Pensei escrever uma mensagem nova sobre a data que comemoro hoje, mas pensando bem, como considero actual a do ano passado, poupa-me alguns neurónios, que já são bem escassos, acrescentando ou alterando uma ou outra frase que possa estar ultrapassada pelo andar do tempo, e ao mesmo tempo colocar fotos novas, juntando algumas dos locais por onde andei neste dia há 40 anos.
Nesse dia saí como de costume do Bairro da Figueirinha onde habitava, fui a Oeiras ao Despacho da C.R.G.E. hoje E.D.P. verificar quais os trabalhos que havia para esse dia, o funcionário que estava de serviço falou-me que haveria movimentações de tropas mas nada de especial, segui para Valejas para executar o primeiro serviço, reparação de um candeeiro da iluminação publica, quando paro junto a este vem um Homem ter comigo, e admira-se de eu estar trabalhar, pois a rádio estava a dizer para recolherem todos ás suas casas, assim sendo ainda reparei o candeeiro mas segui com o meu ajudante para Oeiras estava o dia ganho.
Da parte da tarde, e no dia seguinte até á madrugada de 27 estive junto ao Forte de Caxias até que os Presos Políticos foram soltos.
E agora passados que passaram 40 anos sobre o 25 de Abril, o que posso dizer? Valeu a pena, muito se fez, muito se perdeu, mas o saldo é incontestavelmente positivo, é frequente dizermos que de todas as conquistas de Abril «só» resta a Liberdade, como se isso fosse pouco, aceito que os que nunca viveram a ditadura que pensem assim, também os que a viveram sem sobressaltos de qualquer espécie, e ainda com mais razão os que com a falta dela colaboraram, considerem a Liberdade como um dado adquirido e de menor importância, mas para aqueles que sofreram as consequências da sua falta, é um bem inestimável.
É certo que o retrocesso em termos sociais é um facto alarmante, o desemprego é galopante, a saúde está pelas horas da morte, a educação é uma coisa onde se faz de tudo, ás vezes até se aprende, outras até se morre, (e vivam as praxes, é fino, colocava-lhes uma enxada nas mãos passava-lhes logo a adrenalina) o sentido de Família como a conhecíamos, pifou, os filhos quando os há, seguem a educação que receberam dos progenitores, e regem-se mais pelas aparências que pela realidade, o álcool e as drogas passaram a fazer parte do «menu» da juventude, a violência, e o crime, são o pão nosso de cada dia, estas algumas das chagas com que nos debatemos, mas não chegam para dizer que o 25 de Abril não valeu a pena.
Assim, e mais uma vez agradeço aos Militares que levaram a cabo a tarefa de derrubar o regime caduco, mas apesar de tudo activo na sua senda de privar da Liberdade todos os que de alguma maneira se opunham ao estado de coisas que teimosamente recusavam mudar, apesar dos avisos internos e externos, este agradecimento a todos os que lutaram para que hoje fosse possível estar aqui a clicar no computador dizendo publicamente o que achar por bem, sem o perigo do lápis azul, ou pior, ser preso, e aos Militares que levaram a cabo a tarefa de mudar o regime, faço-o a um em especial, que faz o favor de ser meu Amigo, Otelo Saraiva de Carvalho, esse mesmo a causa de todos os males, (para muitos) felizmente para ele, e mal para nós, comprova-se que não foi ele nem os Militares ( apesar dos erros cometidos) que levaram o Pais á ruína, apesar de todo o poder que tiveram, não há um único que tenha sido acusado de pôr a «mão na massa»! E os políticos a quem entregaram o poder, pode dizer-se o mesmo?
Viva o 25 de Abril de 1974
Viva o 25 de Abril de 1974
2 comentários:
Viva a liberdade!
E a democracia também
Gente sem personalidade
Sensibilidade também não tem!
Temos cá dessa raça!
Que nos conduz ao abismo
Governam para a desgraça
A caminho do fascismo...
Pôr fim a essa canalha!
No dia da votação
Sem barulho, sem navalha
Mas com a caneta na mão!
Podemos fazê-los num só dia!
Para não perdermos a liberdade
Se queremos viver em democracia
Votamos em gente com personalidade!
Bom dia de 25 de Abril para ti amigo Virgílio. Um abraço.
VIVA A LIBERDADE, VIDA A DEMOCRACIA, VIVA O 25 DE ABRIL SEMPRE!
Eduardo.
Como sou profundamente anti-comunista não posso perdoar ao Otelo o ter querido e quase conseguido levar-nos por esse caminho. Fora isso estou 100% de acordo com aquilo que escreves e também não tenho saudades nenhumas do tempo da outra senhora.
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