segunda-feira, 18 de março de 2013

PROCISSÃO DO SR. DOS PASSOS

Realizou-se ontem a Procissão do Senhor dos Passos em Vila Verde, e fui lá ver como era, para contar como foi, afinal pouco posso contar, a não ser que assisti apenas ao içar do Pendão, outrora símbolo da maioridade e da força de braços dos Mancebos, assim era de facto, pelo menos por aqui, um Rapaz era considerado Homem a partir do momento em que levava este símbolo Religioso sem o deixar ir ao chão, ou em alternativa colocar um saco de 100 quilos de adubo ás costas sem ajuda, ou ainda um barril de madeira também de 100 litros de tinto ou branco, em cima do balcão da taberna, era assim que se chegava a adulto, os que chegavam, os que não conseguiam estas «proezas» eram olhados com desdém ou mesmo algum dó, outros tempos, outros músculos.

Mas como dizia com respeito á Procissão, levei um aperto logo no inicio que tive de encostar ás boxes, como já por diversas vezes tenho dito, multidões não é comigo, tenho assistido a algumas Procissões na Terra mas resguardo-me, fico um pouco afastado, de máquina fotográfica apontada ao acontecimento, e assim disfarço o nervosismo próprio destas ocasiões, mas nunca me vou meter na «boca do lobo» quer dizer não me meto no «meio» da Procissão, tenho que ter sempre uma saída para no caso de o pânico apertar, me safar dali rapidamente, pois ontem estava com alguns Amigos no largo junto á paragem dos autocarros, mas batia um vento frio, e como vi o meu Amigo Eusébio ao abrigo junto á casa do Jeca, atravessei a rua e juntei-me a ele e a outros Amigos, e assim metemos a conversa em dia enquanto a Procissão não se iniciava.

Como os mais conhecedores do assunto sabem, as Procissões dos Passos simbolizam o momento da condenação á morte de Jesus, até ao seu sepultamento, e esse percurso tem se não estou errado 14 Passos, quer isto dizer que durante a Procissão alusiva, esta se interrompe 14 vezes desde o seu inicio até ao fim, e em cada uma destas paragens é lido uma passagem do Evangelho, pois aqui e que a coisa deu mau resultado, o local que escolhi para assistir ao inicio da Procissão e ao mesmo tempo me serviu de abrigo da nortada, era precisamente o local do primeiro Passo, então vi-me ali amarrado  cercado por todos os lados, com uma aparelhagem sonora apontada aos tímpanos, meus Amigos, não sei se lhes diga se lhes conte, fiquei sem pinga de sangue, interiormente dizia para mim mesmo, não te atrapalhes que isto é coisa rápida, mas o meu outro lado respondia, vais ficar aqui a amargar os teus pecados até pedires perdão ao Sr. dos Passos, foi uma aflição e tanto, deixei  o cortejo seguir, e fui direito a casa, mais morto que vivo, e dali só saí para fazer uma visita ás sepulturas dos meus Familiares e Amigos no Cemitério novo.

Antes da Procissão tinha visitado a Capela do Sr. dos Passos que tem estado a ser recuperada, as telas que estão junto ao Altar Mor foram recuperadas, e estão como novas, foram descobertas algumas pinturas antigas que estavam escondidas por baixo da tinta de diversas pinturas que esta levou ao longo dos tempos na abobada, e  que só não terão feito ainda a sua recuperação total por falta daquilo com que se compram os melões, parece no entanto que vontade não falta ás Pessoas que se dedicam ao assunto, o que já é meio caminho andado.
 
Uma coisa que me faz sempre saudades é a maneira como se toca o Sino grande actualmente, e como se tocava noutros tempos, recordo pelo menos um Homem, o António Prata que colocado na Torre Sineira fazia maravilhas desse Sino, fazia com que ele desse a volta na sua guarita, ora virava para um lado ora para o outro, e para fazer isso tinha que ter pulso, pois o seu peso não é brincadeira, tinha sempre uma grande assistência a ver aquele trabalho, mas também me parece que a estrutura de madeira que suporta esse grande sino já não aguentaria aquela «dança» de outrora.
 
 
 
 
 

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