MARINHA E FADO

Marinha e Fado, na primeira por lá andei nos anos sessenta do século passado, a segunda por lá ando diariamente, através da Rádio Amália, a minha Estação de Radio desde que nasceu há uma meia dúzia anos.

Na minha última caminhada por Lisboa, observei as duas coisas, da Marinha vi a respectiva Doca, local de partidas e chegadas da Vedeta, que para quem não sabe, é um Navio de pequeno porte da Armada que faz o transporte de Militares e Civis que trabalham na Base do Alfeite de Lisboa para a outra banda, e vice versa ou seja para as Instalações Militares do Alfeite, ou de regresso para Lisboa.

Depois de passar pela Doca da Marinha que fica ali mesmo á mão de semear do Ministério das Finanças, num aparte talvez seja por esta proximidade que não se adquirem novos navios de transporte de Pessoal, pois as três Vedetas já têm mais de quarenta anos, e diz-se, neste caso com alguma razão que "santos da casa não fazem milagres" mas dizia depois de passar junto á Doca avancei até Alfama, e como se tem falado muito de Fado, por estar a fazer um ano desde que este foi classificado como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, e passei junto ao Museu do Fado que fica neste Bairro de Lisboa, que como é lógico estava fechado àquela hora.

Depois fui subindo pelas suas ruas estreitas de Alfama, ainda apanhei um choque ao ler numa placa toponímica o nome de Beco da Bicha, é que, vi-me na pele de Marinheiro, esquecendo por momentos a proveta idade que já me pesa nos ombros, e lembrei-me que no meu tempo de Marinha as «bichas» tinham uma atracão fatal pela farda, ou lá porque era, enfim hoje estão mais democráticas as «bichas» e já não escolhem a arma ou a farda a que o Militar pertence, fui então subindo até ao Miradouro das Portas do Sol, e daí observei durante alguns minutos a Vedeta na sua aproximação á Doca da Marinha, as fotos não são grande coisa, mas é para os antigos Marinheiros que por aqui aparecem matar saudades, já é melhor que nada.

Ainda subi até á rua do Costa do Castelo, e daqui desci até á Baixa, mas antes passei pela Mouraria onde fotografei um bonito mural alusivo ao Fado Vadio, que é uma peça importante na divulgação da nossa musica.

No final desta mensagem coloco um Fado da desaparecida Helena Tavares, parece-me que vem a propósito numa altura em que tenho escrito sobre o G3, e o seu livro, é que quando este estava preso no Corpo de Marinheiros no Alfeite, tinha a visita duma Senhora que os outros Camaradas que estavam na mesma situação identificavam como precisamente a Fadista Helena Tavares, e que seria prima dele, de facto este tem Tavares no seu apelido tal como aquela, mas já lhe fiz a pergunta e ele não se recorda dela, para o caso não tem importância, aqui segue o fado do Marinheiro.