, Chiado, Largo Camões, desci junto ao Elevador da Bica que estava de «vacances» Largo de Santo Antoninho que suspeito seria Filho de Santo António, pois ainda hoje tempos o habito de tratar os Filhos pelos diminutivos, e não há duvida que Antoninho será o diminutivo de António, se estiver enganado que me desculpem Pai e Filho.
Afinal parece que estava mesmo enganado, este Santo Antoninho era Brasileiro e muito mais moderno que o S, António que terá falecido em 1231, o Antoninho nasceu e morreu no Século passado, 1918-1930 tendo portanto morrido com apenas 12 anos de tuberculose.

Depois foi o percurso de regresso, passando pelo Largo de São Paulo, e uma visita á Praça da Ribeira.
As fotos gigantes que mostro de Senhoras com alguma idade, foram fotos que tirei numa casa onde estão expostas no Beco das Farinhas próximo da Igreja de São Cristóvão na Mouraria, e são de  uma fotografa Inglesa nascida em Oxford e que vive e trabalha no Bairro da Mouraria onde tem o seu Atelier no Largo dos Trigueiros, e que desta forma quis homenagear as moradoras deste Bairro. Bonita forma de homenagear estas moradoras, gostei do trabalho e ainda mais do gesto pouco habitual nos tempos que correm, a fotografia em tamanho normal  em plena laboração numa parede da Mouraria é da Fotógrafa, que assim singelamente também homenageio pelo seu gesto.





quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vila Verde Ontem

Ontem dei um salto á Terra, mas da parte da tarde, ao contrário do habitual que; ou fico lá de um dia para o outro, ou desde que a Patroa adoeceu vou de madrugada e antes das oito já lá estou, agora com os Netos de Férias tenho-os cá a fazer-me companhia, e tenho estado mais ocupado, assim reguei o que era de regar, apanhei umas ameixas, comprei um saco de batatas novas, mais um resto das velhas que ainda lá tenho guardadas na adega do meu Amigo José Pedro a quem compro para todo o ano e que faz o favor de mas guardar e tratar o ano inteiro, e como não podia deixar de ser quando ele está lá aproveito para mandar mais um bocado de colesterol pelos montes e vales que cercam Vila Verde com o meu Amigo Vicente, e regressei a Porto Salvo ao fim da tarde.

A Caminhada foi mais uma vez um bocado longa e uma boa parte por difíceis caminhos, mas o Vicente já tinha saudades do «Penedo dos Ovos» e lá fomos direitos á "Fonte Nova" (por acaso muito mais velha que nós) caminhos das das propriedades agrícolas até á Furuana, Chorão a seguir a estrada que vai para o Avenal junto á pista do motocrosse seguimos junto aos Moinhos, e no último deles vimos um Homem a fazer girar manualmente os mastros do moinho sem as velas desfraldadas, fomo- -nos aproximando, dissemos quem éramos e ao que vínhamos, afinal a Pessoa até é Irmão de um nosso Amigo que mora em Vila Verde á muito, e explicou-nos o que andava a fazer, o que achámos curioso, os moinhos têm búzios, que são uma espécie de cabaças em louça, e que apenas servirão (julgo eu) para fazer som, como são de diversos tamanhos até sai um som agradável, pois o Proprietário do Moinho andava a tirar ninhos de dentro desses búzios, uns pássaros que segundo ele são maiores que os melros mas tal como estes de côr preta fazem criação dentro dos búzios e depois acabou-se a «música» que eles produzem.

Seguimos então até ao Penedo dos Ovos, (não conto a história do porquê do nome para os meus conterrâneos não se melindrarem) e só ai percebi a vontade que o Vicente tinha de lá ir, eu conto que ele não vai levar a mal com certeza, ele está á muitos anos nos E.U.A. e durante muitos desses anos não tivemos contacto, pelo que não acompanhámos as vidas de um e outro nesses anos todos, e como todos sabemos mesmo aqueles como eu que nunca estiveram nos States, que por lá há muitas religiões, parece que em cada esquina há uma a fazer concorrência á outra, e o nosso Amigo Vicente também tinha de arranjar a sua, que só ontem descobri, ao vê-lo subir ao dito Penedo, levantar as mãos aos Céus, e fazer ali mesmo como que o «sermão da montanha», é certo que falou em Inglês e eu não percebi patavina, mas basta ver a maneira como ele levantava as mão para não ter dúvidas, após aquele bonito sermão desceu, eu confesso que até estava com receio que em vez de descer ele subisse, mas não, veio mesmo para baixo e deu tudo certo, e lá fizemos mais uns quilómetros (oito e meio no total) até Vila Verde onde nos despedidos até para a semana.