Ontem quando da minha caminhada por Caxias e Paço de Arcos, dei comigo a pensar em algumas profissões que desapareceram, umas para sempre, outras quem sabe não renascerão por aí para tentar debelar um pouco o desemprego galopante, embora este também tenha muito que se lhe diga, e já agora que estou coma mão na massa, sou de opinião que os Portugueses ficaram muito «fidalgos» em relação a trabalhos que julgam ser menos dignos, por todo o lado ouço falar as mais variadas línguas em especial nos tais trabalhos menos atractivos. como jardinagem, limpeza de ruas ou obras Publicas, e a língua Portuguesa de Portugal só no quentinho e de preferência com um computador em frente pois sempre dá para jogar umas cartadas ou bisbilhotar a Internet, cá o Rapaz quando lhe aconteceu ficar desempregado, foi trabalhar para a merda isso mesmo, para Estações de Esgotos, e podem crer que não me caíram os parentes ao chão, vão por mim, e façam-se á vida que a coisa não está para esquisitices. Era bom que, quem tem responsabilidades na área se empenhasse em esclarecer a nossa Juventude que todos os trabalhos são dignos, e não fazerem finca-pé em serem todos doutores, que isso não nos leva a lado nenhum.
Mas em frente, o que aqui me trouxe, foi as antigas profissões e já estou a desviar a conversa, no meu tempo de Rapaz novo, e situando-me na minha Terra., dei conta dos seguintes trabalhos, alguns com alguma complexidade, outros nem tanto, mas todos de utilidade, lembro os Cantoneiros das Estradas da defunta J.A.E. que tanta falta hoje fazem, Sapateiros, Barbeiros quando comecei a ter alguns pelos na cara havia três agora vai lá um, um dia por semana, Tabernas e Mercearias, para não me falhar a matemática, havia: o «Francês», Borges. «Chico Novo», José «Liso», Félix, Artur dos «Cucos» «Chico» Leonel, João da «Loja» «Alfaiate» «Armandinho» e Artur Faria. Agora o Clube, Victor e Hermínio, e receio que não haja Clientes para os três em quantidade para sobreviverem.
Havia Ferreiro, Ferrador, ( e que falta este fazia agora, para ferrar a quantidade de bestas que há por aí ) Moleiros vários, pois Vila Verde estava e está rodeada de Moinhos de vento, ( agora só servem para habitação) e ainda uma Azenha movida a água no nosso Rio Alcabrichel, também alguns Pescadores amadores, em que cá o Rapaz se destacou na apanha de Ruivacos e algumas Enguias neste mesmo rio, com o meu Amigo Eusébio e Companhia, dos quais fizemos algumas patuscadas. Rio este mais tarde transformado em esgoto a céu aberto, e hoje em lenta recuperação. Sapateiros, Abegões ( estes assim chamados por conduzirem bois de trabalho, noutros pontos do Pais têm outras designações ) Pastores, Padeiros etc.
Depois havia os Profissionais doutras áreas que sazonalmente lá se deslocavam para fazer alguns trabalhos especializados, e que na Terra não havia quem os executasse, ou ainda para vender alguns produtos ou mesmo animais, era o caso dos vendedores de Perus, que percorriam as diversas Terras com um bando dessas Aves «a penantes», assim como os Porqueiros, que também de Terra em Terra com a sua vara de porcos na perspectiva de voltarem ás suas casas com algum dinheiro e de preferência sem porcos, também por lá aparecia um Cesteiro, que fazia os cestos para a vindima e alguns cabazes, para as Senhoras levarem os almoços aos Maridos e Filhos.
Ainda os Tanoeiros que próximo das vindimas lá iam reparar alguns barris e tonéis para a nova colheita que se aproximava, os Albardeiros, para reparar ou fazer de novo alguma albarda para os asnos ficarem apresentáveis quando no transporte dos seu donos para alguma festa nas redondezas.
Os Professores, (quase sempre Professoras), na minha primeira classe ainda foi um Homem mas a seguir sempre Senhoras, pelo que julgo saber, que por cá ficavam quase sempre por toda a época das aulas, em casas particulares, quando as suas Terras eram longínquas.
Tínhamos as Máquinas Ceifeiras para «debulhar» o trigo, que vinham da zona do Tramagal, terra onde eram construídas e que traziam consigo algum Pessoal, especializado, como os «Aumentadores» os «Saqueiros» o «Arameiro dos fardos da palha», ou o Homem que colocava em funcionamento o tractor que fazia trabalhar todo o maquinismo desde a máquina debulhadora á Enfardadeira.
Tínhamos também a visita do «Homem que fazia chover», pois a sua aparição era quase sempre em véspera de dia de chuva, o Amola Tesouras, que também consertava chapéus de chuva, alguidares e tachos de barro, a grande maioria com o seu boné á Basco, diz-se que vinham fugidos da Guerra Civil Espanhola.
Tínhamos também a visita do «Homem que fazia chover», pois a sua aparição era quase sempre em véspera de dia de chuva, o Amola Tesouras, que também consertava chapéus de chuva, alguidares e tachos de barro, a grande maioria com o seu boné á Basco, diz-se que vinham fugidos da Guerra Civil Espanhola.
