terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A OUTRA LISBOA

Normalmente a Lisboa que nos mostram, é a Cidade limpa, obras em curso ou as suas inaugurações, os eventos desportivos com a Policia a carregar nos meninos das claques, as visita dos Papas, dos Reis ou dos  Presidentes de Países amigos, ou inimigos, tanto faz, de vez em quando também nos mostram um incêndio ou um desmoronamento de prédio antigo, falam-nos nos Bairros Típicos, no fado, ou nas marchas populares, mas sem grandes alaridos quanto ao estado periclitante dos prédios dos Bairros mais populares, não vá o seu estado degradado afastar prováveis visitantes, mas isto são as televisões a Câmara ou o Governo, eu como não pertenço a nenhuma destas instituições posso, aliás devo, mostrar tudo o que vejo.

Assim, em mais uma caminhada pela Capital, levava a ideia de ir até ao Miradouro da Senhora do Monte, para mim o que melhor vista tem sobre a Cidade, embora ainda fosse noite quando cheguei ao Cais do Sodré, dava para ver que o dia estava sem neblinas ou nevoeiros, mas quando cheguei ao Martim Moniz já o nevoeiro pairava sobre o Miradouro, assim só subi até ao Largo da Graça, aqui também há um Miradouro, ao qual foi dado o nome da Mãe do Miguel Sousa Tavares, a Poetisa, Sofia de Melo Breyner Andersen, mas nada, o nevoeiro já pairava sobre o Tejo, não aquele nevoeiro serrado, mas ainda assim impeditivo de fotografar, pois é essa a razão da minha ida aos Miradouros, há sempre qualquer coisa de novo, que não vi nas vezes que lá estive anteriormente.

Depois foi a descida até ao lugar de partida, passei mais uma vez pela Mouraria, não a Mouraria do Martim Moniz, arranjadinha, e povoada pelas diversas Etnias em especial do Oriente, que apesar de alguma sujidade (para não destoar do resto da Cidade), pode-se dizer que está aceitável, mas a Mouraria do interior está como as imagens mostram, tem havido algumas obras ao nível do pavimento, mas as casas essas ameaçam caírem-nos em cima a qualquer momento, não faço a mínima ideia se são de Particulares, da Câmara, ou doutros Organismos, creio que pertencerão a vários proprietários, provavelmente sem dinheiro para os recuperar, mas a limpeza dos Becos, Escadarias, Ruas e Ruelas, esse não tenho dúvidas que é a Câmara a sua responsável, e deixa muito a desejar, diria até que nalguns locais não é muito aconselhável a circulação apeada, sobre pena de pisar alguma «mina» das muitas que por lá estão disseminadas.


 

4 comentários:

Tintinaine disse...

Está pouco melhor que a Ilha de Moçambique. Casas que não vêem obras há séculos. Nota-se que os donos não andam a nadar em dinheiro.

Valdemar Alves disse...

É triste vêr Lisboa Antiga deteriorar-se assim tão rápidamente... Ainda me lembro do Arco Marquês do Alegrete que logo a seguir ao Salão Lisboa (vulgo Piolho) foi a última porta de uma antiga muralha a ir abaixo... As fotos não mentem e o Bairro da Mouraria sobrevivente do Terramoto de 1755 certamente que não se irá aguentar de pé por muito mais tempo.

Edum@nes disse...

A outra Lisboa
Que tentam esconder
Só mostram a boa
Do resto não querem saber!

Aquela Lisboa
De outrora que não vejo
O fado mora Madragoa
E os Cacilheiro no Tejo!

Por becos e ruelas
Continuas a caminhar
Enfeitas as janelas
Das flores o perfume anda no ar!

A pairar sobre o Tejo
Já tu vias o nevoeiro
Da Carris o Amarelo
Já não chega ao Areeiro!

No Largo de Camões
Haviam muito pombos
De casaco sem botões
E de jaqueta nos ombros!

Na Rua Augusta
Havia muito ouro
Na Rua Prata fartura
Mais abaixo o tesouro!

Boa noite para ti,
amigo Virgílio,
um abraço
Eduardo.

Albertino da Costa Veloso disse...

É à portuguesa: mostra-se a Lisboa virtual ou de fachada e esconde-se a verdadeira Lisboa.