Não foi por escolha minha, mas calhou assim, para além do inicio de vida que foi na Agricultura, isto ainda na infância e adolescência ( espero que a A.S.A.E. não vá multar os meus antigos Patrões por trabalho Infantil, pois comecei aos 11 anos) o resto da minha vida laboral foi quase sempre como Operário, com poucas passagens por trabalhos nos chamados Serviços.
Vem isto a propósito de verificar que no Conselho onde habito, as Fabricas serem mais que muitas, e estarem agora reduzidas a quase nada, como antigo Operário sinto que ficou um vazio nestas Terras que dificilmente será preenchido, apesar de hoje trabalharem aqui mais Pessoas que quando havia Fabricas.
Vim morar para Paço de Arcos em Janeiro de 1969, e junto á estrada que liga a Porto Salvo eram Fábricas porta sim porta sim, começava na da Cera, do Inglês Leacok, a seguir uma Serração de Pedra, mais uns metros a Autosil Fábrica de Baterias, (onde trabalhei) paredes meias com esta a Novembal, que fabricava embalagens de cartão ( também trabalhei aqui) logo a seguir a Chambon, que também fabricava embalagens tanto quanto me recordo, depois a Fabrica da Couraça, que fabricava pasta de dentes, perfumes etc., tudo isto numa extensão de cerca de 500 metros, disto tudo, que tinha ao seu serviço largas centenas de Trabalhadores/As, resta a Novembal baptizada com outro nome, e outros interesses, bem sei que nos locais das antigas Fábricas nasceram Empresas com outras caracteristicas, e também outras responsabilidades, pois fecham hoje para voltar a abrir amanhá com outro nome e outros Funcionários, a tal precariedade que alguns falam e outros omitem.
Mas o que me faz falar do verdadeiro Ciclone que varreu as Fábricas destas Terras, é aquilo que elas produziam e que agora vêm da China e doutros locais, tal com a Agricultura e a Pesca., também as Fábricas se foram e só com bilhete de ida, como é que isto pode ir para a frente se o Tecido Produtivo do Pais foi todo desbaratado?
Saindo de Paço de Arcos, também Oeiras ficou sem uma das maiores Fábricas do Pais, a Fundição de Oeiras, como já tinha ficado sem a Fábrica de Papel e das Malhas, se fizermos a agulha e nos encaminhemos para os lados de Algés, também a História é igual.
Foi a Fabrica Lusalite que fabricava placas desse produto para as coberturas de casas, e em especial para Fabricas e Escolas, além da tubagem de grande dimensão para água potável e residual, logo ao lado a Fabrica de Fermentos Holandeses que abasteciam todo o Pais desse produto, mais a baixo a Fabrica de Pilhas da Tudor, e já nada existe a não ser as suas instalações abandonadas., á espera que a crise se vá, para nesses locais se construir mais uns Condomínios Privados, porque isto da ladroagem está a ficar mau e o Pessoal da «massa» tem que viver em segurança nestes bunkers, não vá algum gatuno mais atrevido querer ficar com parte da herança, mesmo não sendo Herdeiro.
O fecho de todas estas Fábricas nada tem a ver com a actual crise, isto já vem de longe, alguém deve ter considerado que era melhor construir edifícios de Escritórios e Serviços, os Operários muitos deles regressaram ás suas Terras, onde alguns ainda foram semear umas batatas e uns alhos, os Serviços tomaram conta de tudo o que mexe nestas Terras outrora Agrícolas e Fabris, grandes prédios de habitação e óptimos condomínios fechados, muito papel vindo doutros pontos do Globo para abastecer todos estes escritórios que por aqui nasceram, «só» desapareceram as «máquinas» produtivas que por aqui havia.
Isto que aqui escrevi refere-se ao actual Conselho de Oeiras, e junto ao Rio, não fui ao interior, e muito menos ao que era Oeiras antes da separação da Amadora que aconteceu á trinta e dois anos, porque aí as coisas ainda são mais negras, só as duas Fábricas «Irmãs» Cometna e Sorefame, que produziam Comboios, Caravanas e contentores para o lixo, só nestas duas trabalhavam algumas largas centenas de Trabalhadores, foram á vida, e o mesmo aconteceu com a Fábrica da Pólvora de Barcarena.
Nesses tempos havia Gente nas ruas, muita Gente, que enchia a Zona Histórica de Paço de Arcos, ( e também das outras Localidades) em especial o Jardim Municipal, e o Pavilhão com grande esplanada que se situa neste local, o Cinema que também faleceu, a Casa Bonvalot dos Pais do saudoso Actor José de Castro, hoje sobram recordações, falta de segurança, e carros ocupando qualquer metro de terreno disponível, e não havendo, param nos passeios.
4 comentários:
Amigo Virgílio, o que é lamentável é que isso não aconteceu só em Oeiras, vou dar um cheirinho só das fábricas que encontrei em volta da minha casa num raio de 5km quando aqui me estabeleci em 1975, e foram estes empregados que me deram vida, sendo meus clientes!
Estaleiros Navais do Mondego, onde eram fabricadas as lanchas para a Marinha,
Geal, fábrica de enlatados e conservas de peixe,
Terpex, fábrica de alcatrão,
Cofisa, fábrica de confecções,
Alberto Gaspar, fábrica de transformação e exportação de madeiras, isto para não inumerar muitas mais que só tiraram bilhete de ida, isto em todo o País como não era possível haver este número de desempregados, os Portugueses estão feitos num 8, ainda agora com mais os 500 milhões que temos de dar ao Alberto João!
Bem observado, Sr. Observador. A isto chama-se progresso.
Há 100 anos atrás os arredores de Lisboa eram as hortas que forneciam os víveres necessários à sobrevivência da capital e as fábricas que davam trabalho aos seus habitantes.
Agora são os dormitórios desses mesmos habitantes enquanto que as hortas e os parques industriais se deslocaram para mais longe. Em alguns casos tão longe, tão longe que foram parar à China.
O tempo, não voltaContinuamos , para trás,
Se caminha para a frente
Muitas mais encontrarás
Daquele tempo, diferentes
Deveria, assim, não ser
Falta alguma formação
Dirigir sem saber
Pode causar colisão
Assim tem acontecido
E mais vai acontecer
De um futuro desconhecido
Quem manda não quer saber
Só pensa criar impostos
Para mais pobreza causar
Continueremos sem saber
Quem nos anda a governar.
O Observador, observa
Com saber a aptidão
Com 11 anos trabalhava
Era a infantil exploração
Um abraço
Eduardo.
Aquele continuamos, entre volta para trás. Está a mais.
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