terça-feira, 8 de novembro de 2011

Greve dos transportes, ontem e hoje

A greve de hoje nos transportes fez-me recuar quase meio século, e tentar encontrar alguma semelhança entre a paralisação que está a acontecer, com outro acontecimento também ele qualificado como greve da Carris nos dias 1 a 3 de Julho de 1968, em pleno Salazarismo e que os mais antigos se lembrarão, foi a chamada «greve da mala».
Os Trabalhadores da Carris queriam um aumento dos seus vencimentos, mas a Administração Inglesa, (nossos aliados lembram-se?) não queriam nem ouvir falar nessa eventualidade, e assim os Funcionários apresentaram-se ao serviço, mas não cobravam o dinheiro dos bilhetes, foi uma maravilha, até cá o Rapaz se fartou de passear por essa Lisboa, ao fim de três dias os «bifes» lá abriram os cordões á bolsa e o Pessoal foi brindado com um aumento de vencimento.

É certo que esta forma de luta hoje não tinha grande implicação nas bilheteiras das transportadoras, pois a grande maioria dos utilizadores  já largaram a nota no inicio do mês no passe, também não vislumbro melhores dias para estes Trabalhadores com greve ou sem ela pois as empresas estão á muito falidas, é certo que os grandes culpados por terem chegado a este ponto foram as sucessivas Administrações, mas pelo que tem vindo a lume ultimamente com a colaboração estreita dos Funcionários, através de benesses que não lembram ao diabo, portanto se me é permitido opinar em seara alheia, meus Amigos trabalhadores dos transportes de Passageiros, lutem mas é para ver se conseguem manter o vosso posto de trabalho, que é hoje um bem a preservar, não ajudem a afundar ainda mais as empresas e não lixem mais o mexilhão que lhes paga os ordenados, quem sabe com a ajuda dos subsídios que lhes vão tirar, não está em causa o direito á greve, estão em causa empresas com buracos que segundo ouvi hoje mesmo, davam para fazer três T.G.V. é obra, a vaca secou, não há mais volta a dar, isto já parece o Titanic, que estava a afundar, e a Orquestra continuava a tocar, convencidos que o Navio não ia ao fundo, tal era a confiança que tinham na sua navegabilidade, estavam enganados, afundou mesmo.

Mas voltando ainda aquela célebre greve da mala, e isto não é nenhuma profecia, intuição ou pressentimento, muito menos um desejo, pois o Homem ainda não aqueceu o lugar, mas voltando á História, como disse atrás a grave da mala foi nos dias 1 a 3 de Julho de 1968, precisamente um mês depois a 3 de Agosto, o «Botas» cai da cadeira., e fica mais para lá que para cá.
Conta-se que o Homem estava  apanhar Sol no terraço do forte de S. António do Estoril., que pertencia ao Instituto de Odivelas, e que alugaria uma parte deste para passar o Verão, nesse dia o Barbeiro que lá se deslocara para lhe aparar os cabelos terá passado um Jornal ao ditador, que se deixou cair numa cadeira de lona que não aguentou o seu peso e terá caído desamparado batendo com a cabeça no chão, mas cá para mim o que se passou foi que o Homem, ficou tão desnorteado com a greve da mala, que nunca mais foi o mesmo, pois de greves nem em sonhos ele queria pensar, e esta foi até falada no Estrangeiro, o que o deixou á beira dum ataque de nervos.
Pois é Caro Passos, veja lá bem em que cadeira se vai sentando, porque estas já não oferecem a segurança de outros tempos. 

6 comentários:

Edum@nes disse...

