Português Suave! Não, não se trata da falecida marca de cigarros com o mesmo nome, mas sim do Português, Homem e Mulher. No tempo da outra senhora éramos pelos bons costumes, sem levantar grandes ondas como convinha ao regime, e para protecção do nosso cabedal, não fosse a P.I.D.E. zangar-se com os mais atrevidos, daí para cá muita coisa mudou, mas de costumes, somos os mesmos, pacatos, bons vizinhos, bons colegas na escola, na tropa ou no trabalho, podem até no limite cag....nos em cima, que desde que a bosta não cheire muito mal nós aguentamos.
Hoje fui fazer a minha caminhada semanal a Lisboa, como de costume entrei no comboio em Paço de Arcos, eram 6h51 carruagens cheias, encontrei um lugar vago, virado para a frente, pois não gosto de andar de marcha atrás, e sentei-me! Ao meu lado uma Mulher que aparentemente dormia, não lhe via a cara mas pelo andar da carruagem era uma Jovem, dormiu todo o caminho sem ressonar, eu danado que ela acordasse para lhe fazer uma proposta e nada, pensei então se não teria batido as botas, não aparece o pica bilhetes para lhe dar um encosto, e ver finalmente se está viva ou morta.
E eu a pensar com os meus botões, se está viva era uma boa oportunidade de negócio, trocava pela minha que ressona que parece um avião a levantar da Portela, e fala pelos cotovelos, e eu com esta aqui á mão de semear, que não ressona e caladinha, e a gaja não acorda, saí na ultima estação, ainda olhei para trás e ela lá continuava na mesma posição, estou com remorsos de não lhe ter dado um encosto, se calhar entregou mesmo a alma ao criador
Que se lixe, vou mas é caminhar, ainda é noite serrada, vou fazendo gincana na Av. Ribeira das Naus, as obras eternizam-se e os Peões sofrem para andar por aqui, sigo á beira Rio até Santa Apolónia, subo pelas Escadinhas do Hospital da Marinha, é um cheiro a mijo que trazanda, tudo bons rapazes, emborcam umas bejecas e a Cidade não tem esse luxo que se chama mijatório ou casas de banho, onde é que um gajo vai aliviar a bexiga? Ó Sr. Costa, em vez de andar a gastar o nosso dinheiro nessas experiências de trânsito, que está cada vez pior, porque não gasta algum numas casas de banho mesmo a pagar, espalhadas pela Cidade?
Subo mais um pouco até ao Panteão Nacional, e faço a agulha para Alfama, é onde me sinto em casa, aquelas ruas estreitas só para mim, é um luxo, mais uns metros e subo a Rua da Madalena., bebo um café em frente á Sede do C.D.S. desço o resto da rua e observo que a «Merendinha» o café que eu frequentava e que foi vendido aos Chineses estava novamente aberto, entrei para ver como estavam as coisas, e estava uma Rapariga Chinesa de volta dum pedaço de leitão, (uma antiga especialidade da casa) mas via-se á légua que não percebia patavina daquilo, meti conversa, e ao mesmo tempo coloquei o radar em funcionamento, e vi que aqueles salgados de fazerem água na boca, nem vê-los, a casa despida de qualquer alimento que matasse a fome a um pobre esfomeado, saí, não sem ela me informar que o antigo Funcionário voltaria no próximo Mês, nessa altura lá voltarei para ver se há novidades.
Mas comecei a mensagem falando na nossa maneira de ser e estar muito calminha, e isso reflecte-se em quase tudo o que nos rodeia, é na nossa casa com o cão do vizinho a dar-nos cabo do juízo ladrando dia e noite e nós caladinhos para não parecer mal ao dono do bicho, é a festa até de manhã no andar de cima, ou no do lado e nós não conseguimos pregar olho, mas não queremos má vizinhança e calamo-nos, é no comboio onde metade dos passageiros lêem o Jornal gratuito Destak, e a outra metade leva com as folhas do dito na cara, é o menino ou menina com música aos berros ao nosso lado e nós mudamos de carruagem, mas calamo-nos, são aqueles, mas mais aquelas que vão de carruagem em carruagem, não se preocupando em fechar as portas, é a menina que põe as patas sobre o assento da frente, alguém há-de pagar o prejuízo, enfim Português que se prese cospe no chão, melhor escarra, porque pela dimensão da coisa que mais parece um ovo acabado de mexer, não pode ser cuspo, mas também sabemos ser corteses, o que é raro, e por o ser mostro aqui uma foto que tirei dum papel afixado na porta principal dum prédio aqui meu vizinho, fiquei de boca aberta, pois nunca tinha visto nada semelhante, nomeava de boa vontade esta Pessoa para o Nobel da Educação, só que não sei quem é.
3 comentários:
Crítica mordaz e bem humorada, gosto disso.
Um abraço!
Tu e eu e outros mais
Português cidadão
Governados por anormais
Se não é corrupto é ladrão!
Quem me dera estar enganado
Que bem intencionado fosse o governo
Pobre povo a ser roubado
Por besta à solta sem cabresto!
Boa quinta-feira para ti,
amigo Virgílio,
um abraço
Eduardo.
Interessante descrição, a despertar o gosto pela sua leitura. Continua nesses passeios e a dar-nos conta deles.
Um abraço e bom fim-de-semana.
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