segunda-feira, 29 de abril de 2013

ALFAMA E NÃO SÓ, HOJE

Mais uma ida até á Capital, hoje parti do Cais do Sodré com destino a Alfama, segui pela Rua Ribeira das Naus, e Terreiro do Paço, e aqui fiz uma primeira foto para um primeiro comentário, refiro-me á desactivada Estação Fluvial, que durante muitos anos foi local de chegadas e partidas dos Barcos para o Barreiro, Seixal e Montijo, entretanto foi construída ao lado uma nova Estação, e a antiga ficou ali ao abandono ( como aliás é norma quando o dinheiro não é deles) foram partindo vidros, o relógio da frontaria, etc., e hoje serve de dormitório a alguns sem abrigos, junto aos antigos portões de acesso.

Segui até Santa Apolónia e aqui também parei um pouco para alinhavar umas ideias quanto aos muitos Navios de Cruzeiro que ali ficam um dia em cada viagem, mas sobre isso já escrevi o que pensava no Facebook, fiz ali a agulha e retrocedi para Alfama, é uma zona onde passo muitas vezes, procurando sempre caminhos diferentes mas que acabam por ir dar sempre ao mesmo sitio, ao Miradouro de Santa Luzia, e hoje não foi diferente, tendo antes passado junto a algumas casas de Fados, como mostro numa foto, e a casa onde trabalhei numa das Ruas mais típicas de Alfama a rua da Regueira, como contarei a seguir.



Passei pois junto á casa onde trabalhei, hoje abandonada, (que se vê numa foto e onde se lê "a Freguesia é do povo, não á extinção", trabalhei ali há muitos anos, e este trabalho tem uma pequena História, o seu proprietário (Sr. Santos) e para além deste estabelecimento, que tinha Mercearia e Leitaria, era proprietário de vários carros de aluguer sem condutor, o Homem tinha tanto medo de ser roubado pelos Empregados, que há mais de 20 anos não ia á sua Terra, o meu Cunhado Vasco era seu Amigo e o Sr. Santos intercedeu junto dele para ver se conhecia alguém de confiança para ficar lá na casa enquanto ele ia matar saudades da Família e da Terra, embora eu pouco percebesse do assunto o meu Cunhado pediu-me e eu lá fui fazer aquele Mês para o Homem ir finalmente á Terra. Pude então constatar que quem roubava não eram os Empregados mas os Clientes, nomeadamente Rapazes, muito novos, pelos dez anos de idade, a fruta então voava das caixas onde estavam expostas mal um gajo virava costas. Desde essa data e já lá vão quarenta e tal anos fiquei apaixonado por este Bairro da Cidade.

Subi toda a rua da Regueira até ao Miradouro de Santa Luzia, e daqui ainda subi mais um pouco até ás ruinas subterrâneas do Museu Teatro Romano, que fica no Pátio do Aljube, daqui daí para a frente foi só poupar combustível, sempre a descer, ainda passei pelo Largo do Caldas para tentar saber se o Portas já tinha tirado o tapete ao Passos, mas nem viva alma por ali àquelas horas, desci mais um pouco até á paragem do costume para abastecer, desci ainda mais até á Praça do Comércio, caminhei junto ao Tejo pela recém arranjadinha margem do Rio entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré.

Aqui outra coisa me deixou a falar sozinho, neste local foi construído um Quiosque, que pela publicidade ostenta vende diversas coisas entre as quais bebidas quentes e frias, bolos etc. e a conversa que tive comigo foi a seguinte: será que as Pessoas que exploram estes estabelecimentos necessitam mesmo de ganhar dinheiro? acredito que não! É que passo ali sempre por volta das nove horas e nunca vi aquilo de portas abertas, ou combinaram com o pessoal das lojas dos Centros Comercias para aberturas ás 10 da manhã? tenham pena cá do rapaz que anda por aí ao amanhecer e vê tudo fechado, uma tristeza! Meu rico Salazar que obrigava a malta a pegar ao serviço ao nascer do Sol. Olhem que este paragrafo foi só a brincar, de Salazar já tenho a minha conta.
 

sábado, 27 de abril de 2013

AGORAFOBIA, TAL E QUAL

Fobia ou Agorafobia? Tanto Faz .
No dia 18-11-2011 publiquei a mensagem que se segue, dando conta de algumas melhorias no que a mim diz respeito, agora tive uma recaída, e a coisa está novamente a regredir, aconteceu no passado dia 25. Como havia várias corridas a pé organizadas pelo Grupo Desportivo de Vila Fria, fui até lá para ver como me saía com tanta Gente á minha volta, bebi um café no Bar, e sentei-me cá fora na esplanada lendo o jornal, e observado o ambiente, entretanto comecei a sentir-me mal, tendo saído dali rapidamente, portanto o resultado da experiência foi catastrófico, e para não repetir, portanto está provado que muita Gente só longe de mim, o que não é nada agradável numa altura em que pensava estar em franca recuperação.

