Ao dirigir-me hoje de manhã ao café para colocar a máquina em funcionamento, com a «bica» da ordem, e ao lamentar-me do assalto que estava a ser vitima, vejo a reacção de regozijo do meu interlocutor, pois quem estava a ser «roubado» eram os malandros dos Funcionário Públicos, e isso era motivo de regozijo para »todos» os Portugueses escravizados por esta corja de calões, e outras coisas que não digo por pudor, chamei-lhe a atenção que a sua gaveta dos Euros ia ficar mais pobre, pela minha parte iria beber o café em casa que fica mais barato, o que o obrigou a mudar o discurso. Esta reacção levou-me a escrever umas linhas sobre o que foi o meu percurso como Funcionário Publico, de que me orgulhei, até ontem, dia em que me arrependi profundamente de ter acreditado que o Estado era dirigido por Pessoas de bem, e cumprindo com o acordado com os Cidadãos seus Trabalhadores.
Mas vou começar pelo ,início como mandam as boas regras: quis o destino que me tenha tornado Funcionário Publico, não para ganhar bem, mas por necessidade, isto aconteceu no já longínquo ano da graça de 1976, estando eu, desempregado devido ás convulsões que se seguiram ao golpe de Estado de 1974. Nessa altura trabalhava para um empreiteiro da C.R.G.E. hoje E.D.P. na reparação da iluminação Publica do Conselho de Oeiras, e em 1975 quando terminou o contrato com essa empresa tinha o vencimento de 7.500 Escudos, quando fui para os Serviços Municipalizados fui ganhar 5.600 Escudos, como se vê não eram ordenados chorudos os que pagava o Estado.
Fui trabalhar com a categoria de servente, para as Estações de bombagem de esgotos, por turnos, mas sem o respectivo subsidio, ou qualquer acréscimo no vencimento, pois nesse tempo ainda não estava em vigor a lei que o permitia, trabalhei sempre com o mesmo empenho que tinha tido noutros trabalhos anteriores, mas espreitando uma oportunidade de melhorar o ordenado, pois havia dois Filhos com um terceiro no horizonte, até que essa oportunidade chegou, via Instituto Nacional de Administração, sediado nav.de Berna em Lisboa, e hoje com sede no Palácio do Marquês em Oeiras, para trabalhar como motorista, como nesse tempo só tinha carta de condução amador, fui a correr tirar a profissional, pois a melhoria salarial proposta exigia que o fizesse rapidamente, o que aconteceu, com a garantia de novo trabalho em perspectiva fui falar com os responsáveis dos Serviços dando-lhes conta da minha intenção de mudar de ares, foi-me então dito que estavam a contar comigo para o lugar de Encarregado, lugar esse ocupado pelo Eng. Maia, que ia para outro cargo, o único senão era não me poderem dar a categoria de Encarregado pois isso era obrigatório ser por concurso externo, que iriam abrir brevemente, enquanto isso não acontecesse ficaria com a categoria de Capataz, aceitei as condições e fiquei no lugar.
Em 1981 foi finalmente aberto o concurso para Encarregados, para as Águas da Amadora e Barcarena, Saneamento de Algés e Oeiras e para As Estações elevatórias, concorreram onze Candidatos, tendo ficado aprovados cinco, fui um destes, a partir daí foram-me distribuídas diversas funções, fora do âmbito das Centrais de Esgotos, tais como lavagem de depósitos, toda a limpeza e conservação de todas as instalações de Centrais e Depósitos de águas todas as centrais de águas e esgotos, sobrepressoras, açudes, cloragem das águas, etc. e montar de raiz uma Oficina de manutenção e reparação de todo o equipamento electromecânico dos Concelhos de Oeiras e Amadora, para tal foi-me dada carta branca para escolher dois Elementos da Oficina existente, (que entretanto terminou as funções que passaram para nós) desses dois ficou um, os restantes elementos já trabalhavam na Secção, como Operadores de Estações Elevatórias e foram reclassificados para as funções de Mecânicos-Electricistas, o que se provou ser boa solução, pelo seu empenhamento, disponibilidade e aprendizagem de novos métodos e tecnologias, estes também não mereciam este presente do ora Primeiro Ministro, e não posso excluir aqui o meu Chefe directo do qual tive todo o apoio para levar a bom porto a tarefa, e que sempre foi dos que chegava primeiro ao seu lugar de trabalho, e o último a sair, apesar de ter isenção de horário de trabalho, prática que ainda hoje mantém segundo julgo saber.
