terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

ANDANDO E OBSERVANDO

Convivo bem com a morte, a dos outros é claro, porque da minha borro-me todo só de pensar nela, vem isto a propósito das minhas idas á Terra, isto está a tornar-se um caso sério, cada vez que lá vou, é tiro e queda, quero dizer ou há morto á minha espera, ou espero eu por ele, ou ela, e mesmo para um gajo com uma certa tarimba na arte, visto ter nascido ter sido criado, e ainda habitar junto do cemitério, mas como diz o outro tudo o que é demais, é moléstia.
Assim, no Domingo sabendo que o meu cunhado Rui estava na sua casa na Atalaia, (para quem não conhece fica apenas a cinco quilómetros de Vila Verde) e fui fazer-lhe uma visita, e ver como estava a correr o pós operatório, que diga-se está a correr bem.

Estive com ele e com a minha Irmã algum tempo e de seguida dirigi-me para Vila Verde, quando ia a chegar reparei que havia vários carros parados junto á Igreja e á minha casa, como a essa hora não costuma haver missa desconfiei logo que era mais um a dizer adeus a este vale de lágrimas, não demorou muito que tocassem os Sinais, e aí fiquei a saber o sexo do falecido, nesta caso falecida, chovia a potes, e não se via ninguém na rua, e eu que não gosto de falhar aos funerais, mas também não sou nenhum "papa funerais" só vou ao dos Amigos e Conhecidos, portanto vou ter de investigar quem foi desta para pior, dei uma volta pelas redondezas e vi um Casal a entrar para um carro perguntei-lhes quer era, responderam-me que a morta era a Maria Amélia, «do Francês», e assim posto perante mais uma que foi sem se despedir lá fui acompanhá-la á última morada, o Cunhado Luís de quem aqui também falei, embarcou á pouco mais dum Mês, agora ela, é a vida.

Ontem regressei a Vila Fria, e estive todo o dia meio parvo, só me apetecia era dormir coisa rara em mim, comecei logo a matutar se não seria eu o próximo cliente do «sobretudo de madeira», mas não, hoje acordei fresco que nem uma alface, e fui fazer a minha caminhada pela Capital, o Sol já nasce mais cedo pelo que cheguei já quase dia ao Cais do Sodré, mas pela viagem levei uma seca de duas Raparigas que vinham sentadas no banco atrás do meu, disseram tantas parvoíces, falaram tão mal de algumas colegas de Faculdade, pois pelo que percebi andam a tirar Medicina, que eu fiquei deveras alarmado, se amanhã estas duas obtiverem o canudo, e se por azar me calha na rifa uma delas num qualquer Hospital, estou feito ao bife, é impossível sair dali grande coisa, mas em frente.

Segui junto ao Tejo, e observei a Vedeta a caminho do Alfeite, mostro-a numa foto a preto e branco que me recorda mais o meu tempo, onde quase tudo era preto, depois segui por Alfama, passando pelo Largo do Chafariz de Dentro onde se situa o Museu do Fado, passei junto a algumas famosas casas onde se canta esta música, subi pela rua da Regueira, (onde trabalhei na casa do Sr. Santos, que também já se foi, e a casa está a caminho de ir) subi até ao Miradouro das Portas do Sol, onde assisti á chegada da Vedeta a Lisboa. Assisti ao que para mim é inédito, outra Vedeta da nossa Armada, a dirigir-se ao que julgo para a Escola de Fuzileiros, segui-a até entrar no Rio Coina, pelo que faz todo o sentido ser esse o destino, no meu tempo o transporte Marítimo era só Alfeite-Lisboa e vice-versa, mas parece que as coisas agora estão diferentes.
 

5 comentários:

Valdemar Alves disse...

É uma sensação estranha vêr o Largo do Chafariz de Dentro sem vivalma... Igualmente inédito, o facto de a Vedeta se dirigir em direcção à EF. Pois como o Virgílio bem diz, no nosso tempo ia só até ao Alfeite onde "um autocarro" com dois bancos atravessados, nos esperava.

Tintinaine disse...

Tu tens a Vedeta da Marinha para te acordar as recordações. Eu hoje andei pelo Bairro Alto a lembrar as minhas.
É preciso é continuar vivo e a assistir aos funerais dos outros.

António Querido disse...

Hoje é uma maravilha ser fuzileiro, vejam lá que os copinhos de leite vão de vedeta até à EF, no nosso tempo era o "autocarro" com cobertura de lona e os bancos de madeira corridos ao longo da carroçaria e isto para não irmos a pé e em passo de corrida, os autocarros estavam reservados aos SR.es de divisas amarelas e de galões, com a minha devida continência!

Edum@nes disse...

Andando e observando
Tem sido a tua missão
Vai pela rua cantando
Ao amigo aperta a mão!

Aos político dá um empurrão
E vai visitar a tua aldeia
Muita gente irá ficar sem pão
E os políticos de barriga cheia!

Boa noite para ti, amigo Virgílio,
um abraço
Eduardo.

Moises Almeida disse...

Caros amigos!
Entrei aqui só para informar que não tenho conhecimento de Vedeta para a Escola de Fuzileiros.Apenas:
Da Doca para BNL e Barreiro;
Da BNL para Doca e Barreiro.
No Barreiro o local de embarque é no cais fluvial.
Um Abraço a todos.