 
                                                                MENSAGEM PUBLICADA EM 18-11-2011



Hoje vou tentar escrever algo sobre esta uma doença  que atinge muita Gente mas que ao contrário de outras não é conhecida da maioria, talvez porque tal como: alcoolismo, epilepsia, esquizofrenia e outras ligadas á mente, (e que a bem da verdade algumas só há muito pouco tempo são consideradas doenças), antes eram consideradas vícios ou manias, algumas até quando atingiam algumas Famílias da classe dominante eram escondidas em Asilos ou Hospitais Psiquiátricos, não fosse o Povo começar a falar, o que não convinha nada para manter o status social e politico, não falo por ouvir falar, sou testemunha presencial de situações destas.



 Então aqui vão algumas características desta maleita e como lhe passar a perna não deixando que nos agarre, porque se isso acontece é complicado safarmo-nos dela.
Agorafobia é a designação Médica para a fobia aos ajuntamentos de Pessoas, e tudo o que possa impedir a livre circulação do Individuo com este problema, e que na prática o inibe de fazer uma vida normal, o problema não se limita ás multidões, é impedimento para por exemplo, entrar num qualquer estabelecimento com muita Gente, uma fila de carros parados é motivo para  grande aflição, e se for em Auto-Estrada pânico mesmo, pois só de pensar que não pode inverter a marcha é uma tortura.

Uma ida ao cinema, ao futebol, a um Restaurante ou uma Tourada se for um aficionado, a uma Missa se for Religioso, Casamentos ou Baptizados mesmos de Familiares próximos, qualquer espectáculo ao vivo já era, a Pessoa com esta fobia antecipa o que poderia acontecer quando algo o impede da «fuga» previsível quando tiver de dar á sola por fadiga mental ou física, o campo tem que estar sempre livre á sua frente, nada o pode deter quando o sinal de alarme tocar, isto aplica-se no lazer ou no trabalho, onde as reuniões são uma praga, os almoços ou jantares fora de casa são castigos e não momentos de prazer, o trabalho passa a ser o seu único «hobby» e para ser vivido 24 horas por dia, a Família fica em segundo plano, e os Amigos perdem-se, porque não há tempo nem paciência para rotinas, e assim se chega ao inferno.


A cura é nunca se deixar apanhar por esta fobia que vem de mansinho como qualquer carteirista nos transportes, é silenciosa, e cruel, se por acaso já se está apanhado por ela, um esforço para manter os hábitos  anteriores (desde que estes sejam sãos) não ceder á tentação de:  hoje não me apetece conversas, amanhã não porque tenho outro compromisso, as Férias são para passar no mesmo local onde passo o resto do ano, não vou ao Médico porque não tenho paciência para estar na fila duas ou três horas, não vou beber um copo com os Amigos porque há lá um que bebe de mais e fica a noite toda a falar coisas sem sentido, também não vai aos anos dos Filhos ou Netos porque estes já sabem o que a casa gasta e não vão levar a mal, nada disto tem sentido, e tem de ser travado enquanto há tempo.