Entretanto, com Pessoal motivado, e vendo o seu trabalho apreciado tanto dentro como fora dos Serviços, fomos postos á prova com trabalhos de montagem de Centrais de raiz, primeiro por falência da empresa contratada para o fazer, e depois por a primeira ter corrido bem, nesta altura e devido á dispersão dos locais de trabalho que já se estendiam não só a Oeiras e Amadora mas também a Sintra, foram a concurso dois elementos Operadores de Estações Elevatórias para Encarregados que passaram a coadjuvar-me nos trabalhos de Operação de Equipamento, Limpeza e pinturas de equipamentos e Edifícios, tendo eu concorrido ao lugar de Encarregado-Geral, por concurso externo de Fevereiro de 1989, tendo ficado aprovado nas provas a que fui sujeito, tendo tomado posse nesse ano.
Em meados dos anos noventa, concretamente em Junho de 1995 é criada a Empresa Multi-Municipal Sanest, Saneamento da Costa do Estoril, que congrega as Câmaras de Oeiras, Amadora, Cascais, Sintra e Águas de Portugal, fui convidado pelo Director de Exploração Eng. Frazão para ir para a Empresa, não se falou em números concretos de vencimento, mas aflorou-se um número, e posso dizer que era mais do dobro do que ganhava nos Serviços, mas não aceitei, esta secção era ainda uma criança que ajudei a nascer, e não podia ir embora enquanto não soubesse andar pelo seu próprio pé, mantive-me no posto até á aposentação, (embora os últimos anos fossem penosos, mas isso são contas doutro rosário), ontem arrependi-me profundamente, não ter aceite ir pregar para outra freguesia, não por ser mal tratado onde fiquei, antes pelo contrário, mas porque assinei de livre vontade um contrato com o Estado, cumpri escrupulosamente a minha parte, e esse Estado ontem veio trair a confiança que nele depositei, ao co-assinar esse contrato que agora rasgou.
4 comentários:
Corta aqui, corta acolá,
Esmaga e continua a esmagar
Nosso povo com nada ficará
Eles malham e tornam a malhar
De outra coisa não sabem falar
Aprenderam esta canção
Para o povo ouvir e calar
O subsídio de férias e Natal vou cortar
Disse o PASSOS, nunca ter pensado
Mentiroso descabido, um assalto está fazendo
Se os portugueses quiserem
Ele vai ficar arrependido
Porque os Portugueses não querem
Voltar ao tempo antigo
Faz as coisas, cegamente, sem pensar
No que poderá acontecer
Não se farta de cortar
Sem as contas bem fazer
Para a dívida externa liquidar
Para ele será um alivio
se o povo de fome morrer,
Menos pensões para pagar
Mas a divida irá crescer
Porque eles continuarão a roubar
Não vai haver dinheiro que chegue
Malha, malha e torna a malhar
Corta, corta e torna a cortar
E o povo calado a ficar
E quando será que a bomba vai rebentar?
Bom fim de semana para ti, amigo Virgílio
Um abraço
Eduardo.
Será que também vão cortar o 13º e 14º mês a tudo que é político, deputado, juíz, presidente de câmara, administrador de empresa pública, etc?
Ou essa medida extraordinária só se aplica à arraia miúda?
E todos os que exercem fora de Portugal, como o Vitor Constâncio, Durão Barroso, etc.? Vão lá pedir-lhes o dinheiro ou fazem-se de esquecidos?
E o Cavaco?
Somos todos portugueses, ou não?
Isso gostaria eu de saber? Mas não acredito que o façam?
É para esses senhores receberem grandes ordenados
que os mais podres têm que deixar de receber os subsídios de férias e de Natal.
Custa-me querer acreditar que tal medida seja posta em prática!
Será que o homem é surdo e não ouve as palavras de quem sabe mais do que ele?
Que eliminasse um dos subsídios, embora contra a nossa vontade seria aceitável.
Os dois não. Estamos de regresso ao tempo em que Salazar governou o país.
Os governos são eleitos para governar e não para causarem miséria.
Se levar a sua avante, o país vai ficar de "pantanas." Talvez consiga liquidar a divida, Mas nós teremos que andar de mãos estendidas a pedir esmola. Porque a economia vais ficar arrasada. Desemprego, fome, delinquência e insegurança. Ele já avisou que as Forças de Segurança vão estar alerta. O pior é que as Forças de Segurança, também são contras às medidas de austeridade anunciadas pelo governo.
Rectifico, as palavras podres para pobres e vais para vai.
Enviar um comentário