sábado, 23 de fevereiro de 2013

REENCONTRO

Quase meio século é muito tempo, e se esse nesse período de tempo se perdeu o contacto com um Amigo, a coisa ainda se torna pior, foi o que aconteceu comigo e com o meu Amigo Heliodoro, mais conhecido por Parlapias, alcunha que herdou do Pai, esse tempo de desencontro terminou hoje com o nosso reencontro.
Mas vamos aos factos, e ao meu dia de hoje, saí cedo e como os Meteorologistas previam Mar alteroso, dirigi-me para junto da Praia de Santo Amaro de Oeiras, para iniciar aí a minha caminhada, não segui junto ao Mar, mas pelo interior passando junto á estação da C.P. de Oeiras, Fundição, Quartel da Medrosa, NATO, Praia de Carcavelos, Porto de Abrigo e Marina de Oeiras, Catalazete, INATEL, e daqui regresso ao ponto de partida, este regresso junto ao Mar era para o ver alteroso, o que de facto não aconteceu, umas ondas jeitosas mas nada que assustasse um velho Marinheiro de água doce.

Quando cheguei á Marina vejo dois Homens a conversar, o que estava de costa não me enganava, apesar dos quarenta e muitos anos passados, não podia ser outro, é o Heliodoro, meu Camarada de trabalho no antigo Motel Continental, hoje INATEL de Oeiras, quando se virou também ele me reconheceu imediatamente, foi um abraço de amizade, para selar estes tempos de ausência, e dois dedos de conversa curtos para nos pormos em dia em tudo o que cada um passou desde que cada um foi para seu lado, de qualquer modo fica sinalizado um próximo encontro para colocar-mos a conversa em dia. Deu entretanto para saber que andámos todos estes anos muitos próximos, eu aqui trabalhando e habitando, ele no Mar a pescar, mas habitando em Oeiras, a Esposa com venda de peixe no Mercado de Oeiras, já teve dois .A.V.C. pelo que embora ainda ande na faina, já o faz  mais moderadamente.

Então a historia é assim, este Rapaz vivia dentro do perimetro do Motel, o Pai tinha a confiança do dono do empreendimento, e estaria ali desde o inicio da sua construção, dedicava-se á pesca, e o Filho ainda muito Jovem começou a trabalhar nas bombas de gasolina que a casa explorava, (e que ainda hoje se matêm no local embora com outra marca), eu tinha saído da Marinha á pouco tempo e já tinha trabalhado na casa, embora noutras funções, tive saudades da Terra e fui embora, voltei pouco tempo depois e dirigi-me ao Gerente Sr. Costa dando-lhe conta que precisava de trabalho, deu-me a escolher entre o antigo trabalho, no Mini Mercado interno, ou a bomba de gasolina e o mini golfe que lhe estava associado, dizendo-me que ali recebia umas boas gorjetas visto ser frequentado por muitos Estrangeiros, aceitei e agradeci o trabalho e o conselho, e assim comecei a trabalhar com o Heliodoro, cada qual no seu turno.

Vivemos então algumas peripécias em conjunto, ganhávamos bem, o juízo também era escasso, e demo-nos sempre bem, o que nem sempre acontece entre colegas do mesmo oficio.
Um dia o filho do patrão vai abastecer o seu carro, entra no gabinete onde nós faziamos a escrita, e encontra um livro que abre, e vê o nome da Irmã, pergunta ao pobre do Heliodoro o que fazia ali o livro da Irmã e ele inocentemente respondeu que ela mo tinha emprestado, resultado quando me apresentei para iniciar o meu turno á tarde, sou chamado ao escritório e sou despedido, sem mais explicações, embora eu soubesse a razão, o sacana tinha medo que lhe «roubasse» a Irmã.
Para que conste, morreu há pouco tempo, chamava-se Carlos Sousa e Brito, e foi Secretário de Estado da Comunicação Social no Governo de Sá Carneiro, que a terra lhe seja leve.
O Heliodoro ficou com remorsos, de que me deu conta nos dias seguintes quando por lá passei, provavelmente ainda hoje sentirá alguma culpa de ter dito a verdade, mas eu nunca o culpei, a vida nesse tempo era complicada, eles tinham a faca e o queijo na mão, e tudo servia para darem um pontapé no traseiro naqueles que não lhes agradavam.

3 comentários:

António Querido disse...

Éh pá grande Virgílio e grande história, contas as coisas com pormenores que parece que estamos a viver contigo esses tempos, este teu amigo fez de Pai-Natal e esqueceu-se de tirar as barbas, ou será promessa?
Conta mais, por mim serão todas lidas!
Podes continuar a visitar o meu "talho", prometo que vou mudar de fornecedor, este não me está a servir bem e tens razão, deixa-me a milhas do da Póvoa!
Bom domingo amigo e haja alegria.

Valdemar Alves disse...

Durante o tempo em que as minhas pernas aguentavam, fiz muitas caminhadas por esssas bandas.

Laura disse...

Muito engracado encontrar por mero acaso este blogg, com historias de quem conheceu o meu pai! Imagino que tenha muitas mais para contar! Sei que as fardas brancas que usavam faziam com que parececem uns principes encantados...e tambem por isso a minha mae se tera apaixonado pelo meu pai...ela e ai mais umas quantas....vistas bem as coisas, foi uma sorte eu ter nascido, que ele toda a vida tve fama de mulherengo! E proveito tambem! Cumprimentos, Laura Dionisio