É fartar vilanagem, enquanto puderem vão sacando, porque um dia a vaquinha vai secar, e a partir daí vai ser um problema conseguirem sobreviver, habituados que estão a ter a gamela bem cheia, não vai ser fácil sustentarem-se a pão e laranjas, se ainda os houver, para além do que a seguir se pode ler, saído da pena do Advogado Saragoça da Matta, nem de propósito é hoje noticia de primeira página do Correio da Manhã, mais uma investida na contratação de Boys para assessorar o Governo, perderam completamente a vergonha, nada os detém na ansia de amparar os amigos, afilhados e afins!
No Orçamento do Estado para 2014 mais uma vez ficou por
revogar o estatuto especial dos funcionários parlamentares. Sim! Os
funcionários parlamentares têm um estatuto especial, que cria na Assembleia da
República uma bolsa de funcionários "especiais", não sujeitos às
regras que regem a Função Pública em geral. É que os partidos, de forma
unânime, da extrema esquerda à extrema direita, impedem sempre a revogação
desse estatuto especial. I.E., impedem que seja aplicado aos "seus
funcionários" o princípio da igualdade: tratar igual o que é igual! Em
suma, os cortes serão necessários e úteis... mas apenas para os outros.
Claro que se compreende a actuação dos partidos políticos:
se para si mesmos não desejam a igualdade perante os demais cidadãos, não
poderiam sem hipocrisia e sem terem o "inimigo dentro de casa",
aceitar que os seus funcionários fossem "rebaixados" ao nível dos
demais servidores do Estado.
É que se é certo que as especiais regras de aposentação e as
subvenções mensais vitalícias dos deputados "terminaram", não menos
certo é que apenas "terminaram para o futuro": quem já tinha o
direito "adquirido" não o perdeu, sendo ainda centenas os deputados
que se aposentaram, e aposentarão, com regras especialíssimas, havendo outros
tantos que percebem mensalmente essas incompreensíveis subvenções mensais
vitalícias. Ou seja, continuam a auferir esses estipêndios injustos e
vergonhosos, porque "direitos adquiridos" não se cortam - só se podem
cortar aos "outros" os direitos adquiridos às pensões e vencimentos.
Também os funcionários do Banco de Portugal e da Caixa Geral
de Depósitos são desses funcionários especiais - para eles os cortes não são de
aplicar. E há sempre uma renda de bilros jurídica para justificar o
injustificável. Há sempre um constitucionalista disponível para sustentar o que
é totalmente avesso ao princípio da igualdade e da solidariedade nacional.
E se depois de tanta austeridade a despesa da máquina
governativa consigo mesma ainda subiu mais de 6%, é óbvio que essa mesma
máquina político partidária (de todas as cores, pois são todos os que
beneficiam dos estatutos especiais, e não apenas os da maioria), não pode
obrigar "os seus" a suportarem o mesmo tipo de dificuldade que sofrem
os funcionários públicos comuns.