Tudo o que aqui fica dito é como se compreende na primeira Pessoa, e é dito neste momento por uma razão bem simples, tenho dado alguns passos para combater esta situação que me trama há bastantes anos, diria desde sempre, ao contrário do que afirmam os Médicos  que isto acontece por norma entre os 15 e 18 anos, sempre me lembro de tentar passar despercebido em especial quando havia mais Gente que o habitual, já na Escola sempre que podia dava á sola.
Como dizia, escrevo agora sobre este assunto por estar a dar alguns passos no sentido de melhorar a moléstia, mas também para dizer as razões que contribuíram decisivamente (espero não voltar para trás) para esta melhoria: como já afirmei noutra ocasião tenho lugares certos onde faço algumas compras ou simplesmente beber um café, isto por uma razão simples é que frequentando sempre as mesmas casas as Pessoas ficam-me a conhecer e não me fazem esperar, que é outra coisa ainda hoje impossível de acontecer, esperar nunca ( até no Hospital já internado, levantei ferro sem alta, porque já estava farto de esperar pelo Médico).  Há cerca de um ano entrei pela primeira vez levado já não sei por quem a uma café que fica aqui próximo, dessa primeira ida ficou a ideia que a casa era qualificada cá para o Rapaz, pois as Pessoas presentes falavam com os decibéis correctos, o Homem do balcão pareceu-me bom anfitrião (que mais tarde acabei por confirmar), e dessa primeira vez outras se seguiram, e lá arranjei um grupo de Amigos na reforma como eu, mais um ou outro que trabalhando lá vão nas horas de lazer dar um dedo de conversa, e assim conversando sobre tudo e mais alguma coisa também se falou de nós, e das nossas mazelas, a minha veio á baila, com a admiração que isso normalmente causa a quem nunca ouviu semelhante coisa, e a partir daí foram estes novos Amigos a darem-me grande incentivo para tentar ultrapassar esta barreira, o que até agora tem tido algum êxito. Portanto em vez de procurarem  Psicólogos ou Psiquiatras se tiverem problemas com fobias, arranjem os Amigos certos que a coisa resulta.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 DE ABRIL, SEMPRE

Mais um ano que passa sobre esta data memorável, muito se fez, muito se perdeu, mas o saldo é incontestavelmente positivo, é frequente dizermos que de todas as conquistas de Abril «só» resta a Liberdade, como se isso fosse pouco, aceito que os que nunca viveram a ditadura que pensem assim, também os que a viveram sem sobressaltos de qualquer espécie, e ainda com mais razão os que com ela colaboraram, considerem a Liberdade como um dado adquirido e de menor importância, mas para aqueles que sofreram as consequências da falta dela, é um bem inestimável.


É certo que o retrocesso em termos sociais é um facto alarmante, o desemprego é galopante, a saúde está pelas horas da morte, a educação é uma coisa onde se faz de tudo menos aprender, as próprias Famílias estão sem rei nem roque, onde as prioridades de alguns são o exibicionismo em vez do bem estar e união Familiar, tudo isto com a conivência quando não sob a batuta da distintíssima classe politica, veja-se o caso dos chamados casamentos homossexuais, como se o Pais não tivesse outras coisas mais importantes para resolver, dito isto, e considerando estas algumas das chagas com que nos debatemos, não chegam para dizer que o 25 de Abril não valeu a pena.

Assim, e mais uma vez agradeço aos Militares que levaram a cabo a tarefa de derrubar o regime caduco mas apesar de tudo activo na sua senda de privar da Liberdade todos os que de alguma maneira se opunham ao estado de coisas que teimosamente recusavam mudar, apesar dos avisos internos e externos, este agradecimento a todos os que lutaram para que hoje fosse possível estar aqui a clicar no computador dizendo publicamente o que achar por bem, sem o perigo do lápis azul, ou pior, ser preso, e aos Militares que levaram a cabo a tarefa de mudar o regime, faço-o a um em especial, que faz o favor de ser meu Amigo, Otelo Saraiva de Carvalho, esse mesmo a causa de todos os males, felizmente para ele, e mal para nós, comprova-se que não foi ele nem os Militares ( apesar dos erros cometidos) que levaram o Pais á ruína, apesar de todo o poder que tiveram, não há um único que tenha sido acusado de pôr a «mão na massa»! E os políticos a quem entregaram o poder, pode dizer se o mesmo?
 

terça-feira, 23 de abril de 2013

VER, E MOSTRAR LISBOA

Mais uma caminhada pela Capital, com partida de Santos, passei pela Rua da Boavista onde outrora estava sediado o maior armazém de retalho do País, o célebre Armazém do Conde Barão, cujo edifício está agora ao abandono e em ruinas como se pode ver numa foto, a seguir fui subindo até ao Miradouro do Adamastor, que tal como grande parte de Lisboa continua em obras, (e estamos em crise, olhem se a vaquinha continuasse a dar leite como outrora), apesar da dificuldade do acesso, fotografei um Navio de Cruzeiro que vinha a entrar em Lisboa.
Mais uma subida até ao Bairro Alto, aqui nada de novo  não ser os restos da noite, com lixo garrafas e copos espalhados pelo chão, daí aproveitei duas varandas engalanadas para tirar uma foto.

