terça-feira, 30 de outubro de 2012

A TALHO DE FOICE

Desde o meio da manhã até agora que são dezoito horas, tenho seguido (embora com alguns intervalos que a paciência tem limites) o debate sobre o Orçamento de Estado para 2013 na Assembleia da Republica, e chego a esta altura e pergunta  mim mesmo se não estarei a ficar desaparafusado dos carretos, pois uma Pessoa no seu perfeito juízo não se sujeita a ouvir aquilo que estes que a terra há-de comer ouviram, assim só saí do meu canto manhã cedo para fazer o exercício habitual, comer a bucha da ordem, e pouco mais, a vida de reformado tem destas mordomias.

É de facto um exercício de loucos aquilo que os nosso dignissimos representantes se prestam a representar, as acusações que fazem uns aos outros, como se, se representassem a si próprios e não fossem eleitos para resolver os problemas do Pais é confrangedor, aquilo que ouvimos sobre os destinos dos Portugueses é duma ligeireza que arrepia, vê-se que aquela conversa, é para boi dormir, visto que o deles está garantido.
Falam de barriga cheio estes cavalheiros, para juntar á sua ignorância do que é trabalho e um magro vencimento no fim do Mês, ainda falam como se o Pais fosse sua propriedade, uma seca.

O Governo não fez o trabalho de casa, e em consequência as contas Públicas dispararam, agora cá estão os «camelos» do costume para pagarem as favas, o P.S. desembainha a espada enche o peito de ar  e avisa  que está preparado para governar, como se não tivessem responsabilidade do afundar do navio, mais á esquerda, é o Estado Social que estão a destruir, como se esse estado alguma vez tivesse existido, se existiu foi para os dignissimos Deputados e companhia, pois os milhões de Portugueses que recebem reformas de duzentos Euros, e os trabalhadores com o ordenado mínimo nunca viram esse tal Estado Social que nos dizem agora que vai morrer, morto e enterrado está ele.

Da parte do Governo e dos dois Partidos que o compõem, esses então, estão no paraíso, têm feito milagres para nos salvarem do afogamento iminente debaixo da  avalanche de dividas que fizemos ao longo do tempo, vejam bem que até nos endividámos para comprar um tecto para habitar, inadmissível no País com as temperaturas amenas como é o nosso, então não podíamos continuar a viver ao relento, como no tempo da pedra lascada? Tudo modernices do 25 de Abril, se estivesse cá o tio António de Santa Comba outro galo cantaria, agora precisamos de entrar nos eixos com tio António ou sem ele este governo está cá para vos salvar e vai fazê-lo! Onde é que já ouvi isto?
Vão mas é dar banho ao cão, que agora já não vou ouvi-los mais hoje, estou de greve até amanhã.
Nota: A frase «Queimem a pocilga» que se vê numa foto, foi escrita na base de um dos leões que estão na escadaria da Assembleia da Republica, é um bocado radical, mas gostei dela, e aqui está.
 

domingo, 28 de outubro de 2012

O BARCO QUE VIROU MANJEDOURA

Muda a hora, mas não muda a mania de içar da cama ainda a noite é uma criança! Para não incomodar quem  ainda dorme, é o tempo de engolir uma bucha, tratar do cão, e aí vai ele caminhar, chova ou faça Sol. Hoje para não fugir á regra saí pelas seis, e fui até ao Monte Estoril onde deixei o cavalo a pastar, depois foi caminhar  pelo paredão até Cascais, passei pela Praia dos Pescadores onde vi e fotografei um castelo de areia muito bem feito, subi até ao Quartel Militar, donde assisti ao nascer do Sol, ( isto já é maluqueira, o gosto que tenho de o ver «nascer») mas cada maluco tem as suas manias e eu não podia escapar).