Bem feita o botas ter caído da cadeira. Eu, não estava, cá. Estava em Angola, onde e durante muito tempo se falou dessa greve.
Este gajo é teimoso, mas eu penso que será mais fácil do que impossível acabar com essa teimosia.
Cujo o povo tem uma palavra a dizer, com a qual pode vencer. O recurso ás greves. Ou ele verga ou se paralisa o país, do senhor passos?
Não há nenhum governo que resista à pressão do povo, mais tarde ou mais cedo acaba, sempre, por cair. Até o Kadhafi, o grande ditador caiu, porque não há-de cair também o passos!
Eu, não acredito que ele vá aguentar quatro anos de governo. Até porque ele governa, após ter celebrado casamento com Portas, cujo divórcio não irá durar quatro anos?
Nem ele tem perfil de primeiro-ministro. Um aprendiz na governação, mas muito hábil no roubo, como já deu para entender, no assalto quase consumado aos funcionários públicos.
Vamos, pessoal, não deixem parar as greves.
A sua continuação será o garante dos vossos postos de trabalho, que contribui para o sustento dos vossos filhos, que dele precisam.

Desejo uma noite par ti, amigo Virgílio,
Um abraço
Eduardo.

Tintinaine disse...

O Gianni Morandi cantava muito bem, mas era um dos piores actores que já vi na minha vida. Era capaz de jurar que vi todos os filmes em que ele entrou e era cada um pior que o outro.
Quanto à greve dos transportes a coisa está muito feia. A situação financeira das empresas é de tal modo grave que não é com greves que se vai resolver.
Como gosto muito de apontar soluções para casos como este, aconselho os trabalhadores a apanharem pelo pescoço todos os que recebem ordenado da Carris, Metro, CP, Refer, Transtejo, Soflusa, etc. e não trabalham a ponta de um corno. Não me enganarei muito se disser que a maioria devem ser ex-políticos ou familiares deles. Depois montam um cercado, tipo praça de touros, no Terreiro do Paço e metem-nos a todos lá dentro durante 24 horas.
Cada um deles deve ser portador de um cartaz onde deve aparecer bem visível o salário que recebe e há quantos anos anda a "mamar".
E são convidados todos os utilizadores dos transportes públicos que se sentem prejudicados a virem atirar tomates e ovos chocos à cabeça dos "verdadeiros responsáveis" pela situação a que a coisa chegou.
E para tirar algum proveito da situação deve ser eleito um trabalhador honesto que aceite presidir aos destinos da empresa única «TPC - Transportes Públicos Combinados» e despedir todos os mamões sem direito a qualquer tipo de indemnização.
Tenho dito!

Tintinaine disse...

Ah, esqueci-me de um pormenor, se tiverem alguma dúvida quanto ao ordenado que cada trabalhador da futura empresa deve ganhar, ou do preço dos bilhetes a cobrar aos utilizadores do serviço, peçam-me que eu faço uma lista de bom grado.

Edum@nes disse...

Amigo "Tintinaine", depois de ter lido o teu comentário, concordo contigo quando dizes que a coisa está muito feia. É verdade, mas não são aqueles que andam um dia inteiro com um volante nas mão que contribuíram para isso?
O caso muda de figura quando dizes que os administradores dessas empresas são taxistas políticos.
Então pensa como resolver o problema. Eles estou de tal forma arreigados a elas que com o diálogo nada se resolve. Portando, eu apoio o recurso à greves dos trabalhadores, já que de outra maneira não é possível manter os postos de trabalho dos que, diariamente, labutam, em defesa dos seus direitos.
Todos sabemos que não são os trabalhadores, os causadores da crise.
A causa principal da crise são as desigualdades sociais.
Não vejo outra forma de a combater, a não ser com as greves. Enquanto o povo tiver esse direito, não deve ficar de braços cruzados à espera das falsas promessas dos sucessivos governos.
Todos devemos continuar a luta, contra os traidores!

António Querido disse...

Regalias em cima de regalias, transportes de borla extensivo a familiares, depois de cobrarem os passes aos desgraçados que utilizam os TP,obrigam-nos a andar a pé ou de bicicleta, nem alternativas lhes dão, vão dar banho ao cão e metam-se a trabalhar, que é o que as empresas e o país mais precisa neste momento, não sou contra as greves quando têm fundamento e razões para existirem, com esta não concordo,disse.

Anónimo disse...

E foi assim, devido à greve da mala na Carris, que cá o rapaz, com cerca de 12 anos, passou pela primeira vez a Ponte sobre o Tejo. Fui a Centro Sul e voltei