quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

DOIS DIAS PARA ESQUECER


Ontem e hoje, dois dias em que não acertei o passo, melhor dizendo só fiz m.....
Cheguei a Vila Verde por volta das 17 horas, vi muitos carros estacionados á volta da Igreja que é a cinquenta metros da minha casa, e não precisei de perguntar do que se tratava, era Funeral sem dúvidas, só faltava saber de quem, e se era daqui da terra ou de alguma Aldeia da Freguesia, fui olhando para ver se passava por ali alguém, para fazer a pergunta sacramental, quem era o Morto ou Morta, nada, nem viva alma, começa o toque de sinais, são três badaladas em cada um dos três sinos, pelo menos já sei que se trata de Homem, mas quem? fico de vigia na cozinha que tem janela para a Igreja, mas nada, é noite e o Funeral não passa á minha porta como é habitual, afinal será que o Morto se recusa a sair da Igreja? e os vivos? que deixaram aqui os carros, também não vejo nenhum, grande mistério este.

É noite cerrada quando uma Vizinha me chama, cumprimenta-mo-nos e pergunto-lhe o que é feito do Morto, e quem é ele, é o Luís da Leninha, responde-me, e não foi para o cemitério que recebe todos de braços abertos, foi antes para o antigo porque a Família tem lá um jazigo, ora bolas, porque carga de água é que sou alérgico a multidões? assim deixei ir o meu Amigo Luís sem me despedir, estou habituado a acompanhar todos, mas é já com o cortejo a caminho do cemitério novo, isto é, com o morto já em andamento direitinho á ultima morada, aí saio de casa e coloco-me na retaguarda do cortejo e a coisa passa, agora ir juntar-me àquele mar de Gente? Ainda me dava um fanico, assim resta-me dizer: adeus Luís até qualquer dia.

Fui entretanto informado, que o ex-Padre de que escrevi aqui algumas vezes criticando a sua postura, se terá suicidado, terá sido expulso de Padre já á algum tempo, e no passado fim de semana se terá atirado da Ponte 25 de Abril, não consegui confirmar a noticia, mas como foram várias as Pessoas que mo disseram acredito que terá acontecido, de qualquer modo informo sobre reserva, e sem comentários, apenas que é mais um que não consegue ultrapassar as agruras da vida, e escolhe este caminho, que alguns dizem fácil, mas que considero bastante difícil, ou não tivesse eu essa terrível experiência na Família, e sei bem que não é um caminho fácil, fico-me por aqui, no que ao Ex-Padre diz respeito.

A minha casa é do tipo das carruagens dos comboios, é comprida, estreita e passa-se duns compartimentos para os outros como se fosse de carruagem em carruagem, ontem estava lá só, e quando me fui deitar, saí do quarto onde ia dormir para ir fechar a janela do outro ao lado que dá para a sala onde tinha a salamandra para o aquecer, mas tinha deixado a porta do guarda fato aberta para  arejar as roupas, as portas têm espelhos grandes, ora eu ao sair dum quarto para o outro como o espelho estava virado para mim e a luz era a do quarto onde ia a sair, vejo um gajo enorme na minha direcção, olhem meus Amigos eu não sou propriamente medroso, mas não caí redondo não sei porquê, foi o cagaço da minha vida, ainda estou a tremer, o gajo era enorme, mesmo á minha frente e eu sem espaço para me defender se ele me atacasse, já deu para ver que o gajo que eu vi á minha frente era eu no espelho, porra de vida que até já me assusto comigo mesmo, isto está pior do que eu pensava.


Entretanto o meu Padrinho ofereceu-me duas garrafas de vinho da sua garrafeira particular, embora seja produtor e vendedor da sua própria marca, fez questão de me oferecer aquelas duas garrafas, de vinho com alguns anos doutras marcas que não da sua, trouxe as garrafas, que depois em casa embrulhei num jornais velhos, para não fazerem pum pelo caminho de regresso a Porto Salvo, quando cheguei aqui trouxe como é meu costume tudo o que pude duma vez só do carro para casa, trazia coisas ás costas nos ombros, nas mãos, entro em casa pela porta das traseiras, não sei que voltas dei, só sei que larguei as garrafas e partiram-se as duas, meu rico vinho, a casa ainda cheira a vinho e já lá vão uma meia duzia de horas, como se vê, dois dias em cheio, estou convencido que ainda foi o cagaço de ontem á noite que me fez deixar cair as garrafas, ainda tremo só de lembrar aquele gajo á minha frente.
Para terminar e como falei de mortos, (coisa que os meus Amigos não gostam nada) mostro aqui mais um, este está poisado na minha cabeça, era do meu Amigo Vicente e também já bateu as botas!
 

5 comentários:

Edum@nes disse...

Com os mortos e o gajo do espelho, escreveste uma verdadeira história.
Quanto aos mortos não tem graça nenhuma, já quanto ao gajo do espelho, estava a ver que não conseguia ler todo o texto esta noite. Deu-me uma vontade tão de rir. Só tu com as tuas histórias nos fazes esquecer, Coelhos, Tróikas, MFIs e companhia limitada. Mas essa do espelho é muito engraçada, e da maneira que a relatas ninguém pelo menos resiste a um minuto de riso. Há dias que não se pode sair de casa. E para a festa ser completa deixaste cair as duas garrafas cheias de boa pinga e pelo chão da casa se espalhou sem proveito para ninguém. De facto são dois dias mesmo para esqueceres!

Boa noite para ti amigo Virgílio,
Um abraço
Eduardo.

Tintinaine disse...

Mortos, fantasmas e sustos antes de ir dormir não é boa mistura. Ainda me vais pôr a sonhar com padres a voar sobre o Tejo e a pedir perdão de tantos pecados que carregam às costas. Se o S.Pedro não estiver de boa catadura não o deixa lá entrar e vai condená-lo correr o fado lá pela Serra D'Aire.

António Querido disse...

Xiça que para ti foi mais que uma sexta feira 13, o padre que se lixe, tenho mais pena dos peixes que levaram com ele em cima, agora imagina esse gajo que te apareceu à frente com esse periquito na cabeça, aí é que caias mesmo, a pensar num extra terrestre, só tu e as tuas histórias para nos fazer rir, é assim mesmo, boa disposição e manda os coelhos p´ró mato, as garrafas vai à promoção do Jumbo e assunto resolvido.
Aquele abraço

Isabel disse...

Só tu me fazes rir, mano... Continua com as tuas histórias e o teu bom humor, porque fazes muita gente rir.
Parece que estou a ver a cena do espelho e não consigo parar de rir. A simplicidade com que narras os factos, tornam as tuas histórias fabulosas.
Podes crer que animas muita gente. Tenho amigos que seguem o teu blogue. Ou porque se divertem imenso, ou porque tu dizes aquilo que nós também pensamos e não temos coragem de dizer.
Um grande beijinho da mana

António Querido disse...

Ouve a tua mana Isabel, amigo Virgílio! Ela tem toda a razão, muita gente queria dizer publicamente o que tu dizes mas falta-lhes a coragem, força aí amigo, continua!
Com o meu abraço