A seguir uma passagem pelo Jardim São Pedro de Alcântara, observei o Elevador da Gloria, todo borrado dos pintores nocturnos, uma vergonha sem fim á vista, um pouco mais abaixo seguindo pela Rua do Alecrim, mais uma foto do da Estátua do Cauteleiro no Largo da Trindade, e depois fui descer as escadinhas do Duque, aquilo nunca mais acaba, e desta vez deu-me para contar os degraus, que somam o bonito número de 273 da Trindade ao Rossio, depois aqui mesmo ao lado, no Poço do Borratém, fui abastecer com a dose do costume, um pastel de bacalhau frito na hora e um café, e regresso para junto ao Tejo.

 
Este percurso que faço habitualmente entre o Rossio e o Rio Tejo, tem uma explicação, é certo que vou por norma para o Cais do Sodré, e o melhor caminho será este junto ao Rio, mas há alternativas, como o Chiado e Rua do Alecrim e outros percursos, mas para mim ir a Lisboa e não passar junto ao Terreiro do Paço, é como ir a Roma e não ver o Papa, e a razão só pode ser uma, o  que me «chama» ali, é a nostalgia do meu tempo de Marinheiro, é verdade, embora a minha estadia nos Fuzileiros tivesse sido breve e cheia de espinhos, ficou-me o bichinho deste nobre Ramo das nossas Forças Armadas, tanto é assim que tenho visitado várias vezes a minha antiga Unidade, a Escola de Fuzileiros em Vale do Zebro, no Barreiro.

E Ontem mais uma vez lá fui dar uma olhada á Doca da Marinha, para quem não conhece fica em frente ao Campo das Cebolas, observar a Vedeta que faz o Transporte de Militares e Civis que labutam na outra banda, no perímetro do Alfeite. No momento em que por ali passei estavam a embarcar os Passageiros para mais um dia de trabalho, esperei um pouco para ver o Navio partir e tirei algumas fotos já com ele em andamento, e curiosamente, (só vi depois de passar as fotos para o computador) a Vedeta passou rés vés com um Cacilheiro que tem o nome duma grande figura de Alenquer, o meu Concelho de naturalidade, trata-se de Damião de Góis, que terá sido morto pela, ou a mando, da Inquisição, se hoje andasse por cá, não tenho grandes dúvidas que também andava por aí a cantar Grândola Vila Morena, ai cantava, cantava.
 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

CAMINHANDO NA LINHA

Um caminheiro como eu que anda por aqui e ali, muitas vezes pisando terrenos desconhecidos, sujeita-se a várias surpresas, umas boas outras assim assim, a pior das quais e que já me ia saindo na rifa é calçar um automóvel, seja por falta de passeios para Peões, seja porque estes estão ocupados pelos popós que têm de ficar a dois metros da residência ou local de trabalho do seu proprietário ou utilizador, ou ainda apanhar um susto sem consequências, enfim quem anda á chuva molha-se, e quem não arrisca não petisca, e eu quero continuar a petiscar, quero dizer a caminhar, doa a quem doer.

Assim ontem na minha caminhada por Estoril e Cascais saiu-me na rifa uma boa surpresa, como aqueles que me tem acompanhado já sabem, sou um bocado despistado, em Português corrente cabeça no ar, tudo me acontece e muitas vezes sou eu que ajudo a que aconteçam, mas vamos ao que interessa, ia em passo acelerado na Av. Principal de Cascais entre o antigo Cinema e  Jardim que fica junto, e na direcção da Praia dos Pescadores quando ao olhar para a minha direita observo um vulto de Mulher sentado num parapeito dum prédio, lá bem alto, àquelas horas madrugadoras surpreendeu-me e assustou-me.

O meu primeiro pensamento foi, a Mulher vai-se atirar dali abaixo, despenca-se dali e vai desta para melhor, é que a  altura era dum terceiro andar, ou é doida e está ali para dar espectáculo, de qualquer maneira, e  como Cidadão responsável o melhor é telefonar para a Policia que alertará os Bombeiros antes que aconteça aqui alguma tragédia, e nisto agarro no telemóvel para marcar o 112, mas eis que passa um Rapaz (que depois soube que trabalhava ali próximo) e que reparando na minha aflição pára e diz, ó amigo olhe que aquilo eu vê lá em cima não é uma Mulher! Olhei para ele admirado, e voltei a olhar lá para o alto, e com mais um pouco de atenção, verifico que realmente tratava-se de uma manequim, agradeci ao meu interlocutor a informação, e saí dali o mais rápido que pude antes que fosse motivo de risota para os outros passeantes, (que felizmente àquela hora ainda estavam em vale de lençóis) é a dura a vida dum cabeça no ar.
 

