Resolvi escrever esta carta ao nosso Primeiro Ministro, porque essa coisa de E-mail é-me desconhecido, de facto eu sou do tempo da enxada e tesoura de poda, embora ainda tenha feito alguns papo secos, carcaças e outras coisas menores, mas os tempos actuais não estão para essas mariquices, os novos tempos que o Sr. inaugurou há dois anos têm a ver com doutores que escrevem nos computadores, essa modernice que só de os ver á minha frente me assusta, esta carta tem como principal motivação dar-lhe o meu aplauso pela maneira simpática como se tem referido aos Trabalhadores do Estado, de facto ao tratá-los por «menos qualificados» os que têm de ir para o olho da rua, o Cavalheiro está a ser muito benévolo, se fosse eu tratava-os por burros ou na melhor da hipótese desqualificados que é o que são, pois não quiseram aprender a fazer contas, ditados, a desenhar e outras coisa bonitas que se aprende nas Escolas, corra com eles Sr. Primeiro que tem o meu total apoio.
Vou finalmente ter doutores no atendimento dos diversos serviços públicos onde me desloco, o homem que varre o lixo aqui na zona, teve que meter uma cunha para lhe darem a carta de condução do carrinho que empurra para cima e para baixo no transporte das folhas que vão caindo das árvores, o carteiro que anda de motorizada de futuro como vai ser doutor vai andar de Jeep ou até de helicóptero que é mais rápido e seguro, no meu antigo trabalho que têm de lidar com cagalhões os gajos que não têm instrução não conseguem distinguir um, duma salsicha, e então para analisar um daqueles mais avantajados o que convenhamos os actuais funcionários não fazem a mais pequena ideia como lidar com ele, ora um doutor ou engenheiro sabe perfeitamente como actuar em situações de emergência fecal. E o pessoal que anda nos camiões do lixo, são uns alarves que só sabem gritar, beber copos de três, e bejecas, e ainda se peidam como gente grande que eu bem os oiço, uns engenheiros para estes lugares já, pois todos ficamos a ganhar, e estes não peidam, são mais do estilo peido de salão, que cheiram mal, mas não acordam a vizinhança com estrondo.
Também queria deixar aqui uma palavrinha sobre mais um imposto que vai impor aos reformados, acho muito bem, eles são uns gastadores, passam o dia nas tabernas a jogar á bisca e ao dominó, ou então andam por aí a deitar o olho ás mulheres dos outros que eu bem os vejo, os gajos reformaram-se muito novos, e agora querem levar o Pais á falência pois duram, duram que nunca mais acabam, há gajos destes reformados há mais dez anos e não morrem os sacanas, falo com conhecimento de causa, já estou de barriga para o ar há um par de anos e estou aqui para as curvas, não se vão livrar de mim tão cedo, sabe pouparam-se enquanto estiveram empregados, não faziam a ponta dum corno estes que estavam no Estado, e agora ainda reclamam, estavam mal habituados, estes Socialistas deram-lhe a faca e o queijo, e julgavam que a boa vida ia durar para sempre, corte amigo Passos, ou Gaspar ou Portas não importa quem, mas ponham estes gajos a pão e água e não digam que vão daqui é total o meu apoio amais esta medida.
Só lhe faço um pequeno reparo sem importância, sabe cá o rapaz se ainda estivesse no activo era um dos que tinha apontado o olho da rua, porque não tinha a escolaridade aceitável para o lugar que ocupava, não foi por minha culpa que não saí doutor, ainda me inscrevi na Universidade do seu amigo Relvas, mas não me aceitaram por não ser politico, mas tirando esse pormenor do canudo, até não me sai mal nomeadamente enquanto trabalhador por conta do Estado, e a atestá-lo mostro-lhe aqui o que de mim disse a minha Chefia, mas o Sr. não está para pieguices e acho muito bem, que gente nas mesmas condições de escolaridade, sabe-se lá se não foram tiradas nas Novas Oportunidades do Sócrates, devam ir pregar para outra freguesia, mas o reparo que lhe queria fazer é o seguinte, quando se referir aos que quer despedir, ou dispensar que é mais soft, não diga os «menos qualificados» porque isso cria um anátema na rapaziada com menos escolaridade, mas com muita sabedoria, como atesto nos que comigo trabalharam, que davam (dão) cartas a muitos engenheiros que por aí pululam.
Diga antes que estão a analisar quais os serviços que têm Gente a mais, e depois desse estudo concluído, aí sim os que estejam a mais terão de ir limpar o pó dos sofás para outra freguesia, porque há partida sem essa análise concluída, cheira a vingança colocar determinada classe na ponta das baionetas, como aliás está a fazer com os reformados, até dizem por aí (más línguas) que é a vingança por o Tribunal Constitucional ter mandado algumas medidas para a sanita, mas não ligue que este Povo não sabe o que diz, falta de escolaridade digo eu, são uns brutamontes.
Passe bem.
3 comentários:
Cartas lava-as o vento
Desgraças trazem os políticos
Deputados no parlamento
Fazem do povo penicos.
Ministros e secretários
Continuam a mamar
Sobem os impostos camarários
Para as finanças engordar.
Aquele ministro espertalhão
Anda o povo a tramar
Vai ser grande o trambolhão
Ele continua o buraco a alargar.
Fala e torna a falar aquela besta
Sem cabresto anda à vontade
No povo coloca a enxerga
Ele continua em liberdade.
Regime de Salazar à vista
Para isso ele trabalhar
Se não lhe cortarem a crista
No poleiro, galo continua a cantar!
Resto de bom domingo para ti, amigo Virgílio, um abraço. Eduardo.
Estás mesmo virado do avesso meu amigo!
Olha que os gajos ainda te ouvem (porque estão aí perto) e despedem todos os funcionários públicos, ficando só os ministros, deputados, secretários de estado e os seus motoristas, respondo-te como fez o pai do Coelho: "Taz lixado pá"!
Bate-lhes com força que eles merecem!
A minha avozinha dizia que:
- Só se perdem as que caem no chão!
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