Já me tinham dado a noticia há algum tempo mas sem confirmação, apenas por terem ouvido dizer, hoje confirmaram-me que um antigo Funcionário que trabalhou comigo vários anos teria falecido, ainda não tinha idade para embarcar, mas ela não está pelos ajustes, quando quer levar alguém não se preocupa com idades, situação económica, social ou outra, leva-nos e pronto, acabou.
Era Pessoa trabalhadora, quando entrou para o serviço já tinha alguma idade o que lhe dificultava a adaptação quando surgiam novas tecnologias o que era frequente, tanto assim que nos últimos anos pediu transferência, ao que não me opus, pois sou de opinião que jogador contrariado não produz bons resultados, e nem no banco de suplentes o quero para não desestabilizar a equipa, era bastante nervoso consequência da sua difícil adaptação, pois sempre tinha trabalhado no ramo dos tecidos, coisa completamente diferente, daquilo que viria a fazer aqui.
Quando hoje confirmei a noticia, revivi algumas peripécias com ele, e que não resisto a contar quando trabalhámos juntos.
O trabalho era por turnos e abrangia as 24 horas do dia, algumas noites em que não conseguia dormir saía e ia dar uma volta pelas instalações de que era responsável, algumas vezes cruzava-me com o Homem que estava de serviço, outras não, pois as instalações eram muitas, e nos três Concelhos; (Oeiras, Amadora e Sintra) uma noite quando cheguei á Central do Dafundo dirijo-me á viatura que o Amigo Victor conduzia e reparei que estava aberta e a chave na ignição, retirei a chave e coloquei-me a uns metros de distância junto á porta dum prédio, quando ele saiu da Central e se dirigiu ao carro viu que não tinha a chave na ignição, voltou a entrar na instalação, saiu procurou no chão, no carro, e de repente começa a gritar que tinha sido roubado, claro que tive de me mostrar logo caso contrário toda a vizinhança acordava, este ainda era do tempo de porta da casa aberta, e não se adaptou (tal como eu) aos novos tempos de gatunagem.
Passado algum tempo, também de madrugada saio de casa e dirijo-me á Central de Santo Amaro que fica junto á Praia, quando vou a chegar está o Victor parado junto á carrinha, saio do carro e ele dá um grande sorriso, ao mesmo tempo que exclama, ai foi você! Olhei para ele admirado e pergunto fui eu o quê? Que me tirou a carteira, ó Homem estou a chegar, não tirei coisa nenhuma, mas ele lembrando-se do que tinha acontecido com a chave do carro na outra noite estava mesmo convencido que tinha sido eu, afinal não aprendeu com a história da chave e deixou a porta do carro aberta com a carteira lá dentro, passou por ali um amigo do alheio e fanou-lha, apareceu em Torres Novas, um tempo depois com os documentos, já não foi mau, pois podiam ter-se desfeito deles, como tem acontecido muitas vezes.
Um dia pediu.me se podia fazer uma pequena horta junto ao depósito da Terrugem, disse que sim pelo menos o terreno tinha alguma utilidade, mas desconfiava dos seus conhecimentos agrícolas visto o trabalho anterior dele ser vender tecido a metro, um final de tarde andava eu com alguns Amigos no Jardim de Paço de Arcos quando vejo no viveiro de flores que na altura faziam lá, umas flores com algumas semelhanças com tomateiros, apanhei algumas e no dia seguinte dei-lhas, disse-lhe que eram tomateiros de boa qualidade, (ele gabava-se perante os Colegas que percebia de plantas) o Homem nem pestanejou foi logo plantar os «tomateiros» ali estiveram durante mais dum Mês até que um colega sabendo da marosca lhe contou a verdade, mesmo assim não deu o braço a torcer dizendo que sabia que eram flores, enfim nem tudo eram rosas mas também nos divertimos com algumas passagens deste Homem, que se foi embora sem se despedir.
Que descanse em Paz.
3 comentários:
Recordando e andando, enquanto a morte nos deixar. Leva os que deveriam continuar por cá mais algum tempo e deixa os que deveria levar. Mas ela é quem manda, por isso faz o que muito bem entender, sem pedir satisfações a quem quer que seja. Tristezas não pagam dividas. Os políticos nos sacam o pouco que ainda temos, porque alinhamos nas suas cantigas, eles se aproveitam da gente, com falsas promessas que nunca chegam cumprir, a favor do bem estar de quem contribuiu para eles viverem no luxo, e quem votou neles viverem no lixo.
Boa tarde para ti amigo Virgílio, um abraço
Eduardo.
É verdade Virgílio, quando os amigos partem sem terem tempo de se despedirem, deixam-nos lembranças inesquecíveis, umas boas, outras menos boas, mas nunca deixam de ser amigos que um dia fizeram parte da nossa passagem terrena.
Da Figueira vai o meu abraço
E quem irá escrever a nossa história quando formos nós a bater as botas?
E recordar as mil e uma mensagens que durante anos publicamos nesta rede (Blogspot) de blogs?
Alguém o fará ou cairemos no esquecimento logo de seguida?
Na verdade, depois de morrer não me deve fazer grande mossa!
Bom fim de semana!
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