sábado, 20 de abril de 2013

HOJE FOI ASSIM


Mais uma dia que vai passando, uma caminhada, mais umas fotos com história, outras para encher, umas palavras mais sobre tudo ou coisa nenhuma, em suma para ir passando algum do tempo que é coisa que por enquanto vou tendo de sobra, e sempre é melhor ir gastando algum fazendo alguma ginástica aos miolos para ver se não enferrujam, do que andar por aí ao sabor das ondas, gastando o meu Latim com miudezas que não levam a nada, enfim cada qual come do que gosta (se tiver possibilidade de escolha) que eu por aqui vou andando, de teclado numa mão e comando da TV na outra.

Assim, e começando pelo inicio deste meu passeio matinal pelo Estádio Nacional, onde deixei o «burro a pastar» pretendia tirar uma foto do Estádio em boas condições, mas agora está tudo vedado e a que mostro foi a possível, observei a ponte da Cruz Quebrada, que já soma a bonita idade de 407 anos e mantém-se ali firme e hirta aguentado todos os popós que ás centenas a pisam sem dó nem piedade, sabendo ela que foi feita quando muito para suportar umas carroças puxadas por bestas, bem, destas ainda lá passam algumas! Junto desta, lá está a Cruz que é o símbolo da Terra.

Daqui caminhei até Algés (ó Mana desculpa não te ter ido fazer uma visita mas eram horas impróprias para isso)  aqui observei na rua Major Afonso Palla ou rua das Estátuas como será mais conhecida, que quase todas as Estátuas (e são muitas que lá existem) tinham pendurados cartazes com dizeres alusivos á crise por que estamos a passar, melhor que as minhas palavras leiam o que lá está nas quatro que aqui deixo.
Depois caminhei junto á linha férrea mas do lado do Tejo, fotografei o Rio e numa das fotos o aglomerado que se vê ao longe é Paço de Arcos.

Nesta caminhada que veio terminar no local onde iniciou como não podia deixar de acontecer, passei junto ao pontão da Cruz Quebrada, e aqui parei um pouco falando comigo mesmo, (meu companheiro inseparável), e ao olhar para ele cortado ao meio, fico a ver todo o percurso de governação que nos tem encaminhado para o buraco desde o dia 18 de Novembro de 1983, dia ou melhor noite em que este pontão de suporte do Rio Jamor ficou partido ao meio, aliás acompanhado nesta tragédia pelos outros dois que suportam as Ribeiras que vêm desaguar no Tejo dentro do Concelho de Oeiras, as outras são em Caxias e Santo Amaro de Oeiras que também ficaram destruídas nessa noite de grande cheia que aconteceu aqui  na Região, e que matou uma dezena de Pessoas e desalojou cerca de 2000.

Perguntarão o que tem a ver a governação dos últimos trinta anos com o pontão partido? Tem tudo a ver, daí para cá já ouve 7 governos, que por sua vez nomearam pelo menos 7 ministros das obras públicas, vieram toneladas de dinheiro da moribunda C.E.E. que foi gasto á tripa forra nisto, naquilo e naquele outro, e nenhum ministro secretário de estado ou equiparado colocou mãos á obra e repôs no seu lugar aquilo que a água destruiu, é desleixo a mais, aquilo foi feito para proteger as margens das Ribeiras, evitar a poluição das Praias e o assoreamento dessas mesmas Ribeiras, ou então quem projectou estas obras era ignorante, o que eu não acredito, uma vergonha, agora que aquilo com que se compram os amendoins acabou, já não vou ver as muralhas como as vi antes desta fatídica data, uma vergonha, (para quem sabe o que isso é).

Soubesse eu que isto era assim (naquele tempo era um sonhador) e não teria dado tanto ao canastro no salvamento dos bens Públicos  (bem como os meus Homens) foram dias semanas e alguns Meses para colocar-mos as centrais destruídas pela mesma intempérie operacionais novamente, uma delas reconstruímos de raiz, e após a conclusão da obra, ensaiado o equipamento, que estava destinado ao ferro velho, e sem gastos para o erário, a não ser o nosso vencimento, (que estava garantido, com ou sem estes trabalhos) nunca chegou a funcionar, depois da obra pronta, as cabeças pensantes há época (das vacas gordas) decidiram construir uma central de raiz, com equipamento novo, há mágoas que nem o tempo consegue fazer desaparecer.
Como dizem alguns dos cartazes que aqui mostro, "um dia revolto-me".