Na mensagem que aqui publiquei antes de ontem, referi-me á minha estadia na Torre do Tombo, que terminou abruptamente quando o Director me questionou sobre a hora do fecho da porta de acesso ao Arquivo, escrevi também sobre a ideia que este teve de eu tirar a carta de condução para com ela ganhar uns extras que nunca se concretizaram, mas não contei, porque a escrita já ia longa, as peripécias que enfrentei para obter a licença para conduzir, isto é sina minha! Em tudo o que faço, há pano para mangas, e esta não podia escapar á tradição.
Contratei com uma Escola de Condução sediada na Av. Alvares Cabral junto ao Largo do Rato, para tirar a almejada Carta, nesse tempo não havia obrigatoriedade de ter lições de código ou condução, assim julgando-me preparado, pela minha prática de condução tirada nas oficinas auto e estações de serviço onde tinha trabalhado anteriormente, e lendo um pouco do código da estrada e sinais respectivos, recebendo duas aulas de condução para adaptação ao VW Carocha, pelas quais paguei duzentos escudos, e outro tanto para a papelada, eis-me no Largo do Campo Pequeno para me sujeitar ao respectivo exame, na companhia do instrutor e do respectivo Carocha, irmão gêmeo do que mostro aqui pertença do A.C.P.
O Examinador entra no carro e senta-se ao meu lado, comigo ao volante da máquina, (no exame era retirado o segundo volante, e o instrutor no banco de trás), tira do bolso uns sinais, tipo baralho de cartas, ou melhor, aquelas amostras para escolher as tintas ou vernizes, e começa a perguntar-me os sinais me ia mostrando, depois passou ao código, saca dum bloco tipo caderno em ponto pequeno, e desenha ali mesmo algumas linhas imitando estradas e carros, e ia-me perguntando quem tinha prioridade nesta e naquela situação, eu lá ia respondendo sem muita certeza é certo, se estava a responder bem ou mal, de repente o homem abre a porta e sai sem um ai, ou um ui, viro-me para o instrutor e pergunto-lhe onde é que o homem ia, a resposta foi: foi embora, está chumbado, então mas isto é assim? nem sei onde falhei, se é que falhei, o gajo pode, pura e simplesmente não ter gostado da minha cara, não há remédio, tem que repetir, vamos fazer nova marcação, pois é, lá vai barão, com a fartura de dinheiro que há por aqui são mais á volta de trezentos paus, para papéis e aluguer do carro para o exame!
O que não tem remédio remediado está, e lá fui a minha vida, fiquei á espera de nova convocação para repetir o exame.
O dia chegou, e lá vou eu novamente ao castigo, melhor preparado de código e sinais, porque na condução não me atrapalhava, o mesmo filme que tinha acontecido da outra vez, com um personagem diferente, este examinador tinha ar Estrangeirado, e vinha acompanhado, soube depois, dum personagem que era seu colega de oficio, mas Francês, fez-me algumas perguntas idênticas ás que já tinha respondido da outra vez, e manda-me arrancar com o carro, bem pelo menos já sei que não chumbei no código, lá me ia dizendo para virar para aqui ou acolá, ao mesmo tempo ia falando em Francês com o outro examinador que ia no banco de trás ao lado do instrutor, e regressámos ao local de partida com uma despedida simpática, mas sem dizer se tinha passado ou chumbado, e, nem eu, nem o instrutor fizemos a pergunta por considerar-mos desnecessária, tão bem tinha corrido o exame.
Regressámos á Escola, eu e o instrutor, ele diz-me para no dia seguinte telefonar só para confirmar se estava tudo bem.
Assim fiz, e para surpresa, (se é que ainda alguma coisa me surpreendia), diz-me a Menina da Escola de Condução, que tinha chumbado, fiquei a deitar fumo pelas orelhas, pedi para falar com o instrutor, e este também não estava a compreender a razão do chumbo, bem pedi ao Director da Torre do Tombo para me dispensar que tinha de ir resolver o assunto do chumbo, fui direito á Direção Geral de Viação, e pedi para falar com o Eng. Bento, o tal com ar Estrangeirado, não estava de momento mas esperei até ele chegar, disse-lhe ao que ia, saber porque tinha chumbado, o Homem foi buscar o processo, e diz-me: olhe na Av. João XXI, mandei-o virar á esquerda e o Sr. seguiu em frente, respondi-lhe que recordava perfeitamente de ele ir falar nesse local, mas em Francês, e eu não sei falar essa língua, o Homem assumiu o erro, pediu desculpa e até se prontificou a ajudar a pagar as custas do novo exame, mas o problema mantinha-se, e se eu, por alguma fatalidade me corresse mal o próximo exame? Não tenha problemas, no dia que for fazer o exame, dirija-se mim para eu saber que está lá, o resto é comigo e assim aconteceu, não foi ele a fazer o exame, o examinador que me calhou na rifa, (com certeza instruído pelo outro) mandou-me seguir logo com o carro, e o percurso foi do Campo Pequeno aos Anjos onde se situava a D.G.V., e assim terminou esta odisseia, ás três, foi de facto de vez!
4 comentários:
A língua por vezes é um problema, a que tirei em França estava lá há três meses e por isso só foi à 2ª, Passei por aqui também para te dizer, que podes confirmar se o material em stock é igual ao que viste na montra!
Com aquele abraço
Será que o homem falou mesmo em francês ou estava tão entretido com o amigo franciú que nunca mais se lembrou de quem ia a guiar?
Vá lá que arranjou uma solução para minorar o problema!
Meu amigo quantas saudades a gente sente dos blogs dos amigos.
Eu por estar com problemas de saúde quase ñ
consigo fazer visitas de vez em quando venho ao
encontro do amigo e matar um pouco das saudades.
Uma semana abençoada beijos , Evanir.
Tirar a carta é fácil! Todavia, durante a prova de condução era preciso estar com muita atenção e com os ouvidos bem atentos, porque o examinador quando era para virar à direita ou à esquerda falavam muito baixinho. No teu caso mesmo que tenha falado em voz alta de nada te serviu visto que falou em francês, de cuja língua não percebias patavina!
Boa segunda-feira, um abraço.
Eduardo.
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