domingo, 29 de janeiro de 2012

Em Cheio

Vou publicar aqui um artigo, da revista Única do Expresso de Sábado, escrito pelo «Comendador Marques de Correia» que julgo saber, é o pseudónimo do Jornalista:  Henrique Monteiro, e que para além de muito bem escrito como é hábito, acerta mesmo em cheio nos alvos, portanto grande tiro.
Vai dar-me um trabalhão do caraças a escrever todo o artigo pois não fica de fácil leitura copiado da revista, mas penso que merece o esforço, espero não defraudar o Autor, pela falha de alguma pontuação mas tentarei ser o mais fiel possível ao original, se alguma falha for encontrada será por demérito deste escriba.
As fotos são da minha responsabilidade.

COMENDADOR
MARQUES
DE CORREIA

CARO ANIBAL, ILUSTRE AMIGO. Percebo que estás numa situação difícil e, como sabes sou homem para em nome da nossa amizade te retirar de apuros.
Muitos viram na tua conversa uma enorme insensibilidade social, um desconhecimento profundo do modo como vive o nosso povo. Mas eu, que sou atento, entendi perfeitamente o que quisestes dizer. Como se diz na minha terra, Deus sabe de todos e cada um sabe de si, pelo que a mim me basta tu teres dito que o dinheiro não chega, para eu estar a teu lado e perguntar:
Quanto precisas?
Porque eu, Aníbal, amigo antigo, tenho disponibilidade para ir em teu socorro. Não que tenha fortuna, Aníbal, eu sou um pobre reformado a quem também sacaram uma série de dinheiro. Mas tenho cabeça, Aníbal, e não vou mexer nas minhas poupanças, ao contrário do que tu me destes a entender.
Ouve Aníbal, tu tens uma casa enorme em Belém. Porque não a rentabilizas? Aluga-a para concertos, para filmes de época, para jantares elegantes.
Na casinha onde começastes a vida tinhas assoalhadas pequenas, não precisas desses salões todos.
Outra coisa, tens diversos carros e uma série de motoristas, mete-os na praça.
Inscreve os carros e os motoristas como taxistas sem distintivo e dedica-te ao turismo.
Volta a Sintra, percurso a Palmela, praias da Linha do Estoril. É negócio, Aníbal e, ainda por cima, é da categoria da exportação, já que o pessoal deixa a nota lá da terra deles.

Também tens aí uns cavalos e uns cavaleiros que dão belos figurantes em filmes. Abre uma página na Internet e põe um anuncio a oferecer os serviços desses tipos. E há ainda as mobílias e os quadros que eu vi em tua casa. Olha Aníbal, conheces o eBay? É pôr lá essa tralha toda e esperar a melhor oferta. Pode parecer que é pouco mas arredonda no fim do mês, porque, Aníbal, oportunidades de negócio como aquela que tivestes há anos com  as acções de um banco não vão voltar a surgir tão depressa. É a vida, como dizia o outro, é como os interruptores, umas vezes para cima , outras para baixo.
Depois, Aníbal, com todo o respeito a tua mulher tem classe para dar umas explicações. Eu, uma vez percorri um museu ao lado dela e verifiquei que ela é bastante culta, mais do que tu. Pede-lhe para dar umas explicações! É sempre uma saída, porque há sempre uns miúdos filhos de malta rica que são uns burros do piorio.

Ela pode ajudar a superar a falta de cultura desses miúdos.
Claro que tudo isto, Aníbal ainda é pouco. Eu sei que não é nada que se compare com o que ganha por exemplo o nosso comum amigo Catroga.
Mas ele pode ajudar. Ele disse-me Aníbal, que não te preocupasses, porque ele responde á chamada. Eu telefonei-lhe, Aníbal, e perguntei-lhe: _ Sabes Aníbal?
Ele não sabia, mas disse que se fosse preciso, que se a minha contribuição ficasse curta e que se as sugestões que te estou a dar não chegassem, ele tinha todo o gosto em contribuir. Também não tem muito, mas - caramba! - de nós foi sempre o que ganhou melhor. O que eu não quero, Aníbal, é ver-te naqueles bancos de jardim a jogar á sueca e a dizer mal da vida e do Governo.
Ou, pior, numa tasca escura, a afogar as mágoas em cerveja e vinho, e a maldizer toda a gente! isso não, Aníbal, não desanimes! Tens amigos, tens saúde, tens mulher que te pode ajudar; tens filhos que te querem muito, não te lastimes, faz-te á luta, vai á vida, que a morte é certa. Porque Aníbal, eu estou contigo! O cheque que junto é só um começo.








3 comentários:

António Querido disse...

Mesmo "Em cheio" e a brincar, tal como ele fez, vai levando nas orelhas que devem estar a ferver, sim... porque entre tantas, algumas ele vai ler, mas que diferença lhe faz se já tem o papo cheio para o resto da vida!

Edum@nes disse...

Quem muito trabalho pouco tem,
Que menos trabalha mais consegue
Cavaco a tocar concertina fica bem
Põe na caixa um cêntimo porque mais não merece.

Como refere António Querido
Ele já tem o papo cheio
Depois de deixar Portugal falido
E sem farinha para o pão de centeio.

Para a miséria tem contribuído,
Por mal ter distribuído o dinheiro
Deixa o povo mais empobrecido
Economicista batoteiro!

Fez avisos ao Coelho
Cuidado com a equidade fiscal
Não sabe dar conselho
O Presidente deste Portugal.

Muito dinheiro receber,
Sem o saber utilizar
Fica o povo a sofrer
Para as contas dos outros pagar!

Sem culpa, mas vai obedecer,
Sem trabalho está a ficar
Chega ao fim do mês, ordenado não receber
Para a divida externa pagar.

Não importa se vai mais empobrecer,
E a economia parar
É preciso aprender
O dinheiro dos outros não gastar!!!

Desejo uma boa tarde de segunda-feira para ti amigo Virgílio.
Um abraço
Eduardo.

Tintinaine disse...

Andei à procura do artigo e não encontrei. De qualquer modo era só para testar se dava para copiar e formatar o texto à vontade. Para veres o resultado copiei a história dos tomates de 45 Kgs para o Blog do Tintinaine.
O processo é rápido e poupava-te a trabalheira de estares a teclar o texto todo.