Aqui junto ao Quartel está uma Estátua de D. Carlos, que foi um Homem ligado ás coisas do Mar, como se pode ver no Aquário Vasco da Gama, onde existem bastantes elementos a confirmarem isso mesmo, depois passei por alguns locais com coisas alusivas ao Mar, (não é de admirar sendo esta Terra poiso de Pescadores com Lota e tudo), ia caminhando e recordando que também eu andei ligado ao Mar, embora a maior viagem que tenha feito em águas salgadas tenha sido o atravessar o Mar da Palha frente a Lisboa para a outra banda, ou seja Alfeite ou Cacilhas, mas tudo isto teve o seu principio, e esse foi em Vila Verde dos Francos, há mais de meio século.

Há dias, encontrei lá o Jeca, que já não via há alguns anos, pois tem estado emigrado nos Estados Unidos, e eu imigrado aqui em Oeiras, após aquele abraço da ordem, e de algumas palavras de circunstância lança-me a pergunta: ainda te lembras do Barco que construimos? claro que me recordo, aliás mesmo que me tivesse esquecido o nosso Amigo Eusébio fala-me disso frequentemente, como sendo a grande aventura da nossa Juventude. Dessa empreitada, da construção do Navio  herdeiro do famoso Titanic é que me veio a paixão pelo Mar, e daqui para a nossa Armada foi um pequeno salto.

Mas talvez valha a pena contar esta aventura que em Rapazes nos propusemos para, quem sabe seguir as pisadas dum Vasco da Gama, ou dum Infante D. Henrique.
Nessa época de finais dos anos cinquenta do século passado, andavam em obras na Igreja Matriz de Vila Verde, e eu e os meus Amigos montámos o Estaleiro com tábuas e pregos já usados, da dita obra, e assim começámos a construção do Transatlântico, era uma trabalho árduo que tinha-mos pela frente, mas não desanimámos e concluímos o trabalho que nos propusemos dentro do prazo previsto, agora só faltava colocar o Paquete na água para ver se flutuava, e poder-mos com segurança fazer-mo-nos ao Mar, para quiçá descobrir novos Países, como fizeram os nossos antepassados.

O local escolhido para o evento foi o «Poço Grande» na Várzea, localizado em terras dos meus Avós, poço esse aberto pela acção ao longo dos séculos de uma pequena queda de água no nosso Rio Alcabrichel, e que teria para aí uns dez metros quadrados, mas que, apesar da sua pequena dimensão não tinha obstado a que servisse para eu aprender a dar as primeiras braçadas, que fariam de mim o segundo Baptista Pereira.
Assim, e na falta de um reboque que para lá levasse o Navio, foi mesmo transportado por nós, com dificuldade é certo, mas chegou são e salvo, foi colocado na água, mas azar dos azares não flutuava, quer dizer flutuava mas ficava cheio de água, decerto em resultado das más uniões das tábuas. Por lá estivemos em conferência (a Democracia ali já funcionava em pleno) e ao fim de algum tempo e de algumas discussões mais acaloradas, e votação de braço no ar, decidimos que o melhor era colocar umas pedras no dito e deixá-lo no fundo do rio alguns dias para ver se a madeira inchava para colocar então o Barco flutuar.

Assim fizemos, e passados uns dias pusemos-nos ao caminho, e lá fomos até ao «Poço Grande» colocar o fruto do nosso trabalho a flutuar, mas para surpresa nossa o Navio tinha desaparecido, mas como é que isto aconteceu? se tivesse chovido até podia ter ido rio abaixo, mas não choveu, saímos dali desolados e prontos a investigar  o desaparecimento da máquina até ao fim, custasse o que custasse, nem que tivessemos de contactar o Regedor e o Cabo Chefe, tínhamos de descobrir quem nos afanou o Barco, não foi preciso muito para descobrir o que tinha acontecido, cheguei junto do meu Tio Júlio , que cultivava as fazendas ali junto ao Poço e perguntei-lhe se não tinha visto ali no fundo o nosso Barco, que sim, viu e achou que iria dar jeito ao Sobrinho e meu Primo António, para a manjedoura do burro, então e agora? agora não tinha jeito ir tirá-lo ao pobre do burro, que já se tinha habituado àquela manjedoura, e podia estranhar e recusar-se a comer, assim como que uma greve da fome, e o burro fazia mais falta que o Barco, bem insisti mas nada a fazer, e assim terminou a nossa aventura do transatlântico, mas começou aí a minha paixão pelo Mar que, afinal, tal como nesta aventura, também falhou totalmente.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

