sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Camões voltou, e não gostou do que viu

Camões voltou, não gostou do que encontrou, e alterou alguns dos seus versos  adaptando-os á  actualidade, pelo menos é o que penso ao receber dum Amigo o que aqui mostro.



Revisão d'Os Lusíadas na Crise...

À rasca...espalharei por toda a parte
I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo o que lhes dá na real gana.
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Nas campanhas com que nos enganaram!
II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!
III
Falam da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calam-se aqueles que, por engano,
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.
IV
E vós, ninfas do Douro onde eu nado,
Por quem sempre senti carinho ardente,
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!

3 comentários:

António Querido disse...

Em Alcácer Quibir sem um olho ficou
Em luta por Portugal
Outros vieram que o arrasou
Por nós eleitos para nosso mal

edumanes disse...

Camões, voltou? E não gostou do que viu,
Pudera, depois de tantos sacrifícios
Tudo o que, com muito esforço, construiu
Agora tudo o que encontrou, destruido pelos vicios
Só com um olho ele via dois,
Quem tem dois dele via menos
Antes, agora e depois
Faltam por aí muitos talentos.

Bom fim de semana para ti, amigo Virgílio,
Um abraço
Eduardo.

António Querido disse...

Correcção: Por lapso, no comentário acima referi que Camões teria perdido o olho direito, na batalha de alcácer Quibir, na verdade foi numa batalha contra os Mouros próximo de Ceuta, fica a correcção!