terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"LISBOA DE ONTEM E DE HOJE"


Mais uma caminhada pela Capital, levava um determinado trajecto na ideia, mas perdi o norte, enfiei-me por becos e travessas desconhecidas, e lá se foi o programa para o lixo, então foi assim;
Cais do Sodré, 6h40, hoje não vou junto ao Rio, caminho pela Rua do Arsenal, ás vezes as saudades mesmo de coisas menos boas voltam, foi por isso que fiz este trajecto, para passar á "Casa do Marujo" como era conhecida entre nós Marinheiros que lá pernoitávamos ocasionalmente, embora o nome oficial fosse (e ainda lá está a lápide) Casa do Marinheiro da Armada".



Normalmente isso acontecia quando «perdíamos» o transporte para a «outra banda» (normalmente porque se esquecíamos das horas nos bares do Cais do Sodré ou Intendente, então por qualquer coisa como 25 tostões ou três escudos já não recordo ao certo, ali dormíamos, quem conseguisse é claro, por os percevejos eram mais que muitos, até os ouvíamos a roer a pele do Pessoal, mas hoje fiquei admirado da mudança, aquilo já não é para recolha dos noctívagos, é uma academia da ginástica como pude observar, pois àquela hora já se ginasticava por lá.




Fui andando, passei pelo Rossio, Martim Moniz, Rua da Palma, Almirante Reis, Intendente aqui foram colocados dois bancos de jardim todos futuristas com designe da «Decoradora do Regime, Joana de Vasconcelos» estão bonitos, e com protecção contra vendavais e tudo, quanto terão custado? Isso não é da minha conta, afinal os meus impostos são para pagar a divida do País, estes luxos são pagos só pelos Lisboetas! A seguir perdi-me, entro num beco estreito, saio na rua Damasceno Monteiro e começo a andar como o caranguejo, para trás portanto, arrepiei caminho fui dar ás escadinhas com mesmo nome.



Escadinhas uma gaita, isso é para não assustar quem se atrever a iniciar a subida, aquilo são degraus, contei 150, e depois da curva foram mais vinte, finalmente terminou a subida e estou no Miradouro da Senhora do Monte, que já se chamou de Santa Catarina do Monte Sinai, aqui fiz uma fotos, e ganhei balanço para o resto da caminhada, que como não podia deixar de ser, foi sempre a acelerar, a descer todos os Santos ajudam, passei junto da horta comunitária que tanta celeuma deu o ano passado, com a Câmara a quere acabar com ela, mas estava correcta a decisão, porque aquilo era só lixo, hoje não, está bonita, assim dá gosto ver.



A restante descida com passagem pela antiga «rua do crime» mas baptizada por Benformoso, novamente Martim Moniz e o café no sitio do costume, hoje apanhei lá aquela Menina que há dias afirmou que «agora é que se trabalha, antigamente eram só empregos" claro que não perdi a oportunidade de lhe recordar essa afirmação, coitado ficou sem palavras, para a próxima tenho de amenizar a coisa, não vá Rapariga ficar chateada e deixar de transportar os leitões que são o forte da casa, é que a colega que vem substituir está quase a parir, e portanto incapacitada durante uns tempos de trabalhar, e trabalho pesado, depois foi o reencaminho para o Cais do Sodré, sem mais história, agora vou tentar ver o Barcelona com o City, que se prevê ser um bom jogo.



3 comentários:

Edum@nes disse...

Mais uma caminhada, mais corrida, mais uma viagem, no tempo, pelas ruas de Lisboa. Lisboa de ontem e Lisboa de hoje. Não deves notar muita diferença, porque de ontem para hoje pouco tempo se passou. Mais velha um dia está, de cabelos grisalhos, rugas no rosto, canta-se o fado no Bairro Alto, na Mouraria, Alfama e Madragoa. Está é a Lisboa de hoje. Para além do fado, a Lisboa de ontem tinha a revista à portuguesa no Parque Mayer. Há muito tempo que por lá não passo, se calhar na Lisboa de hoje é parque das ruínas!

Boa noite para ti amigo Virgílio, um abraço
Eduardo.

Tintinaine disse...

Em 1965, tinha eu 21 anos, fiz da Rua do Benformoso a minha praia. Foi bom enquanto durou, porque antes de o ano acabar já eu estava de novo em Moçambique.
Que será feito, hoje, da minha gaja que era uma boa meia dúzia de anos mais velha que eu?

António Querido disse...

Lindas fotos!
Gosto de hortas, mas daquela das Escadinhas de Damasceno Monteiro, nem por isso, porque aquilo é sinal que já foram mais concorridas, mas são sinais do tempo, tal como as nossas caras "e as nossas gajas", que por aí ficaram.
O meu abraço