Ainda antes de completar doze anos e já com um trabalho anterior de poucos Meses no currículo, assentei praça na Quinta Velha, na Atalaia propriedade do maior Lavrador da Zona, Rui Correia mais conhecido por Rui do rato, nesse trabalho fiz de tudo o que á Agricultura diz respeito no ramo da Vinha como não podia deixar de ser, numa zona predominantemente Vinhateira, dali fui saindo á procura de novos trabalhos que dessem mais alguma qualidade de vida, pois no campo só se ganhava trabalhando, isto é se o tempo deixasse não trabalhava e por conseguinte em Invernos como este que agora termina, passar semanas sem ganhar praticamente nada, acresce ainda o facto não menos importante de aquilo ser praticamente um trabalho escravo, do nascer ao pôr do Sol, com o Caseiro sempre de vigia não fosse um gajo endireitar a coluna para uma novo fôlego, lá vinha o cajado que parecia um míssil direito a um gajo que se não estivesse atento ficava ali fulminado.
Vem este paleio a propósito de no presente se ouvir aqui e ali para o Pessoal ir para a Agricultura, que dá mais rendimento, que assim não precisamos de tantas importações etc. etc. tudo isto está muito acertado excepto o rendimento, que esse está quase sempre dependente do clima, excepto se optarem por estufas, e mesmo estas não estão livres de vir um vendaval que as faça voar com o tem acontecido frequentemente, num caso ou noutro o tempo é que manda, já por aqui falei num Vizinho meu que investiu muitos milhares de Euros em máquinas e terras que comprou, e este ano não conseguiu semear os cereais, especialmente trigo porque o tempo não deixou, ontem mesmo em conversa com Amigos, estes andavam preocupados com a previsão de calor para amanhã, e preparavam-se para pulverizar as suas vinhas com receio do míldio e outras doenças que destoem a vinha em pouco tempo, portanto seja no pão ou no vinho, não é fácil ser Agricultor.
Este intróito veio-me á ideia por ter observado aqui na zona entre Queluz de Baixo e Barcarena nuns terrenos que já não eram cultivados desde que o prolongamento da C.R.E.L. até ao Estádio Nacional cortou a propriedade em duas, conheci o Arrendatário dessas terras ao tempo, que deixou de cultivar por essa razão, daí para cá foi crescendo o mato, até que no final do ano passado vejo máquinas em movimento nessas terras, e até desabafei com a minha Mulher que me acompanhava, que era uma boa medida se voltassem a semear ali trigo, porque recordo grandes searas no local., também podia ser a preparação dos terrenos para semearem tijolos, mas com a crise já não se contrói praticamente nada pelo que acreditei que fosse mesmo para Agricultura.
E assim aconteceu acompanhei o crescimento do trigo, pois é este o cereal que lá foi semeado, e nesta altura já as espigas estão a crer ganhar cor apesar do frio e chuva que se tem feito sentir, mas uma coisa me chamou a atenção, a grande quantidade de ervas daninhas que estão a fazer concorrência ao trigo, de facto aquilo não foi mondado e agora é quase um jardim botânico tantas são as qualidades de ervas que por lá estão a fazer companhia ao trigo, bem sei que hoje já não há Pessoal para mondar, mas existem mondas químicas que resolvem o problema, mas isso custa dinheiro, em suma o que quero dizer é que para ser Agricultor é preciso saber e crer. Fazer as culturas sejam elas cerealíferas ou outras qualquer como mandam as regras, não é espalhar umas sementes na terra e logo se vê o resultado, não creio ser a melhor maneira de trabalhar a terra, mas isto sou eu no meu pessimismo militante, os vários milhares de Pessoas que por ali vão passando não vão ver nada de mal na seara, antes vão dizer que bonito trigal aqui está.
3 comentários:
Pois é amigo Virgílio, ser agricultor não é para todos, é meterem-se numa aventura arriscada, porque se há lucros dois anos, vem outro que leva tudo e as seguradoras fogem que nem ratos dos agricultores, se lhe fazem um seguro, rapam-lhe 70% dos lucros, já lá vai o tempo dos subsídios para tudo, até para arrancar vinhas e oliveiras, eu sou agricultor para abastecer a minha despensa e este ano dói, chegar ao batatal e ver só metade nascidas, a outra metade ficou afogada debaixo da terra com tanta água em cima.
Cá vai o meu abraço
Vais ver que mesmo com ervas daninhas à mistura vai ficar mais bonito que um estaleiro de obras.
Prédios de apartamentos já temos em demasia e deveria ser proibido construir mais.
Agricultura, alguém tentou, acabar com ela, sem inteligência não pensou, que não se pode viver sem ela. Abater os barcos de pesca mandou. Para comer também pensou, que não precisava-mos de peixe. Tantos disparates fez. Montes de dinheiro recebeu da União Europeia. Não se sabe o que ele fez. Talvez pensou, que não era preciso para se colher, que antes tinha-mos que semear. Agora mandaram a factura para o Zé trabalhador pagar. Que cambada de incompetentes anda a comer sem semear. Sem nada fazer. Sem intelegêcia para o país governar. Sem capacidade para tapar o buraco, que dizem ter encontrado. Então porque não castigam os culpados. Porque eles são todos políticos. Dos crimes que cometem são nunca culpados. Se fazem de vítimas. Como, recentemente, aconteceu. Acusação feita a quem respeitou a constituição. A terra tudo nos dá, desde que a saibamos trabalhar. Sem ela não podemos viver. Ela nos tudo o que precisamos para comer. E ela a nós também nos há-de comer.
Boa noite e bom fim de semana para ti, amigo Virgílio,um abraço
Eduardo.
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