Camões voltou, não gostou do que encontrou, e alterou alguns dos seus versos adaptando-os á actualidade, pelo menos é o que penso ao receber dum Amigo o que aqui mostro.
Revisão d'Os Lusíadas na Crise...
À rasca...espalharei por toda a parte I As sarnas de barões todos inchados Eleitos pela plebe lusitana Que agora se encontram instalados Fazendo o que lhes dá na real gana. Nos seus poleiros bem engalanados, Mais do que permite a decência humana, Olvidam-se de quanto proclamaram Nas campanhas com que nos enganaram! II E também as jogadas habilidosas Daqueles tais que foram dilatando Contas bancárias ignominiosas, Do Minho ao Algarve tudo devastando, Guardam para si as coisas valiosas. Desprezam quem de fome vai chorando! Gritando levarei, se tiver arte, Esta falta de vergonha a toda a parte! III Falam da crise grega todo o ano! E das aflições que à Europa deram; Calam-se aqueles que, por engano, Votaram no refugo que elegeram! Que a mim mete-me nojo o peito ufano De crápulas que só enriqueceram Com a prática de trafulhice tanta Que andarem à solta só me espanta. IV E vós, ninfas do Douro onde eu nado, Por quem sempre senti carinho ardente, Não me deixeis agora abandonado E concedei engenho à minha mente, De modo a que possa, convosco ao lado, Desmascarar de forma eloquente Aqueles que já têm no seu gene A besta horrível do poder perene! |
3 comentários:
Em Alcácer Quibir sem um olho ficou
Em luta por Portugal
Outros vieram que o arrasou
Por nós eleitos para nosso mal
Camões, voltou? E não gostou do que viu,
Pudera, depois de tantos sacrifícios
Tudo o que, com muito esforço, construiu
Agora tudo o que encontrou, destruido pelos vicios
Só com um olho ele via dois,
Quem tem dois dele via menos
Antes, agora e depois
Faltam por aí muitos talentos.
Bom fim de semana para ti, amigo Virgílio,
Um abraço
Eduardo.
Correcção: Por lapso, no comentário acima referi que Camões teria perdido o olho direito, na batalha de alcácer Quibir, na verdade foi numa batalha contra os Mouros próximo de Ceuta, fica a correcção!
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