sexta-feira, 21 de junho de 2013

PORTA AVIÕES AMERICANO NO TEJO

Porta aviões USS Dwight D. Eisenhower no Tejo, e eu antigo Marinheiro Fuzileiro não podia deixar passar a oportunidade de ir dar uma espreitadela neste mastodonte que provavelmente não voltará aqui, pois já estão a fabricar o seu substituto, é certo que só o consegui ver a algumas milhas de distância, mas valeu a pena ter-me- deslocado ao Alto da Boa Viagem para ter uma panorâmica  mais vasta, é de facto uma Cidade não só em tamanho, mas pelos cerca de 4.500 Militares que alberga, já para não falar no material bélico que transporta. Só ontem á noite soube da sua presença, e á hora do costume fiz-me á estrada, deixei o carro em Caxias e o resto foi a penantes até á Cruz Quebrada e volta.
Das várias fotos que aqui mostro do Porta Aviões, pode ver-se junto a ele um Cacilheiro, e dois Petroleiros, agora espero que não os deixem zarpar sem pagarem a conta, que isto por aqui não está para brincadeira, se eles não pagarem avisem que fazemos uma barreira ali em S Julião da Barra e não os deixamos passar, se quiserem, levem os aviões, mas o Navio fica cá.



Como já aqui contei mais de uma vez a minha estadia na Marinha e nos Fuzileiros foi um fiasco dos grandes, passaram quase cinquenta anos e hoje não tenho dificuldade em compreender as razões do fracasso, é certo que foi numa altura em que andava meio desaparafusado das ideias (que continuam á procura dos parafusos perdidos ) mas a outra parte (a Marinha) também tem as suas culpas, eu alérgico a ajuntamentos de mais de quatro Pessoas, arranjam-me centenas,  estar fechado é outro dos meus males, fecham-me dias e dias num Quartel, onde coitado de mim tinha de andar saltar muros para me safar, muitas vezes com o perigo de ao cair partir os c.. ou ainda pior levar um tiro de algum Sentinela mais zeloso, portanto da outra parte não ouve os cuidados necessários para com um Grumete com estas características, diria especiais, não havia Psicólogos nesse tempo, caso contrário teria sido um sucesso para ambas as partes, assim! 

Depois quando assentei Praça julgava que ia para a guerra, para dar, ou levar um tiro e acabar com aquela agonia que me atazanava os miolos, e cravam-me com quatro Meses de recruta, um desperdício incompreensível em tempo de guerra, terminada esta mais três de I.T.E. com a agravante de me colocarem três semanas num Navio (a velha Sagres, agora a fazer as delicias dos Alemães como Museu, em Hamburgo) que já não navegava e eu queria era navegar, ainda a agravar a situação calhou-me ser rancheiro na primeira semana que lá entrei, num Navio que não navegava, e fechado a sete chaves para um gajo amargar ali todo aquele tempo sem sair, as baratas eram aos milhares, eu que até duma formiga tenho medo, três semanas para aprender a remar e a fazer nós, um desperdício de tempo quando podia andar antes numa das guerras em Africa a caçar umas gazelas, ou donzelas sabe-se lá.

Eu que tinha tirado o curso de navegação no poço grande do rio Alcabrichel, na Azenha dos meus Tios, e agora ali num Navio cheio de baratas que não navegava, para piorar a situação deixaram-me fazer uma visita a uma Fragata que navegava, mas só lá estive com ela atracada (parada) no Alfeite, navegação só na Vedeta que fazia (faz) a ligação Alfeite, Doca da Marinha em Lisboa, ora isso fazia eu nos Cacilheiros não precisava de ir para a Marinha para isto! E os tiros que eu tanto gostava (embora não acertasse um) era só na carreira de tiro, e com balas contadas, mas que raio de guerra esta onde eu me vim meter. Farto de estar fechado, impedido pelo R.D.M. (tinha entretanto ultrapassado os castigos com os quais já não era permitido ir para a guerra) só tinha uma saída, cavar dali enquanto pudesse, foi o que fiz, embora tenha sido Sol de pouca dura, ao fim de cinco penosos dias a P.I.D.E,. deitou-me a  luva na zona Fronteiriça do Caia.
Toda esta conversa para dizer que o bichinho ficou cá dentro, e tudo o que se relaciona com a Marinha me toca de perto, digamos que é uma paixão não correspondida.

5 comentários:

Edum@nes disse...

Para que nos serviria o navio se não temos dinheiro para o manter operacional. Sucata há por aí muito sem qualquer utilidade. Não seria o caso, porque aquele gigante dos mares, trabalha a energia nuclear. Segundo ouvi nas noticias pode navegar durante dois anos sem precisar de ser abastecido. Será que os americanos são os maiores do mundo? Ou será que precisam de tão sofisticado material bélico para se defenderam dos seus inimigos que serão poucos. Talvez se eles não quisessem ser os donos do mundo, não teriam tantos inimigos! Eles são mais fabricantes da guerra do que da paz. Invadem país, escavacam aquilo tudo e depois piram-se de lá para fora e a guerra fica mais assanhada do que estava antes de eles lá entrarem!
Bom fim de semana para ti amigo Virgílio, um abraço. Eduardo.

Tintinaine disse...

A Marinha é um amor que nunca esquece, mesmo que seja um amor castigador.

Valdemar Alves disse...

Imagino o reboliço no Cais do Sodré... 4.500 marujos é obra!

Observador disse...

Não o disse no texto, mas já que o Valdemar fala no Cais do Sodré, recordo que nós ficávamos pior que estragados quando esta Marujada Estrangeira atracava aqui no Tejo, nesses dias com começava a escassear a «carne» nos talhos do Cais do Sodré, mas também no Intendente e Bairro Alto, para que conste, as verdades são para ser ditas. Marujo Estrangeiro em Terra Portuguesa dava batatada quase sempre, agora não faço ideia como se comportam.

António Querido disse...

Será que lhes cheira a petróleo por aqui?
Se não encontrarem carne no Cais do Sodré, podem ir ao talho das sextas, à Póvoa de Varzim.