Havia ainda os «Homens de Deus» que lá apareciam aos Domingos para as Missas semanais, ou durante a semana para encomendar as almas que se passavam desta para melhor, isto se fosse por morte natural, se fosse algum suicida, aí não havia padre que lhe salvasse a «alma» nem o Sacristão se dignava tocar o sino, neste caso os sinos pois são três os que assinalam a ultima viagem até á «Quinta das Tabuletas»
Mais modernamente parece que os Suicidas já podem ser acompanhados por Padre, desde que: «A Família apresente documento emanado da Autoridade competente comprovando a sua doênça» um passo curto, mas ainda assim um passo.
Outras visitas que recebíamos, com alguma frequência era a dos «Propagandistas» os tais da «Banha da Cobra» que segundo eles tinham remédios para tudo, desde os calos ás hemorróidas, passando pela alergia á água, síndrome de cadáver ambulante., ou ainda para o Síndrome de Sotaque Estrangeiro, curavam tudo pela módica quantia de cinco escudos, e ainda levavam uma pomada para as frieiras á borla, bons tempos estes, em que tudo era curável, agora até uma constipação fica agarrada á gente como um carrapato.
Para o fim deixo a profissão que nos dias de hoje mais falta fazia, para fazer uma limpeza na podridão que está transformada a nossa Sociedade, os Capadores, mostro aqui numa foto que tal como a maioria tirei da Internet, e que é uma Lanceta, utilizada pelos Capadores que apareciam pela Terra para capar os barrascos, pois como todos sabem a carne destes se não lhes tirarem os «coisos» fica a saber a bedum, assim também para estes não cheirarem a bedum e para limpar a sociedade dos pedófilos e violadores que são noticia quase diariamente, deixo aqui a
solução, depois não digam que não tentei ajudar.
solução, depois não digam que não tentei ajudar.
4 comentários:
Porque o título são os trabalho de hoje e de ontem.
E tu amigo Virgílio,hoje, fizeste um lindo trabalho. Tu que já tens pensado em abandonar esta tua profissão que a tão-bem, profissionalmente, a executas.
Tanto, hoje, como sempre o tens feito. Este é mais um trabalho que tem pano para mangas e mais...
Hoje, trabalhar é mais fácil, mesmo assim faz calos! E muitas pessoas não estão na disposição que suas ricas mãozinhas fique cheias de ampolas. Como se costuma dizer, se o trabalho dá saúde, então que trabalhem os doentes!
Aquela imagem dos perus, fez-me recuar à idade dos meus oito dez anos. Tempos em que tomava conta de um bando assim com aquele, que Espectáculo. Quando eles encontravam lebre ou coelho no seu hábitat, formavam em circulo, e o pobre no animal lá ficava encolhido com medo. Eu munia-me de uma arma, pedra ou pau, e nesse dia tinha rancho melhorado.
Desejo uma boa noite para ti,
um abraço.
Agora quando falas na profissão que tiveste, deves falar dela com orgulho meu amigo, porque para ti contou teres trabalho e ordenado no fim do mês, estou-me a lembrar dum indivíduo que casou com uma minha vizinha, que quando veio de Angola com a descolonização, começou aqui a trabalhar nessa profissão e só me falava quando nos encontrávamos na aldeia, um dia andava aqui à porta do meu talho em serviço e não me cumprimentou e eu de bata branca que era a minha farda dirigi-me a ele, estendi-lhe a mão, ele ficou um pouco atrapalhado e disse-me que tinha as mãos sujas, de imediato lhe respondi que quem tem as mãos sujas são os gatunos, que não querem trabalhar, daí para o futuro era ele quem me procurava para me cumprimentar, um amigo trabalhador nunca tem as mãos sujas.
O meu abraço
Quem trabalha não tem as mãos sujas
Mas para os mãos sujas trabalha
Temos o país infestados de intrujas
Roubam muito e não produzem nada.
Ontem à noite li tudo isto com o máximo cuidade, pensando em dar uma resposta hoje de manhã. Quando liguei o computador embrulhei-me com umas folhas de Excel que me ocuparam até às 8 horas. Aí desafiaram-me a ir até Mirandela e lá deixei tudo para trás para ir comprar alheiras. No regresso vinha a ouvir o rádio e tomei conhecimento do despedimento do Mingos Paciência. Depois telefonaram-me a perguntar se eu concordava em ficar com o Domingos no Porto e mandar o Vitor Pereira para o Sporting. Achei que estavam a gozar comigo, mas disse que sim, que por mim podiam fazer a troca. Com todos estes malabarismos talvez se esqueçam do Benfica até a gente recolher o título de campeão desta época.
E, depois disto tudo, já vou um pouco desactualizado comentar a tua mensagem sobre as velhas profissões do nosso Portugal, mas sempre te quero dizer que acho muito bem que te ocupes com esse tipo de coisas para nos fazer lembrar daquilo que foi a nossa meninice. Pelo menos a minha, pois convivi com tudo isso.
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