segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Falando de Bosta

Estamos «quase» todos num momento crucial da nossa História, desta vez não foram os Filipes de Espanha a ocupar  o Pais, este foi cercado por outras forças invisíveis, ou melhor sabemos quem são mas não onde estão, é o vil metal sem Pátria a liquidar os ganhos entretanto atingidos nas ultimas décadas pelos que produzem riqueza graças ao seu trabalho, é a vingança do capital sobre o trabalho que se está a concretizar, consideraram que já tínhamos conquistado regalias a mais e produzido de menos, e vai de cutelo nas cabeças dos atrevidos, e os que escaparem da matança, vão ser reclassificados em apanhadores de bosta, que é o único serviço que resta.

E para que não julguem que isto é trabalho de menor importância, vou contar~lhes como é, pois cá o Rapaz fez o tirocinio nesta nobre arte de apanhador de bosta.
Tomando o meu exemplo como eficaz, a seguir se indicam os passos a seguir:
Colocam-se as cavalgaduras a pastar junto a um Rio, de preferência com águas bastante poluídas, nestes locais as ervas crescem em abundância, o que traz economia na sua alimentação, por sua vez a água poluída provoca uma verdadeira revolta nas tripas dos quadrúpedes, obrigando-os a evacuar dezenas de vezes por hora, tudo somado ao fim do dia temos por cada cavalgadura qualquer coisa como uma arroba de um produto de elevado valor calórico, para as sementeiras que os sobreviventes terão de fazer para conseguirem ter algo que dar ao serrote, senão, não morrem do mal, morrem da cura.

Ora estarão a pensar que o Gajo que escreveu estas barbaridades está gaga, e esta situação nunca acontecerá, pois bem, foi trabalho que fiz, e pelo que o meu Amigo Tintinaine escreveu á dias no seu blog, também  se especializou nesta nobre arte da apanha da bosta, a única diferença foi que a ele calhou-lhe bosta de gado muar, e a mim de cavalar.
Tinha eu idade ainda para andar descansadinho de calções, a jogar ao pião ou á apanhada (os luxos de então) que isso correspondia aos meus doze anos, mas antes trabalhando na quinta da Meirinha numa propriedade de um grande latifundiário da minha região, de seu nome: Rui Abreu Correia, mais conhecido por Rui do Rato, junto ao Carregado do nascer ao pôr  do Sol, onde no Verão se  ia a casa uma vez por semana, com a cara feita num bolo devido ás picadas das melgas, (o  dormitório era na rua junto ao que resta daqueles dois grandes barracões que se vêm numa das fotos) e o trabalhinho consistia em apanhar a bosta que as bestas iam largando junto ao Tejo, e quando a maré começava a encher tínhamos de andar em marcha acelerada, para que esta não levasse para o Rio aquele precioso bem, preparem-se Juventude porque o caminho que levamos não nos garante que essa nobre arte de apanhador de bosta não regresse. Por mim já apanhei a que tinha de apanhar, pois as dobradiças, já não me permitem andar dobrado o dia inteiro, e vou assistir de camarote ao fim de festa que se aproxima, aplaudindo os actores que nos prometeram o Céu, e nos dão o Inferno.







3 comentários:

Anónimo disse...

Seria bom se esta juventude "dos arrascas" se desse ao trabalho de lêr estas lições dos mais antigos porque realmente ainda têem muito que aprender.
Valdemar Alves

Tintinaine disse...

Muito bem dito Virgílio.
Vejo que nos entendemos.
Agora resta-nos esperar que as coisas se consertem a tempo de evitar sermos avós de uma legião de apanhadores de bosta.
Com um pouco de sorte talvez ainda vamos a tempo de ensinar, aos "meninos da mamã" que andam lá por Lisboa armados em políticos, a maneira certa de fazer as coisas.

Edum@nes disse...

De tanto na bosta ouvir falar
Depois de a ter apanhado
Por ser merda, e a terra estrumar
Por mais merda, o país é governado
Saudades desse tempo não tenho
Não pretendo lá voltar
Por não concordar, dizer eu venho
Que os coelhos não sabem governar
Com portas a rangerem
Dobradiças enferrujadas
Podem querer e acreditem
Eles nos querem dar chicotadas
Começam por nos tirar
Os dois subsídios
Se a malta parada ficar
Nos conduzem aos suicídios
Que merda de bosta apareceu
Não foi a vaca que a cagou
Foi um coelho que nasceu
E à Tróika se juntou
Para o povo desgraçar
Cegamente, não pensou
Não se importa de tirar
A quem a crise não provocou
Para a divida liquidar.

Um abraço
Eduardo.