segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Época das Vindimas

Em mais uma visita á Terra  em plenas vindimas, não podia deixar de escrever algo sobre a mesma e as diferenças que existem entre o tempo em que andei nessa tarefa á cinquenta e tal anos atrás e hoje, nesses recuados tempos era tudo feito a braços ( e o resto do corpo que também participava), como já escrevi várias vezes e para quem não conhece, a minha zona, pouco tem de plano, é sempre a subir ou a descer, e tudo era cultivado, a maior parte com vinha, os cestos eram de verga, que tínhamos de carregar ás costas de grandes distâncias, aquilo pesava que nem chumbo, quando chovia então era demais, pesava tanto a lama agarrada ao cesto com a uva que vinha lá dentro, a minha Mãe arranjou um processo para não ferir o ombro que carregava os cestos, e que era prender um chumaço dalgum casaco fora de uso preso com um alfinete de «dama» isto do nascer ao pôr do sol, alimentados com pão e umas sardinhas assadas, mais uns cachos de uva que isso era á borla, e umas copaneiras de água pé, que era o combustível mais utilizado, e que entretanto foi sendo substituído pela cerveja.

Hoje sem Pessoal para ocorrer a essa tarefa (o que vai valendo são muitos Estrangeiros que por cá andam) que tem de ser realizada num espaço muito curto, sob pena de a uva apodrecer, se não for colhida a tempo, foram automatizando a colheita, em especial nas grandes extensões de vinhas, as Adegas foram também automatizadas, com sistemas que «pisam» e espremem a uva, ao contrario de antigamente que a uva era pisada por Homens normalmente á noite, pois era trabalho executado pelos que durante o dia a  vindimavam, era colocada na prensa e depois uma meia dúzia de Homens se encarregavam de nesta espremer o  restante liquido que ainda estava nas uvas  já pisadas, esta tarefa embora fosse á força de braços, já era executada quase por desporto, andávamos de adega em adega, bebendo um copo aqui outro ali, e ás tantas o doping, bebido já nos tinha tirado todas as forças, e só os abstémios ou mais comedidos na «nobre arte  do copofone»  faziam força, os outros  apenas faziam o gesto.

Na caminhada que hoje fiz com o meu Amigo Vicente tive oportunidade de ver ainda alguns grupos de Homens e Mulheres, em vinhas que ainda não estão preparadas para a colheita com máquinas, ou pela sua pequena dimensão ou declive do terreno ainda são feitas manualmente, estive ainda na Adega do meu Padrinho Neto, que lá estava com os Filhos, em plena laboração, para sair dali uma «pomada» de se lhe tirar o chapéu, como aliás é habito e muito elogiada pelos apreciadores.
Nesta pequena estadia, ainda houve tempo para pintar uma sala, e rever uma Amiga de Infância que já não via há mais de quarenta anos, assim como conhecer o Marido, que não me engano se o classificar de cinco estrelas, regresso a Porto Salvo donde escrevo estas linhas que amanhã tenho a companhia dos meus Netos.












2 comentários:

Edum@nes disse...

Tempos difíceis que servem para recordar. Com poucas ou nenhumas saudades. As novas tecnologias tem dois vertentes: Aliviam o homem nas suas tarefas diárias poupando-lhes esforço físico. Por outro lado são as causas de inúmeros desempregados por todo o mundo. Seria bom se pudéssemos ter tudo a nosso favor.
Quanto ao sistema de trabalho penso que não voltaremos ao antigamente, o pior é quanto ao sistema monetário. A coisa está a ficar feia. No entanto, é preciso não perdermos a esperança de que melhores dias virão.
Continua a exercer uma boa observação, não deixes que nos atraiçoem.
Uma boa noite para ti,
Um abraço
Eduardo.

Tintinaine disse...

As vindimas cá no norte fazem-se de modo muito diferente e hoje como antigamente. Isto porque as áreas cultivadas são relativamente pequenas, sem comparação com as do vinho maduro.
Conheço muito bem essas tarefas, muito embora nunca tenha trabalhado a sério no seu desempenho. Sendo estudante estava dispensado dessas obrigações e limitava-me a dar uma ajuda aos vizinhos, de vez em quando e em ritmo de brincadeira.
A pior dificuldade, aqui na zona do «Vinho Verde», é trabalhar o dia todo empoleirado em cima duma escada. E depois do sol-pôr o trabalho nas adegas era semelhante ao aqui descrito.
Outros tempos! Recordar é viver!