NOTICIAS DAS 15 HORAS

As últimas cá do sitio e arredores, antes de ontem fui com a Patroa á Terra, entre outras coisas fui fazer o que julgo ser a penúltima caminhada com o Vicente antes do seu regresso aos Estados Unidos, como o meu Neto mais novo está febril, tive que sair de madrugada para estar aqui antes das oito, caía uma trovoada daquelas que até arrepia, misturada com uma carga de água,  parte dela caiu-me em cima, hoje estou com a goela toda desafinada.

Cheguei a Porto Salvo e não tinha, nem tenho ainda Internet, a trovoada que também se fez sentir aqui apagou-a, agora vou esperar que me venham reparar a coisa, a sorte é a Internet móvel que o meu Filho me emprestou, com um prazo que está quase a  terminar.
Como hoje há eleições no Benfica, e na possibilidade «irreal» do próximo presidente ler esta mensagem, é só para lhe fazer um pedido, faça favor de mandar repor as letras em falta no emblema do Glorioso que está na antiga sede na rua do Regedor, com as Portas de Santo Antão, isto é uma vergonha, á tanto tempo que o símbolo está doente, que a águia está quase depenada.

Outra vergonha é o que se passa aqui em Cacilhas, na rua onde foi erguido aquele «monstro» em altura de que já falei noutra ocasião, a rua que lhe dá acesso foi alargada, fizeram passeio, mais um metro de rua, e esta ficou em terra batida, ou melhor com areão, quando chove lá vai areão pela estrada abaixo até á rua principal que liga a Oeiras, assim no local do desaparecido areão ficam crateras, os Moradores já fizeram um abaixo assinado visto a  situação já se prolongar por três anos, a Câmara respondeu que a responsabilidade era da construtura do prédio, e agora pergunto eu: a Câmara não tem meios para se fazer ouvir? e que tal ser a própria Câmara a fazer reposição do pavimento, e apresentar a conta  á construtora? se eles não quiserem pagar arraste-lhe os andares do tal mamarracho necessário para fazer o pagamento, não era má ideia e os Moradores e transeuntes agradeciam.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

OBSERVANDO LISBOA

Ultimamente não tenho escrito sobre as minhas caminhadas a Lisboa, para não me repetir, visto que os percursos são quase sempre os mesmos, a não ser que encontre alguma coisa que mereça ser partilhado, o que aconteceu hoje.
Começando pelo percurso, a saída no Cais do Sodre ainda noite escura, eram precisamente 7.10 da manhã., segui junto ao Rio até Santa Apolónia, e daqui fui subindo até á Feira da Ladra., com passagem obrigatória debaixo do arco do Hospital da Marinha, minha residência por quase três Meses nos idos anos sessenta do Século passado.

Observei a Feira propriamente dita, quando ainda se montavam os preparativos para exporem as suas relíquias, os vendedores e vendedoras,  passei junto á Igreja de São Vicente de Fora, desci e subi até ao Miradouro das Portas do Sol, donde observei a chegada á Doca Da Marinha, da Vedeta da Armada de boa memória, era o transporte utilizado para quem se dirigia para as Unidades Militares da Armada da margem Sul no meu tempo, hoje também fará o mesmo serviço, mas com menos «clientela» por uma lado ainda bem, pois um dos factores dessa diminuição foi o fim das Guerras de África, por outro lado ainda mal, pois consta que os Estaleiros Navais do Alfeite pouco mais terão que baratas e carochas, também alguns ratos e ratazanas, por lá andarão, mas esses não andam na Vedeta.

Aqui no Largo das Portas do Sol, Observei uma coisa que me deixou intrigado, e que passo a descrever, são sapatos pendurados em cabos de electricidade, candeeiros ou outro local alto onde dificilmente se consegue chegar por meios normais, já há tempos vi aqui próximo de Oeiras a mesma coisa e fiquei a pensar que foi algum com os copos que lhe deu para ali, mas hoje vi alguns pelo que não tenho dúvidas que é coisa organizada, só me falta saber o significado da coisa, pois algum significado terá, alias fiz uma pesquisa na Internet e parece que esta moda já tem algum tempo, para mim é que é novidade, afinal de "observador" não tenho nada.

