quarta-feira, 10 de julho de 2013

A HISTÓRIA REPETE-SE

Embora com outros protagonistas, a história vai-se repetindo, a que se segue também a vivi de perto.
Mas vou começar pelo inicio, do dia de hoje, que foi com partida de Paço de Arcos no comboio que devia sair ás 6h50 e só o fez já passava das sete, explicações para o atraso? Não há, as bilheteiras só abrem ás sete, e no comboio não há conversa, embora exista aparelhagem de som que devia servir para estas situações! E os Passageiros reclamaram? Nada, com o se fosse normal numa periodicidade de 20 minutos haver um atraso de mais de dez, enfim andamos anestesiados é o que é.
Mas lá partimos sem sobressaltos de maior, e cá o rapaz para não se atrasar mais apeou-se logo em Alcântara, claro que o fiz com uma razão, passar pelo Palácio das Necessidades para ter uma conversa com o seu morador, Paulo Portas de seu nome, o tal de quem se fala.


Mas apesar do atraso do Comboio o homem ainda não tinha chegado, dormiu fora disseram-me e ainda não regressou, nem sabemos se regressa pois nunca se sabe se lhe dá mais uma daquelas, e pede novamente a demissão, assim sendo segui viagem, e fui andando sem destino definido, por ruas sem Gente como se Lisboa tivesse ido toda para banhos, só comecei a encontrar algumas ali para os lados da Estrela, pronto já tenho companhia fiquei mais há vontade, pois andar sem ver viva alma é desmoralizador, chegado aqui junto da Basílica, regressei ao passado, isto é a 1975, ano que tal como agora o desemprego bateu á porta de muita gente, eu incluído, as motivações eram outras, os homens da massa fugiam assustados com o evoluir da situação politica e social, agora inverteu-se a situação, e os homens da massa estão decididos a vingar essa época e colocar os Portugueses a ir comer-lhes á mão, qual pombo manso.

 
Estávamos então no «Verão quente» de 1975, e cá o rapaz fazia a manutenção e reparação da Iluminação Pública do Concelho de Oeiras e algumas Localidades do Concelho de Sintra, para esse trabalha tinha um Ajudante e uma viatura com um cesto hidráulico para subir aos candeeiros, trabalhava para C.R.G.E. hoje E.D.P. mas por conta dum empreiteiro, (Raul Duro Contreiras que descanse em paz) em plenário dos trabalhadores da C.R.G.E.  foi decidido correr com  os empreiteiros e respectivos trabalhadores, (como as coisas mudam, hoje comem á mão dos Chineses e nem pestanejam) e assim, recebendo como indeminização um Mês de ordenado, vejo-me no desemprego, foram tempos difíceis pois já tinha duas Crianças, e valeram-me alguns trabalhos de circunstância, e a minha Maria, que lá ia fazendo «o milagre da multiplicação dos pães».

Nestas circunstâncias difíceis, ouve duas Pessoas que apesar de não se ter concretizado os auxílios que se prestaram a dar, me ficaram para sempre gravados, o meu Amigo Simão, um velho combatente pela Liberdade que passou as passas do Algarve no Forte de Peniche, e noutras prisões do fascismo, devido á luta dos trabalhadores agrícolas Alentejanos pelas oito hora de trabalho, (ele era de Cabeção) e que sabendo que eu estava desempregado me ofereceu ajuda monetária, que recusei mas agradeci como hoje recordo, e o outro foi o Dr. Daniel Trindade Brás, proprietário da Farmácia com o mesmo nome em Paço de Arcos, este numa circunstância que ainda hoje me admiro, como há Gente que se preocupa com os seus semelhantes apesar de praticamente não se conhecerem.

Um belo dia estava eu com alguns Amigos, no jardim de Paço de Arcos, e chega junto mim o Filipe que era Farmacêutico na dita Farmácia do Dr. Brás, e diz-me para o acompanhar que o Dr. queria falar comigo, fiquei intrigado com a entrevista pois nunca fui de frequentar as Farmácias (saúde de ferro tem destas coisas) e mal conhecia o Senhor, chegado á Farmácia o Homem mandou-me entrar para dentro do balcão, numa outra dependência mais recuada uma espécie de armazém, e sem mais, dispara, sei que o Sr. está desempregado, eu sou sócio duma empresa de distribuição de medicamentos, (embora não exerça lá nenhum cargo)  a Codifar, que fica junto á Estrela, tome lá este cartão meu, e vá lá ver se lhe arranjam alguma coisa, fiquei sem palavras para este gesto, ainda hoje mexe comigo esta atitude do Dr. Brás (que infelizmente não pude acompanhar á última morada por desconhecimento da sua morte, que descanse em Paz).
 

Fui á tal empresa mas não foi possível arranjar trabalho, era necessário ter a carta de condução profissional e a minha era de amador, mas o gesto caiu fundo, até hoje.  
Entretanto, para terminar as recordações e passar á volta de hoje, direi que fiquei surpreendido positivamente com as nossas Policias, tenho perguntado vezes sem conta "onde está a Policia"? e hoje vi finalmente Policia, naquele edifício de madeira no Cais do Sodré de que falei á dias devido ao seu abandono e ocupação por marginais, hoje ao passar por lá, vi os Policias a identificarem os ditos ocupantes, é bom que se saiba que isto ainda não é uma república das bananas! De seguida quando o comboio parou na Estação de Belém, lá estavam um casal (Homem e Mulher) Policias a revistarem dois jovens, mais á frente na Estação de Caxias dois Policias em posição de sentido, ora não há fome que não dê em fartura lá diz o nosso Povo, ainda bem.
Entretanto já reapareceu a Estátua de D. José e respectivo cavalo no Terreiro do Paço que andou em parte incerta durante vários Meses, já o Arco da Rua Augusta, ali ao lado está na fase de retirada dos tapumes, agora vai.
 

3 comentários:

António Querido disse...

Parabéns por mais uma bela descrição, do dia-a-dia da nossa Lisboa, das tuas caminhadas, observações e fotos, era bom que essas dificuldades de tempos idos não voltassem mais, eu acabei por emigrar, mesmo sem o Marcelo Caetano me mandar, hoje os nossos jovens têm essa facilidade, levar um empurrão nas costas e segue, não fazes cá falta nenhuma e a tristeza da despedida da família torna-se mais comovente, com uma grande diferença, nós íamos sem ficar a dever nada a ninguém, agora vão sabendo que cada um fica a dever aos nossos credores 30.000€!
O meu abraço e vamos pagando o que os outros pedem.

Edum@nes disse...

O tal de que se fala! Paulo Portas é um verdadeiro artista da bola. É um fura-vidas, um vira-casacas: é um político que se pauta apenas por conveniências (pessoais) - e nunca por convicções. Afinal, quando Paulo Portas anunciou a sua demissão do Governo não estava a pensar no interesse superior do País, não estava a exteriorizar divergências profundas sobre a condução política e a estratégia de Passos Coelho: estava, apenas e só, a tentar reforçar a sua posição política no seio do executivo.

Boa tarde para ti amigo Virgílio.

Valdemar Alves disse...

Os meus parabéns pelo novo design... À quinta foto fiquei a pensar nos quantos prédios que há em Lisboa, que terminam em bico.