sexta-feira, 16 de agosto de 2013

RECORDAÇÕES


Corria o  ano de 1972, era eu um jovem de vinte e cinco anos, Pai de Família, trabalhava e habitava em Alcoitão próximo do Estoril, paredes meias com a Quinta do Patinho e Golfe do Estoril, eu pano para toda a obra, a minha Mulher a mesma coisa no que toca ao interior da mansão, propriedade dum casal de Suecos, ele uma Pessoa cinco estrelas, ela também, mas gostava tanto de dinheiro que nos Meses de Verão alugava a casa enquanto iam passar cerca de dois Meses á Suécia, nesse ano,  alugaram a uma Americana doida varrida, cheia de dinheiro mas danada para ferrar o cão sempre que tivesse essa oportunidade, mas hoje não é sobre as peripécias que aconteceram, (que aliás já contei por aí num dos meus blogs) hoje passei (pelo local do crime) ou melhor pela mansão arruinada, e recordei até onde pode chegar a mentira e o faz de conta, duma pessoa para se fazer superior a todas as outras.

A Madame era sozinha, mas isso não obstou a que trouxesse enxoval dentro dumas insignificantes 28 malas, é verdade foi preciso uma camioneta para trazer aquilo tudo, depois de se instalar deu logo para ver que não jogava com o jogo todo, mas isso era mais assunto para a minha Mulher que lidava com ela a toda a hora, comigo era só quando a tinha que transportar a algum lado, mas aquilo era conversa de surdos, ela não falava Português, eu de Inglês também não, pelo que qualquer coisa que fosse preciso era a minha Mulher a tradutora, porque ambas falavam Italiano, portanto um descanso para mim, nesse aspecto, o problema foi quando ela começou a ouvir tocar as sirenes dos Bombeiros, tanto do Estoril como de Alcabideche, a casa é num local isolado e de noite quando havia fogos (que eram constantes no perímetro da Serra de Sintra nesse Verão), lá vinha ela chamar-me para ir com ela ver o incêndio.

 
 A minha Patroa já não estava a gostar de tanto incêndio, embora a Madame tivesse já uma idade respeitável, (mas ainda rompia um par de meias solas), e a minha, ciumenta dava-me cabo da cabeça com a desculpa de ficar sozinha ali num local ermo com as nossas duas Crianças, mas trabalho é trabalho, e não podia recusar um pedido, que não uma ordem, que essas não recebia dela.
Aliás a Mulher tinha um fraquinho por um Médico conhecido de Cascais, e fazia-se convidada para ir á casa dele ali próximo da Malveira da Serra, várias vezes lá fiquei a assar á sua espera, tinha também outras manias mais sofisticadas, convidava várias Pessoas suas conhecidas ou amigas, pois ela vinha várias vezes a Portugal, e antes dos convidados chegarem combinava com a minha Mulher para quando tivessem a meio do repasto, a minha vir á mesa e dizer-lhe que tinha uma chamada telefónica.

Ela dizia que estava a almoçar ou jantar com os amigos e não podia atender, mas fazia a pergunta previamente combinada e que era de quem era o telefonema? E a minha Mulher lá dizia que era o Rei de Marrocos ou outra personalidade importante na época, então lá se desculpava com os convidados e fingia que ia atender o telefone, por aqui se pode ver o que passei com aquela ave rara, cheguei a ter a Policia lá em casa, eu já não aguentava tanta maluquice, e dizia que me ia embora, mas como eu no fim de contas era o responsável pela casa eles aconselharam-me a não abandonar o barco, outra vez foi, ou mandou alguém do seu conhecimento fazer queixa na P.I.D.E. em Cascais pela mesma razão de eu querer dar o fora dali, algumas coisas contadas hoje até têm graça, mas por exemplo ela não querer lá Crianças, só aceitava o Menino que tinha Meses, mas a Menina, a primeira vez que a viu começou a gritar que não queria lá crianças, e assim andou a Menina dois Meses escondida para a maluca não a ver. No regresso dos Suecos, e na partida da maluca, pedi a demissão e fomos pregar para outra freguesia. Pensando bem, a minha a vida não foi fácil, e agora que está na curva descendente ainda vêm estes sacanas dos políticos, que nos meteram no buraco, a querer enterrar um gajo ainda vivo, mas que merda de vida.

3 comentários:

Tintinaine disse...

A gente atura cada uma!
Deus nos livre de malucos!

Valdemar Alves disse...

Um belo episódio... Cá por mim fiquei com a impressão que a americana gostava era "de atenção" mas o amigo Virgílio não lhe deu bola.

Edum@nes disse...

Gente boa sim, gente maluca chateia,
gente pobre menos tem, gente rica tem de sobra deita para o lixo. Suecos cinco estrelas, americana maluca carregava o enxoval dentro de 28 malas. Uma história vivida no passado, e recordada no presente pelo amigo Virgílio.

Bom fim de semana, um abraço.
Eduardo.