Entretanto lá fui andando, carros em cima do passeio cortando totalmente a passagem aos Peões, subi a rua da Madalena (a arrependida) parei no antigo largo do Caldas agora rebaptizado de Adelino Amaro da Costa, (e muito bem na minha opinião) aqui como todos sabem é a Sede do C.D.S. assim tentei falar com o Paulo Portas, só para lhe perguntar se hoje estava a favor ou contra o Governo de que parece fazer parte, mas o porteiro disse-me que ainda estava a dormir, tinha-se deitado tarde, e não podia se incomodado, paciência fica para a próxima.
 
Desci o resto da Rua e fui mesmo aterrar no café onde costumo «matar o bicho»., matado o gajo, encaminhei-me para a Baixa via Rua Augusta, onde mais uma vez observei uma sem Abrigo, com muitos anos vividos, ou amargados, com um bando de pombos á sua volta, serão talvez os únicos amigos que tem. Observei mais uma coisa que me deixou a pensar, um Hotel de seu nome: Duas Nações, que ao nível do primeiro piso tem dois Paus de Bandeira, num deles a Bandeira dos Estados Unidos, no outro nada, como dois e dois ainda são quatro tirei a simples conclusão; As duas Nações que dão nome ao Hotel serão; Portugal e Estados Unidos, portanto estará em falta uma Bandeira, ninguém deu por isso? ou será propositado? No nosso próprio Pais é admissível que esteja Bandeira doutra  Nação sem a nossa? um Hotel ainda não é uma Embaixada, que eu saiba, e mesmo nesse caso tem sempre a Bandeira do Pais Anfitrião ao lado pelo que julgo saber, deve ter sido uma distracção como aquela do 5 de Outubro onde içaram a nossa Bandeira de pernas para o ar, haja paciência.
 

domingo, 21 de outubro de 2012

ENGRAXADORES E VIRA-CASACAS

Na minha Juventude (que Deus a tenha em descanso) havia o habito de chamar engraxador, àqueles que faziam todos os fretes aos seus amos, ou ainda aos que se exibiam pelo poder do dinheiro, ou ainda aos dignitários da Igreja, aos Presidentes de Junta, Regedores, Cabos da Ordem, enfim quem tivesse algum poder, ou dinheiro lá tinha a sua corja de bajuladores a que designávamos por engraxadores, mais tarde começaram esses bajuladores a ser designados por "lambe botas" não sei se por analogia ao nosso "Botas" que após quarenta e tal anos de poder caiu da cadeira.
Até que surgiu o Miguel Esteves Cardoso, e apelidou a corja de" Lambe Cus"

Há cerca de um ano publiquei aqui uma mensagem, onde incluí um texto deste Autor, hoje acordei a pensar nos lambe cus, familiares próximos dos vira-casacas, que pululam por todo o lado, e não resisti a trazer aqui de novo esse texto, não pensei em ninguém em particular, já calculo que vão pensar que isto foi a pensar no Passos em relação á "Duquesa de Merkel" mas garanto que não, o facto do nosso primeiro se mostrar tão subserviente em relação á "dama de ferro" não é por ser engraxador, lambe botas ou lambe cus, não, tudo isso é para nos salvar do abismo e por amor á Pátria.
AMEM

 
Acho que o termo CULAMBISMO caracteriza bem este desporto tão em moda...
Os lambe-cus

Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril.
Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele.
Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista.
O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios.
Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta.
À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia.
Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço».
Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores,os jornalistas engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da caixa, etc... Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para passar graxa. Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso.
Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada. O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas. Ninguém gostava de um engraxador.
Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos até ao cu.
O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu.
Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu.
Para fazer face à crescente popularidade do desporto, importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing.
Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.

(...) Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão mal tratados e sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional.
O culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar inglês."

