Foi a área onde assentei praça, em meados dos anos 70 do século passado. Corria o Ano de 1975 e em pleno P.R.E.C. sou confrontado com o fim da empreitada que a firma para onde eu trabalhava tinha com a C.R.G.E. da qual é herdeira a E.D.P. ao fim de alguns Meses de tentativas para arranjar trabalho, e em conversa com um Vizinho que habitava o mesmo prédio na Urbanização da Quinta da Figueirinha em Oeiras, diz-me para ir falar com o Director Delegado dos Serviços Municipalizados de Oeiras, porque tinha-lhe constado que estavam a admitir Pessoal, assim fiz, o Director perguntou-me se tinha algum problema em ir trabalhar para as Estações de Esgotos, respondi que não, e no dia seguinte já lá estava a trabalhar.
Tinham os Serviços nessa altura oito Estações Elevatórias de Esgotos, tantas como Povoações á beira Tejo, mas apenas uma a trabalhar permanentemente, as restantes não estavam a funcionar, ou por falta de Pessoal ou outros motivos que me escapavam, assim no prazo de três Meses após a minha entrada, cerca de vinte Homens foram admitidos para colocar todas as Centrais em funcionamento 24 horas ao dia.
Começando por Algés e Dafundo que bombeavam para Lisboa, Jamor com emissário Submarino bombeava para o Mar, Caxias para Caxias II e esta para o Mar, Paço de Arcos para Santo Amaro e esta também para o Mar pelo Emissário Submarino, estava portanto e finalmente a ser aproveitado o grande investimento que tinha sido feito ao longo dos anos para a melhoria da qualidade das águas Ribeirinhas dentro do Concelho.
Neste primeiro Verão com todas as Centrais a funcionar, mas ainda sem açudes nos Ribeiras embora as Praias tenham ficado bastante mais limpas, ainda estavam longe do ideal, pois as Ribeiras da Laje, Barcarena e Jamor vinham muito poluídas, essa situação resolveu-se no ano seguinte com a colocação de açudes nas três Ribeiras, daí em diante só alguma avaria no equipamento ou chuva fora de época perturbou a limpezas das Praias.
Até que se dá o retrocesso, estávamos em Novembro de 1983, quando acontecem grandes cheias na Região, todas as Centrais que ficam junto ás Ribeiras ficam com todo o equipamento eletromecânico destruído, tendo este que ser todo substituído, o'trabalho que iria levar bastante tempo a ser executado, muito provavelmente nunca antes da Época balnear se iniciar.
Nessa altura já com responsabilidade de chefia nessas instalações, e como as Oficinas não conseguiam dar o andamento necessário nas substituições e reparações em tantas Centrais em simultâneo, sou desafiado a montar uma oficina dentro do meu sector, ( até aí tinha apenas a responsabilidade pela operação das mesmas e do Pessoal que lá trabalhava) aceitei o desafio, e acabámos por ser-mos nós a reconstruir praticamente tudo, com excepção dos trabalhos de construção civil. Foi um trabalho árduo executado por Pessoal não especializado com excepção do Electricista, mas ao mesmo tempo gratificante, aprendemos todos com esta tarefa, e nasceu aí o que seria futuramente o suporte de todas as reparações de equipamento dos Serviços.
Ao mesmo tempo sofro também a primeira grande decepção.
Ao mesmo tempo sofro também a primeira grande decepção.
A Central de maior dimensão em termos de caudal que lá entrava era a de Santo Amaro de Oeiras, montámos aí grandes bombas submersíveis que estavam abandonadas num canto nas antigas oficinas, e que tinham sido montadas e desmontadas em duas Centrais na Brandoa sem nunca terem funcionado, o nosso Electricista montou de raiz um quadro eléctrico de grande dimensão e complexidade, os outros Funcionários fizeram a montagem das grandes bombas nos tanques existentes tendo estes que ser ampliados e adaptados para o funcionamento do novo equipamento, depois de tudo montado, testado e verificado que estava tudo operacional, nunca se recebeu ordem para o arranque do equipamento,que esteve alguns anos parada, novamente desmontado todo o equipamento até que construíram uma central de raiz, ainda hoje não consigo atinar com este absurdo, mas também sei que há razões que a razão desconhece! em frente.
Temos portanto um serviço exemplar na despoluição das Praias do Concelho embora os esgotos continuem a descansar no fundo do Tejo, a umas centenas de metros da rebentação.
Estamos entretanto em 1995 e é oficialmente criada a Empresa Sanest, que irá a pouco e pouco tomar conta do Saneamento da Costa do Estoril, aderem as Câmaras da Amadora, Oeiras Cascais e Sintra, a nós subtraem-nos as mais importantes Centrais, nessa altura já tinha também sob a minha responsabilidade todas as Centrais e Depósitos de água potável para além da oficina que fazia todo trabalho de manutenção e reparação dos equipamentos, pelo que nenhum Pessoal foi para a nova empresa, trabalho não nos faltava, mas a amputação criou-me engulhos.
Foi entretanto a segunda decepção que sofri, não entendi que a Secção que mais se destacava pela qualidade do trabalho prestado, lhe amputassem uma parte importante do seu trabalho, isto até parece idiota, num Pais onde quanto menos trabalhar melhor é, eu ficar aborrecido por me tirarem trabalho, fiz as minhas preces aos que me eram superiores, mas nada a fazer também não eram eles decidir. O que me doeu mais foi ter feito um trabalho que não foi aproveitado, e depois saber que as coisas não iam melhorar como comprovei, o sistema que a Sanest implementou na Guia em Cascais era igual ao nosso que já tinha mais de vinte anos, um interceptor que recebia os esgotos dos Concelhos aderentes, e uma Estação Elevatória na Guia, onde eram retirados os sólidos, e os líquidos iam para o Mar por um Emissário Submarino com três quilómetros de comprimento, aqui a única coisa que se alterava era o tamanho da coisa, quer dizer dos Emissários Submarinos, pois os nossos eram mais curtos, mas o processo era o mesmo, então se não era para inovar ou melhorar porquê retirar um serviço que funcionava na perfeição? Em frente.
As coisas foram tão a passo de caracol, que em finais de 2006 a Comissão Europeia processou Portugal por: os Esgotos da Costa do Sol irem para o Mar sem tratamento, e só em 2009 foi então concluída a Central de tratamento do Outeiro da Lota próximo de Alcabideche, para tratar as lamas e outros sólidos provenientes da Central da Guia, donde dista cerca de quatro quilómetros, mais vale tarde que nunca como diz o Povo.
Hoje passados dezassete anos sobre a criação da Empresa que trata os Esgotos da Costa do Sol tem finalmente todos os meios para não deixar poluir as águas do Oceano, ainda bem.
2 comentários:
Ontem e hoje
Amanhã como irá ser
Como a sombra que foge
E o fogo que arde sem se ver!
Saneamento da Costa do Sol
Para água potável ter
Nos campos o girassol
Que água não falta para beber!
Continua a percorrer
E as obras a fotografar
se honestidade não haver
Aldrabão aumentar!
Bom domingo para ti, amigo Virgílio,
um abraço
Eddurdo
Nota-se a olhos vistos a despoluição da nossa costa e a prova disso é que as toninhas voltaram a navegar no Tejo.
Abraço
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