terça-feira, 29 de maio de 2012

Lisboa, Hoje

A ferrugem está-me a atacar em força, a coluna está querer descanso, e eu a contraria-la e quero é andar a pé, estou convencido que a gaja vai vencer esta batalha, já há muito que me anda a chatear, mas era  por fases, vinha e desaparecia como por encanto, agora decidiu assentar arrais por aqui e não me larga, andar a direito ou a descer vai menos mal mas a subir já custa um bocado, e assim hoje na minha caminhada por Lisboa tive que escolher um percurso menos sinuoso que o habitual, embora seja difícil na Cidade das sete Colinas arranjar terreno plano.

Mas a viagem começou antes de Lisboa, parti de Vila Fria, «agarrei» o dr. Cascais (comboio) em Paço de Arcos, e logo na estação seguinte (Caxias) entraram dois manfios em que o aspecto já dizia muito, colocam-se na plataforma junto á porta, e desatam a falar alto primeiro, a berrar a seguir, e por fim música? daquela de abanar o capacete, os lugares sentados iam praticamente todos preenchidos, portanto o comboio praticamente lotado, sinal que ainda há Pessoas que têm trabalho, pois para passear àquela hora (sete e um quarto) só malucos como eu.

As Pessoas olhavam com ar de reprovação, mas ninguém intervém, eu embora com lugar sentado avanço para a plataforma seguinte, porque já começava a deitar fumo pelas orelhas e ás vezes esqueço-me que já sou sexagenário, pois é somos um Povo pacífico demais, nestas alturas lembro-me sempre do meu Amigo Penedo, que quando apanhávamos biscates destes tínhamos de pôr ordem na casa, ou mais remotamente quando estava nos Fuzileiros, nas nossas «visitas pelos locais do crime» era uma limpeza, agora parece que anda tudo anestesiado, podem ca...-lhes em cima que ninguém se mexe, saí em Santos quando o destino era o Cais do Sodré, antes que pegasse fogo.

Segui pela Av. D. Carlos e virei pela rua do Poço dos Negros, mais um barrete, não encontrei poço nenhum, e negros ví um a uma janela, mas que até me pareceu que seria queimado do Sol, e não os Negros a que erradamente se refere a Rua, subi a Calçada do Combro embrenhei-me no Bairro Alto pela rua da Atalaia, passei junto ao Arroz Doce, pela Jardim de São Pedro de Alcântara, e "Observei" uma Estátua vandalizada, subi mais um pouco e fiz a agulha para a Baixa em frente ao Jardim do Príncipe Real, desci então uma escadaria que me levou ao Chafariz do Vinho, outra mentira, aquilo é água, ainda provei para tirar duvidas e posso afirmar que não há lá Vinho nenhum.

Mais uns passos e estou no Praça da Alegria, e posso também garantir que é barrete, só por lá vi tristezas, alegria só vi num gajo que já estava agarrado a uma litrosa de cerveja, estava a rir para a garrafa sinal evidente de «alegria»..
Aqui no Jardim há uma Estátua do Autor do nosso Hino, Alfredo Keil de seu nome, pois bem, também esta Estátua está vandalizada, já não são só as paredes das nossas casas e Monumentos que estes sacanas andam a destruir, agora chegaram ás Estátuas, onde pára a Policia?
Estamos bem entregues, quando regressei, na carruagem em que vim, e noutras da mesma composição, todos os vidros estavam borrados com tintas, um Gajo vai lá dentro e não vê nada cá para fora, mais uam vez se pergunta onde param as Policias? a C.P. tem a sua própria Policia, mas  pelos vistos só actua quando alguém não tem bilhete, não é srs, da C.P.? quem paga é o Zé, que se lixem as pinturas, e se querem ver cá para fora, vão a pé.

Não posso terminar sem dar conta da História do  Poço dos Negros, o nome Negros virá da cor dos hábitos dos Frades que no tempo do Rei D. Manuel I habitavam no Convento de S. Bento, (hoje Parlamento).
E o Poço terá mesmo existido em local dessa Rua, e que terá servido para lá sepultar os Escravos em ocasiões de epidemias, pois antes disso muitos seriam  lançados ao Tejo.
E já agora o Chafariz do Vinho, de facto parece que no seu interior (que outrora fez parte do Aqueduto das Águas Livres) existe um Restaurante embora só aberto no Verão, e onde se bebe bom vinho, o seu a seu dono.






3 comentários:

Edum@nes disse...

Por Lisboa a caminhar
De rua em rua lá vai O amigo Virgílio
Com a sua coluna a reclamar
Mas ele não se dá por vencido!

Não caminhes muito por duro chão
Fá-lo mais por terra batida
Para não castigares o coração
E a coluna ficar protegida!

É preciso muito cuidado
Não pode ser substituída
Utilizar sempre bom calçado
Para não ficar dorida!

Boa noite para ti,
um abraço
Eduardo.

Anónimo disse...

O Arroz-Doce continua a ser motivo de conversa por portugueses que um dia (já longuíquo) frequentaram a noite alfacinha, quer seja em Newark ou Sydney... E Ainda hoje estou por saber qual o motivo que levou um pequeno e simples Café/Bordel/Tasca a ganhar fama Internacional (?!?).
Valdemar Alves

António Querido disse...

Já vi as tuas fotos e acompanhei a tua caminhada, continua, agora estás na idade de não parar e nós apesar da distância vamos vendo como está Lisboa, ontem,hoje e amanhã!
O meu grande abraço