Ora até que enfim encontrei resposta para o meu mal, de facto hoje li a noticia que a Organização Mundial de Saúde, vai colocar no «pacote de doenças mentais» as provocadas pela crise, agora sim levaram tempo mas chegaram ao sitio certo, eu já desconfiava que o meu desaparafusamento se devia a crise, pois vivi sempre nela., nasci e cresci em crise, fiz-me adulto na crise, fui Pai e Avô atafulhado de crise, como é que podia acertar o passo com tanta crise? agradeço á O.M.S. terem-me tirado esta angustia que me acompanhava desde sempre, sou um Homem novo, descobri a razão porque ando de passo trocado á tanto tempo.
Mas a vida continua, tão ou mais pessimista que antes, mas nada me prende ás quatro paredes da casa, agora com o Sol a nascer mais tarde já recomecei a vê-lo aparecer no horizonte o que é bonito de se ver, fui até á Capital, desci do trem em Santos, subi até ao Miradouro de Santa Catarina junto á Estátua do Gigante Adamastor, não sei porquê, mas engracei com o homem desde a primeira vez que o vi, é certo que as más companhias estão a dar cabo dele, mas enquanto ele se aguentar de pé, ei-de ir lá fazer-lhe uma visita de vez em quando.
Podem pensar que ando á procura das desgraças para aqui dar noticias delas, mas não, entorpeço nelas simplesmente e não me afasto, era o que faltava andar.me a desviar das porcarias e fazer de conta (como os políticos) que não vejo, não só vejo como mostro a quem quiser ver, como vai a crise por Lisboa.
Aqui no Miradouro falei com o Adamastor sobre a crise, crise! mas qual crise? enfureceu-se ele, anda tudo maluco a falar nisso mas vejam com se emborca numa noite de Terça Feira, agora já não passam cartão a garrafas de três decilitros, agora são litrosas minha Gente, aquilo até parece que estão a tocar trombone quando emborcam umas atrás das outras, reparem que até eu, Adamastor estou a ficar torto de tanto emborcar, comecei também a beber, era abstémio, comecei a ver como se bebia aqui á minha volta, e também quis experimentar, agora estou a ficar igual aos meus companheiros da noite, já não passo sem uns copos afinal um homem não é de ferro, ás duas por três estou como eles que se arrastam por aqui noite após noite, uma desgraça, afinal de contas se um gajo não entra no ritmo deles até lhe vêm mijar em cima, como já faziam, pelo menos assim sou considerado um deles e já não me chateiam.
Saí daqui algo triste com o espectáculo observado, subi até ao Miradouro de São Pedro de Alcântara onde o espectáculo era igual, farto de ver porcaria segui pela rua da Escola Politécnica até ao Rato,e daqui foi um salto até á Av. da Liberdade, ( Liberdade que está a ser posta á prova também por causa da crise) e aqui fui fazer uma visita ao velho Marquês, contei-lhe o que tinha "Observado" ao longo desta caminhada, aqui ele desatou a vociferar, que não foi para isto que se esforçou tanto quando mandava no País, que esta Juventude está toda perdida., agora lembraram-se de fazer obras aqui e as Pessoas já não me podem vir visitar, que aqui deste lugar vejo bem toda a Baixa que eu com tanto esforço mandei reconstruir após o terramoto, e agora só vejo bêbados e sem abrigos por esta Avenida abaixo, etc. estava a ver que descia do pedestal de tão zangado estava, dei por fim a conversa, antes que esta azedasse mais e fui fazer o resto da caminhada.
Desci então a Avenida, até ao Rossio daqui á Praça da Figueira onde coloquei combustível para o resto da viagem, desci até ao Terreiro do Paço, onde tive mais um bate boca com o «compadre» D, José I, que também ele estava numa de desabafar, eu bem tentei dizer-lhe que já tinha levado um sermão do seu primeiro Ministro, lá no alto da Av. da Liberdade, mas qual quê, o homem também estava pior que estragado, vejam bem, dizia ele, que estes gajos (referia-se ao presidente da Câmara de Lisboa) andam constantemente em obras aqui ao pé de mim, agora cortaram o trânsito e tudo para não virem aqui ver-me, isto tinha sido tudo arranjado á pouco mais de um ano e estes gajos parece que andam a nadar em dinheiro, andam a deitar tudo abaixo, para fazer de novo, e depois dizem que á crise, estes sacanas andam a gozar com o Povo, e dito isto começa a descer do cavalo, e aqui cavei, antes que o homem de cabeça perdida como estava me confundisse com algum politico.
3 comentários:
Até os pombos se assustam
Coam tantas garrafas ali
Todos os lugares de lixo atafulham
E toda a noite a malta bebe e ri.
Ainda bem que assim é
Da crise não querem saber
Porque quem paga é o Zé
Pegam dos carros vão conduzir
São apanhados e autuados,
E o governo fica a sorrir
Porque precisa duns trocados!
Ai Lisboa que te viu
E quem te vê
Tuas beleza fugiu
Para onde não sei!
Tens que fazer uma visita ao Parque das Nações. Aquilo por lá está mais ou menos limpo. Quando lá pensares em ir, manda-me um e-mail, se eu puder vou lá ter contigo.
Tens lá bons locais para filmar.
Boa noite para ti, amigo Virgílio,
um abraço
Eduardo.
Pessimista mas com muito sentido de humor. Continua com as tuas críticas bem dispostas que a gente agradece!
Vai conversando com ELES e caminhando, têm tanto para contar que ficarias um ano a ouvi-los, ai se eles pudessem descer cá abaixo partiam essas garrafas todas na tola desses palermas que preferem andar de rastos a fazer merda por todo o lado, do que a trabalhar para serem pessoas decentes!
O meu abraço
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