Miguel Esteves Cardoso, in "Último Volume"

 

 








 

sábado, 20 de outubro de 2012

RECORDANDO E APRENDENDO

Hoje ao ler uma noticia no Jornal de "Cascais e Oeiras" em que falava nas antigas instalações da Italcable em Carcavelos, não pude deixar de recuar no tempo, e recordar os Amigos Italianos ele o responsável por essa Empresa, ela a esposa e dois Filhos, que se evaporaram já lá vão quarenta e dois anos sem deixar rasto.
Conhece-mo-nos no ano de 1968, através da minha namorada de então e hoje minha Esposa (que trabalhava com eles), moravam em Oeiras., a empresa estava sediada também em Oeiras, (as instalações da Empresa são hoje uma creche) casei no inicio do ano de 1969, e fomos morar para Paço de Arcos, onde fiquei a trabalhar tal como a minha Mulher, passámos a ver-nos esporádica-mente, as coisas não estavam fáceis e transporte próprio era uma miragem, entretanto vamos viver uns tempos para Lamego, e quando regresso nem sombra dos Italianos, sem morada deles, nem eles  a nossa, foi um até sempre, mas constantemente falávamos cá em casa desta Família, onde estaria, como estariam e porque se teriam ido embora assim dum momento para o outro, a resposta encontrei-a agora.


Quando no Domingo passado assistia em simultâneo na televisão e Internet, ao salto do espaço do Austríaco Félix Baumgartner, fiquei surpreendido ao observar que a imagem e som da Internet era melhor que o da Televisão, aliás na Televisão assisti a algumas paragens da imagem coisa que não aconteceu na Internet, apesar da baixa velocidade que tenho contratada, e desta ser emitida via linha telefónica normal da P.T., fiquei a pensar que alguma coisa estava errada, então tenho uma Internet de baixa velocidade, ao contrário, a televisão é via Satélite o que julgava ser a maneira mais rápida de comunicação o que estará mal aqui? como sou um bocado «vidrado» pelo Satélite á muitos anos,( aliás o pacote que subscrevo da Zon recebo-o por essa via),  estava convencido até aqui que tinha a comunicação mais rápida, afinal enganei-me.

Ao tentar aprofundar as razões desta discrepância, fui á Internet fazer uma pesquisa, e aqui deparei com outra situação que julgava estar já enterrada, e que nos dias de hoje já não fazia sentido com as novas tecnologias, isto é, o cabo submarino, julgava eu que com o advento do Satélite, todas as outras maneiras anteriores de comunicações tinham sido abandonadas, e para surpresa minha fui encontrar aquilo que eu julgava estar em desuso á muito, de facto as comunicações de imagem e voz para todo o Mundo via Cabo Submarino são numa percentagem de 90% através deste meio, e só cerca de 10% via Satélite, a única coisa que mudou desde 1870 data da primeira ligação por esta via entre Portugal e a Inglaterra foi a  qualidade dos cabos, enquanto nessa época o cobre era o material utilizado, hoje é a fibra óptica, tal como se usa já em muitas casas.
 
Descobri mais, a razão para os meus Amigos Migliaccio terem desaparecido sem deixar rasto, de facto encontrei o Diário do Governo, (era assim designado o Diário da Republica de hoje) que dá conta da rescisão do contrato entre o Estado Português e a Italcable Servizi Cablografici, Radiotelegrafici e Radioelettrici, que vigorava desde 17-1-1944, responsável pelos cabos; Oeiras a La Panne (Bélgica) Oeiras Málaga (Espanha)  e Horta (Açores) a pedido desta Empresa, motivo: O Governo Argentino determinou o encerramento das diversas concessionárias de comunicações a operarem nesse Pais, ficando  a Italcable impedida da utilização dos seus cabos em território metropolitano.
Ficou agora desvendado o mistério da saída da Família Migliacio do nosso Pais, com destino (suponho) a Fiumicino, Itália, terra onde tinham residência, ou quem sabe para outra parte do Mundo, pois a Empresa continuou a operar e só foi integrada na Telecom Itália em 1994.